Vipassana: como é a meditação em que as pessoas ficam dez dias sem falar
![Rodrigo Rocha Ribeiro de Souza, 51, fez o retiro pela primeira vez em 1999. Hoje consegue meditar duas horas por dia - Arquivo Pessoal](https://conteudo.imguol.com.br/c/entretenimento/79/2018/01/17/o-empresario-rodrigo-rocha-ribeiro-de-souza-51-fez-o-retiro-de-meditacao-vipassana-pela-primeira-vez-em-1999-com-a-pratica-ele-aprendeu-a-lidar-melhor-com-os-problemas-do-dia-a-dia-1516198926102_v2_900x506.jpg)
Imagine meditar por dez dias seguidos, 12 horas por dia, sem poder conversar com ninguém, folhear páginas de um livro, ver televisão ou até mesmo mexer no celular. Essa é a proposta da Vipassana, um dos estilos de meditação mais antigos da Índia e que deu origem a outras técnicas populares no Ocidente, como o mindfulness.
O empresário Rodrigo Rocha Ribeiro de Souza, 51, fez a imersão pela primeira vez em 1999 --desde então, ele já esteve em mais de 20 cursos e conta que, com Vipassana, aprendeu a lidar melhor com as situações. “Hoje consigo viver no presente e não me preocupo tanto com o futuro." A prática vai além dos encontros e já parte do dia a dia do empresário, que medita pelo menos duas horas por dia e também organiza retiros em Curitiba, onde mora.
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Como funciona a imersão?
Os retiros têm um cronograma rígido. Normalmente, são quase 12 horas de meditação por dia, intercaladas por intervalos para descanso e alimentação (vegetariana). Nas vivências, o participante deve se levantar às 4h e ir para a cama às 21h30.
Nos primeiros três dias, as pessoas praticam Anapana, que consiste em focalizar na respiração, o que acalma a mente e a deixa mais concentrada. A partir do quarto dia, inicia a técnica Vipassana, baseada na atenção às sensações do corpo, do topo da cabeça até os dedinhos do pé.
Ao iniciar a prática, a pessoa também se compromete a seguir um código de disciplina (não matar, roubar, fazer sexo, mentir ou ingerir drogas). Antes do início do curso, os pretendentes devem responder a um questionário. Pessoas fisicamente debilitadas para cumprir o cronograma ou que sofram de problemas mentais e transtornos emocionais não podem participar.
Se libertando dos padrões mentais
Inúmeras pesquisas apontam os benefícios da meditação para a saúde, a exemplo da redução do nível do estresse, combate à depressão, melhora do sistema cardiovascular e redução da insônia. Para a professora de Vipassana Macarena Infante Reñasco, mais do que qualquer coisa, a principal contribuição da prática milenar é o treinamento do cérebro.
"Se algo muito bom ou ruim acontece, geralmente reagimos sem pensar. Com isso, criamos um hábito e a mente faz você agir da mesma forma quando acontece novamente. Com Vipassana, você muda esse processo que causa sofrimento e cria um novo padrão, além de ter maior controle mental", conta.
Para o professor de psicologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Carlos Augusto Serbena, esse processo de observação das reações promove o desenvolvimento de uma consciência maior. “A medida que a pessoa percebe os padrões mentais, passa a conhecer melhor a si mesma e a identificar que é muito mais do que sentimentos e emoções”, diz.
Na neurociência, essa mudança de padrões chama neuroplasticidade. De acordo com Richard Davidson, neurocientista e fundador do Center for Investigating Healthy Minds (Centro para Investigação de Mentes Saudáveis, em tradução para o português), a prática acelera esse processo. "Nossos cérebros são constantemente mudados pelas forças ao nosso redor, mas nossas pesquisas sugerem que os meditadores conseguem fazer isso por conta própria", disse à revista Newsweek.
A meditação Vipassana, de acordo com pesquisadores do tema, existe há mais de 2.500 anos. Atualmente, o retiro de dez dias pode ser feito em cerca de 200 centros espalhados pelo mundo, inclusive no Brasil.
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