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Tomar água com gás é tão saudável quanto a 'normal'?

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Imagem: iStock

Renata Turbiani

Colaboração para o UOL VivaBem

25/07/2019 04h00

Resumo da notícia

  • Água com gás pode sim ser consumida no lugar da comum, trazendo os mesmos benefícios de hidratação para o organismo
  • Elas podem apresentar diferenças, no entanto, na quantidade de minerais. Por outro lado ajuda na digestão de proteínas
  • O gás carbônico pode causar inchaço e desconforto em algumas pessoas e é preciso ter cuidado
  • Além disso é importante que crianças bebam água sem gás para se acostumarem

Todo mundo sabe que o consumo regular de água é fundamental para a saúde, afinal, as funções vitais do organismo dependem dela para serem realizadas adequadamente. Mas e a água com gás (carbonatada), será que tem os mesmos efeitos e benefícios?

Os especialistas consultados pelo UOL VivaBem garantem que sim. Isso porque, do ponto de vista nutricional, a composição da água gaseificada é igual a sem gás, o que significa que ela hidrata, ajuda a eliminar toxinas, auxilia na absorção de nutrientes e regula a temperatura corporal da mesma forma, entre outras ações importantes para a manutenção da saúde.

A única diferença entre elas é que a primeira é acrescida de gás carbônico (CO2), o responsável pelas bolhas. Além disso, conforme a fonte e o fabricante, pode haver uma pequena variação nas quantidades dos minerais presentes no líquido, em especial o sódio. No entanto, não são quantidades que chegam a ser superiores a alguns tipos de água mineral.

Características da água com gás

Água - Getty Images - Getty Images
Imagem: Getty Images
Opção de muita gente hoje em dia, por conta do "sabor", da refrescância e por ser uma alternativa mais saudável ao refrigerante e outras bebidas cheias de açúcar, a água com gás tem alguns pontos positivos. O primeiro é que, por ser um pouco mais ácida, pode colaborar na digestão de proteínas, já que a acidez ativa as proteases (enzimas que digerem proteínas no estômago).

Ela ainda ajuda a limpar o paladar. Reparou que as cafeterias servem um copinho de água com gás junto com o café? Isso não é feito à toa, mas sim porque ela deixa as papilas gustativas mais sensíveis ao sabor dos alimentos que serão consumidos em seguida.

Uma questão, no entanto, é que em determinado grupo, a dilatação estomacal provocada pelo CO2 pode causar inchaço e desconforto, tipo empachamento. Mas isso é algo temporário. Assim que o gás se dissolve, passa. Sem contar que é comum ele fazer a pessoa eructar (arrotar), aliviando ainda mais rapidamente o quadro.

De toda forma, quem se sente muito mal após a ingestão ou tem problemas gastrointestinais, como gastrite, refluxo e síndrome do intestino irritável, deve evitar esse tipo de produto.

Outra turma que precisa ter cuidado com a água cheia de bolhas são as crianças. Neste caso, apenas por questão de hábito, pois é importante que elas se acostumem com a água comum, e não somente com essa opção.

No passado, o líquido gasoso carregava o estigma de enfraquecer os ossos, danificar o esmalte dos dentes e diminuir a absorção de nutrientes. Mas saiba que nada disso tem comprovação científica.

Um ponto que talvez ainda faça algumas pessoas, na maioria mulheres, torcerem o nariz é achar que o CO2 origine --ou piore -- a celulite. Engano, pois não é o gás o responsável pelo surgimento dos temidos furinhos na pele, e sim o açúcar e o sódio, substâncias que normalmente acompanham outros tipos de produtos gaseificados.

Tipos de água com gás

Existem duas formas de gaseificação da água: natural e artificial. A primeira se dá quando o líquido já sai da terra com gás, por conta de um fenômeno proveniente do aquecimento subterrâneo, em fontes que se encontram próximas de vulcões, em locais que tiveram registro de atividade vulcânica e onde a camada de magma (massa de origem mineral) fica mais próxima da superfície terrestre.

No caso da artificial, a água comum retirada da fonte tem todo o gás oxigênio eliminado, e, depois de ser resfriada, recebe o gás carbônico, em um processo parecido com o realizado na produção dos refrigerantes.

Na natural, a gaseificação é mais leve, enquanto na artificial, é mais intensa. Mas as duas são saudáveis igualmente, garantem os especialistas. Na hora da compra, se a opção for pelas saborizadas, opte pelas sem açúcar. Mas o melhor mesmo é dar criar o sabor em casa, acrescentando à água com gás, por exemplo, limão, laranja, hortelã ou gengibre.

Fontes: Alexander Luiz Gomes de Azevedo, médico nutrólogo, pesquisador, doutor em Ciências Biomédicas e presidente do IAA (Instituto de Assistência das Américas); Ana Paula Gonçalves, nutricionista do Grupo São Cristóvão; Cintia Rios Camilo, cirurgiã plástica e especialista em medicina funcional da clínica CER; Clarissa Fujiwara, nutricionista do Departamento de Nutrição da Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica) e Ricardo Barbuti, médico-assistente do Departamento de Gastroenterologia do HC-FMUSP (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo)

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do que foi informado, o gás carbônico da água com gás não se liquefaz no estômago e sim se dissolve. A informação já foi corrigida.
Diferentemente do informado no texto, o consumidor não precisa verificar o pH da água na hora da compra até porque essa informação não está disponível no rótulo dos alimentos. A informação foi retirada do texto
Diferentemente do que foi informado, no processo de gaseificação a água comum não tem todo o seu oxigênio eliminado. Apenas o gás oxigênio é retirado e depois a aguá recebe gás carbônico. A informação já foi corrigida.
Diferentemente do que havia sido informado na errata acima, a água normal não passa por um processo de gaseificação. O procedimento ocorre com a água com gás. O texto da errada foi atualizado.