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Vitamina D3: para que serve, onde encontrar e como saber se há deficiência

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Imagem: iStock

Leonardo Costas

Colaboração para o VivaBem

29/03/2022 04h00Atualizada em 31/03/2022 12h38

Quando se fala de vitamina D, a associação com o sol é imediata —e está correta. O que poucos sabem é que a vitamina D é um complexo de cinco formas (D1, D2, D3, D4 e D5), sendo a D3 uma das fontes mais importantes para funcionamento adequado do corpo.

Cerca de 80 a 90% da vitamina D3 que circula no organismo é produzida na exposição direta ao sol. A sua formação é desencadeada quando a pele absorve os raios ultravioletas do tipo B (UVB). O restante é proveniente de alimentos e suplementos, este último, claro, recomendado por um profissional de saúde.

A seguir saiba mais sobre a substância, como tomar e seus principais benefícios.

Para que serve a vitamina D3?

Ela tem várias funções relevantes, em especial, a capacidade de aumentar a absorção de cálcio pelo intestino, com interferência direta no metabolismo e saúde óssea de maneira geral. Sem ela, só 10 a 15% do cálcio ingerido é absorvido. A substância também é muito importante para o funcionamento adequado do sistema imunológico e da função muscular.

Atua ainda no pâncreas (órgão responsável pela produção de insulina), reduzindo o risco de diabetes; contribui no combate de doenças autoimunes; participa do controle de morte celular, auxiliando na prevenção a alguns tipos de câncer, como de mama e próstata; ajuda na diminuição e redução e controle da pressão arterial, melhorando a parte cardiovascular.

Como deve ser feita a exposição ao sol para adquirir a vitamina D3?

Os raios UVB iniciam as reações enzimáticas na pele que transformam formas de "pré-vitamina D3" em vitamina D3 ativa. O ideal é tomar sol diariamente por, pelo menos, 15 a 20 minutos sem filtro solar. Entretanto, várias questões precisam ser levadas em consideração como tonalidade da pele, estação do ano, horário da exposição, fatores que devem ser definidos conforme orientação de um especialista.

Obviamente, no horário de maior incidência de raios UVB —entre 10h e 16h— o estímulo para produção de vitamina D é maior. No entanto, dermatologistas não recomendam tomar sol nesse horário por causa do aumento no risco de câncer de pele. E, mesmo nos horário de menor concentração de raios UVB (antes das 10h e após as 16h) é possível estimular a produção da vitamina.

Braços e pernas devem estar expostos, pois a quantidade da substância que será obtida é proporcional à quantidade de pele descoberta. Vale ressaltar que a superexposição solar não leva a níveis elevados ou tóxicos de vitamina D3, mas deve ser realizada de forma ponderada por causa dos riscos de doenças como o câncer de pele.

Alimentos que contêm vitamina D3

Entre as fontes alimentares da vitamina D3 estão:

  • Salmão;
  • Sardinha;
  • Atum;
  • Óleo de fígado de bacalhau;
  • Gema de ovo;
  • Cogumelos (frescos e secos);
  • Frutos do mar;
  • Leite e derivados.

Como medir a quantidade existente no corpo?

Através de um exame de sangue chamado hidroxivitamina D ou 25(OH)D. A SBEM (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia) sugere valores acima de 20 ng/ml (nanogramas por mililitro) para adultos saudáveis de até 60 anos e recomenda valores entre 30 ng/ml e 60 ng/ml para pessoas dos grupos de risco, como idosos, gestantes e lactantes, pessoas com raquitismo/osteomalácia ou osteoporose, hiperparatiroidismo, doenças infamatórias, autoimunes, renal crônica e síndromes de má absorção (clínicas ou pós-cirúrgicas).

A entidade alerta ainda que valores acima de 100 ng/ml —atingidos com suplementação— aumentam risco de toxicidade e hipercalcemia, podendo gerar náuseas, vômitos, fraqueza, perda significativa de apetite, desidratação e quadro agudo insuficiência renal.

Quais os sintomas da deficiência de vitamina D3?

Existem alguns sinais físicos que podem apontar deficiência da substância, como depressão, osteoporose, doenças no coração, diabetes, perda de força muscular, doenças autoimunes, gripes e resfriados frequentes, entre outras.

Quando houver suspeita, o indicado é procurar um médico, para que ele peça um exame para detectar a quantidade no corpo e avalie se é necessária uma suplementação.

Quando deve ser feita a suplementação?

Deve ocorrer de acordo com um profissional de saúde, que vai se basear nos níveis sanguíneos do paciente, seus hábitos de vida e a existência ou não de fatores de risco. Entre esses fatores, os principais são: idade avançada, obesidade, portadores de doenças crônicas, gestantes, pacientes submetidos à cirurgia bariátrica e uso crônico de corticoides.

Um dos principais fatores de risco que atinge boa parte da população é a baixa exposição solar. Nas crianças, por exemplo, a SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria) recomenda a suplementação de vitamina D para todas, até os dois anos de idade e, para maiores, quando houver fator de risco como os já mencionados.

Qual a recomendação para manter o equilíbrio de consumo de vitamina D3?

Para ter as quantidades ideais da substância, é importante manter uma alimentação saudável e balanceada, tendo exposição solar em horários adequados para estimular sua síntese. Além disso, a priorização dos alimentos citados pode beneficiar o nível dessa vitamina.

Qual deve ser o consumo diário?

A suplementação pode ser feita diariamente, semanalmente ou até mesmo mensalmente, de acordo com a orientação do especialista. Depende muito da escolha do médico com o paciente e qual a posologia mais confortável para cada caso. Em situações de nível baixo de vitamina D, o médico pode optar por um tratamento de ataque (com doses maiores) ou a prescrição de doses de manutenção.

Fontes:

Durval Ribas Filho, doutor em medicina, médico nutrólogo e endocrinologista pelo CFM (Conselho Federal de Medicina), presidente da Abran (Associação Brasileira de Nutrologia); Gustavo Daher, coordenador médico da Saúde Populacional e médico endocrinologista do Hospital Israelita Albert Einstein; Josiane Paz, especialista em nutrição clínica e oncológica da Clínica Amo - HBA (Hospital da Bahia); Maria de Lourdes Teixeira da Silva, nutróloga da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Ao contrário do que dizia o texto inicial, o corpo não sintetiza os raios ultravioletas, quem faz isso é o sol. A informação foi corrigida.