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A razão pela qual a temperatura do corpo humano diminuiu nos últimos 200 anos

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Imagem: iStock

22/01/2020 14h52

Pesquisa mostra que a nossa temperatura vem caindo a cada decáda desde o século 19.

Enquanto o planeta esquenta, o corpo humano esfria. É o que sugere um novo estudo da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos.

Os autores da pesquisa afirmam que, nos últimos 200 anos, a temperatura do corpo humano vem diminuindo de maneira "substancial e contínua".

"Nossa temperatura não é a que as pessoas imaginam", diz Julie Parsonnet, professora de medicina da universidade e coautora do estudo.

Esta nova pesquisa afirma que desde 1800 a temperatura corporal vem diminuindo de maneira constante a cada década.

De acordo com os pesquisadores, os homens nascidos nos anos 2000 têm uma temperatura 0,59° C mais baixa do que os nascidos no século 19.

Já as mulheres que nasceram no fim do século 20 e no início do século 21 têm uma temperatura corporal 0,32° C menor que as que nasceram nos anos 1800.

Menos quente

A ideia de que a temperatura padrão do corpo humano seria de 37° C foi difundida pela primeira vez em 1851 pelo médico alemão Carl Reinhold August Wunderlich.

Estudos mais recentes, no entanto, já haviam questionado esse conceito.

Um deles, por exemplo, analisou a temperatura corporal de 25 mil britânicos - e descobriu que a média era de 36,6 °C.

Na nova pesquisa, Parsonnet e sua equipe analisaram os registros de temperatura de mais de 677 mil pessoas nascidas entre 1800 e o final dos anos 1990 nos Estados Unidos.

A análise mostrou que, a cada década nesse período, a temperatura do corpo humano caiu 0,03° C.

Isso significa que, em média, a temperatura corporal é hoje 1,6% menor que na era pré-industrial.

Qual o motivo?

Os pesquisadores afirmam que a queda da temperatura está relacionada à redução do que eles chamam de "taxa metabólica" - em outras palavras, a quantidade de energia que o corpo humano usa para funcionar.

Mas por que ocorreu a redução?

Os autores acreditam que o motivo está na diminuição, de uma maneira geral, das inflamações no organismo.

"Uma inflamação produz proteínas que aceleram o metabolismo e aumentam a temperatura", explica Parsonnet.

E, de acordo com os pesquisadores, a menor incidência de inflamações pode estar relacionada ao fato de que, nos últimos 200 anos, os tratamentos médicos e os hábitos de higiene melhoraram significativamente.

Os cientistas também indicam que viver em ambientes menos variáveis - pode ter diminuído a taxa metabólica.

No século 19, por exemplo, não havia bons sistemas de calefação ou ar-condicionado. Hoje, como vivemos em ambientes mais estáveis, o corpo precisa gastar menos energia para manter sua temperatura constante.

"Somos simplesmente diferentes do que éramos no passado", diz Parsonnet.

O estudo tem a limitação de que levou em conta apenas pessoas de um país desenvolvido - no caso, os Estados Unidos.

Os autores argumentam, no entanto, que a descoberta permite entender melhor as mudanças na saúde e na longevidade dos seres humanos nos últimos 200 anos.