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Todo mundo deveria tomar leite desnatado? Na maioria dos casos, não

Leite integral é recomendado para a maior parte das pessoas, dizem especialistas - iStock
Leite integral é recomendado para a maior parte das pessoas, dizem especialistas Imagem: iStock

Chloé Pinheiro

Colaboração para o UOL VivaBem

24/07/2019 04h00Atualizada em 24/07/2019 17h25

Resumo da notícia

  • O leite integral é o mais indicado para a população em geral, pois preserva mais vitaminas
  • Quem tem colesterol alto ou outros problemas metabólicos, entretanto, deve apostar na versão desnatada ou semidesnatada
  • Por ser a fonte mais acessível de cálcio, é importante não deixar de consumir a bebida independentemente do tipo

O leite é visto como vilão por muita gente. Quando é a versão integral, então, parece que é o pior dos alimentos. Mas para quem entende, na maioria das vezes, ele é o mais indicado.

"Se a pessoa não tem problemas cardiovasculares, colesterol alto e tem uma dieta equilibrada, pode tomar o leite integral, que não é um vilão", comenta Durval Ribas Filho, médico presidente da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran).

Isso porque as diferenças entre eles não estão apenas na quantidade de gorduras, mas também no teor de nutrientes importantes para a saúde. As vitaminas A, K e D, presentes no leite, são lipossolúveis e, por isso, vão embora quando a gordura é retirada da bebida.
"Algumas marcas fazem a reposição, mas nem todas, e é difícil obter essas substâncias por outras fontes alimentares, em especial a vitamina D", destaca Nágila Raquel Teixeira Damasceno, diretora do Departamento de Nutrição da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp).

Fora que a gordura saturada do leite, embora deva ser ingerida com moderação, desempenha um papel no organismo. Ela não é de um tipo que só eleva o colesterol LDL, considerado ruim, mas também colabora para aumentar o HDL, com efeitos positivos no organismo. Para que essa ação seja benéfica mesmo, é preciso considerar a soma de lipídios na comida durante todo o dia.

Afinal, o que muda em cada tipo?

Legalmente, a diferença está no teor de gordura em cada um. O integral contém em torno de 3% de gordura em sua composição, o desnatado leva menos de 0,5%. Já o semidesnatado é o meio termo: possui entre 0,6 e 2,9% de lipídios.

A retirada do nutriente altera o sabor do leite. Tanto que muita gente não gosta do desnatado pois ele é menos consistente e saboroso --por outro lado, quem não é muito fã do gosto de leite costuma preferir a versão com menos gordura.

O fabricante não é obrigado a devolver ao leite desnatado as vitaminas retiradas durante a produção, mas diversas marcas já fazem isso. Vale ficar atento ao rótulo na hora de comprar.

Quem deve tomar o leite desnatado?

Pessoas que já tem problemas como colesterol alto de difícil controle, hipertensão, obesidade, síndrome metabólica e dislipidemia --elevação do nível de gorduras no sangue. Para eles, as gorduras saturadas em excesso podem aumentar o risco de problemas cardiovasculares.

Mas, se o objetivo for emagrecer e a pessoa tiver um sobrepeso leve, vale olhar para outras fontes do nutriente da dieta antes de retirar o leite integral. O problema é a quantidade, então se o cardápio já for cheio de carnes vermelhas, embutidos e industrializados, esses exageros devem ser considerados primeiro, junto com outras bombas calóricas.

"Por exemplo, vamos reduzir o açúcar do suco de caixinha e do cafezinho ao invés de sugerir a retirada do leite integral, que é um alimento completo e saudável", destaca Damasceno. Vale procurar no mercado os rótulos que apontam menos gordura saturada - o consumo não deve ultrapassar 10% das calorias diárias e 7% para quem tem risco de panes cardíacas.

Neste sentido, o semidesnatado é um meio termo interessante, pois preserva parte da textura do leite e tem um teor mais baixo de gorduras e calorias. "Quem tem tendência a ganhar peso pode apostar nele, assim como pessoas que não conseguem se acostumar com o desnatado e precisam tomá-lo", ensina Clarissa Fujiwara, nutricionista da Associação para Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso).

E no caso do iogurte?

Aqui a história é um pouco diferente. Apesar de ser rico em proteínas, o iorgute também tem carboidratos e é facilmente digerido pelo organismo, liberando energia rápido na corrente sanguínea - o excesso será armazenado como gordura. Portanto, se estiver precisando controlar o peso, fique com o desnatado mesmo.

Só não vale deixar de tomar leite

Todos os especialistas ouvidos pela reportagem destacaram que evitar o consumo de laticínios é errado e pode colocar a saúde em risco. Apesar de existirem outras fontes de cálcio na alimentação, o leite não só é mais barato como o mineral dele é melhor absorvido pelo organismo, graças à lactose e a vitamina D presentes na bebida.

O cálcio é fundamental para manter a saúde dos ossos, especialmente depois dos 30 anos, quando nosso esqueleto começa a perder suas reservas do nutriente. "Fora o teor de vitaminas e proteínas de alto valor biológico, que são as mais completas", ensina Fujiwara. A recomendação é consumir até 3 porções de lácteos por dia.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferente do que foi informado, o iogurte não tem tem cinco vezes mais carboidratos do que o leite. A informação já foi corrigida.