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Sabrina tem desejo de laranja com sal. Por que grávida pede coisas ácidas?

Sabrina Sato está grávida e teve seu primeiro desejo inusitado: laranja com sal - Fernando Azevedo/Divulgação
Sabrina Sato está grávida e teve seu primeiro desejo inusitado: laranja com sal Imagem: Fernando Azevedo/Divulgação

Maria Júlia Marques

Do VivaBem, em São Paulo

05/05/2018 07h10

Todo mundo já ouviu uma história de quando uma mulher durante a gravidez ficou com desejo de comer algo maluco ou que acordou de madrugada e não parou quieta até conseguir degustar um quitute específico.

Sabrina Sato, por exemplo, já entrou no time de futuras mamães que desejam comida praticamente do nada. Em um vídeo no Instagram, o pai do bebê, Duda Nagle, contou que a apresentadora ficou com vontade de comer laranja com pitadas de sal à 1h da manhã.

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“Não é frescura nem invenção, temos explicações fisiológicas e emocionais para explicar essa vontade de comer. Quando a mulher engravida ela dá início a um turbilhão de mudanças no corpo e o desejo entra como uma das reações”, diz Silvia Herrera, ginecologista e coordenadora de Medicina Fetal do Salomão Zoppi Diagnósticos.

O que acontece no corpo?

Não é segredo que, ao engravidar, os hormônios da mulher vão à loucura. O organismo começa a se preparar para adaptar o corpo e nutrir o bebê. Com essas alterações, o ovário deixa de produzir os hormônios --como progesterona e estrógeno-- e quem assume essa função é a placenta.

“Isso não é ruim, é natural, mas ocorre uma superprodução hormonal: a progesterona sobe, o estrógeno aumenta cerca de 30 vezes e aparecem novos hormônios, como o hcg, que causa o enjoo”, explica Herrera. Assim, é comum ter sensações diferentes, o intestino ficar mais lento, a sensibilidade com cheiros aumentar e suas preferências alimentares alterarem.

Além da relação com a comida estar mudando, é possível que os desejos pintem para tentar amenizar o mal-estar da gestação. “Grávidas têm muita náusea, é fato. Inconscientemente, acabam tendo vontade de alimentos que facilitam a digestão, aliviam o enjoo e neutralizam o mal-estar. Escolhas comuns são alimentos ácidos, como limão e abacaxi, gelados, como sorvete, ou secos, como castanhas”, conta Wagner Hernandez, ginecologista mestre em obstetrícia pela USP.

Mas não há regra sobre quais serão os desejos, depende muito de como o organismo de cada gestante reage. Pode ser, inclusive, que nada disso aconteça.

Tem o grupo daquelas que não sentem vontade alguma, o das que enjoam muito até o terceiro mês e querem frutas ácidas, e ainda o time de mulheres que têm muita fome no fim da gravidez, quando o bebê está absorvendo muito carboidrato --o que pode causar vontade de saborear um docinho. 

Os sentimentos interferem?

“O emocional tem um grande peso nessa questão. O desejo alimentar também pode estar diretamente associado a questões emocionais, uma vez que os hormônios também mexem e influenciam as emoções,” afirma Naira Senna, ginecologista e obstetra do hospital e maternidade São Luiz.

Pense assim: se a TPM (Tensão Pré-Menstrual) já mexe com os sentimentos, imagine a inundação hormonal da gravidez. Com ela, a mulher pode ficar com a sensibilidade exacerbada e buscar mais mimos, tentar se sentir mais acolhida e protegida.

Também depende muito da relação afetiva que a mulher tinha previamente com a comida. “Mas não é frescura, é um momento delicado hormonal e sentimentalmente falando que reflete no comportamento da mulher”, comenta Herrera.

Bateu o desejo, preciso comer?

Está com uma vontade muito grande? Pode comer, mas não precisa se desesperar. O importante é a grávida respeitar se tiver alguma proibição médica, caso contrário tudo bem sanar desejos.

O bacana é não exagerar nas porções, lembrar de comer ao menos cinco vezes ao dia e se hidratar bem. Para ter noção sobre a dieta, tenha em mente que, durante a gestação, é comum engordar cerca de um quilo por mês.

É importante se preocupar se a gestante apresentar vontades incomuns de mastigar opções não comestíveis, como terra, talco, tijolo, giz, etc. Esse comportamento pode configurar uma síndrome chamada picamalácia em que, segundo os médicos, pode estar relacionada com a deficiência severa de nutrientes e que precisa de tratamento médico.