Suplementar ácido fólico na gestação é realmente necessário? Quanto tomar?
Ácido fólico é uma vitamina do complexo B, também conhecida como folato ou metilfolato. É um elemento essencial para todas as pessoas, pois participa do processo de multiplicação celular, mas não é produzido pelo corpo e precisa ser adquirido nos alimentos ou suplementado.
Na gestação, o ácido fólico tem um papel extremamente importante, pois previne malformações fetais e pode reduzir em até 93% a incidência de defeitos do tubo neural, que mais tarde torna-se a medula espinhal, o cérebro e as estruturas protetoras vizinhas. Por isso, o suplemento precisa, necessariamente, ser usado por toda mulher grávida ou que está tentando engravidar.
O fechamento completo do tubo neural ocorre na quarta semana de gravidez e é por isso que a suplementação com ácido fólico é necessária, pelo menos, até os três primeiros meses de gravidez. A escassez de folato pode comprometer esse fechamento, causando defeitos como anencefalia e espinha bífida, associadas a sequelas neurológicas importantes e alta morbidade.
Folato é a mesma coisa que ácido fólico?
O folato é a forma ativa da vitamina B9, presente em alimentos naturais, e o ácido fólico é a forma sintética, presente em polivitamínicos (como suplemento exclusivo) e também adicionado como fortificante em alguns alimentos, como farinhas, massas, pães e cereais.
No organismo, o ácido fólico e o folato passam por processos enzimáticos que formam a 5-MTHFR (5 metiltetrahidrofolato). Essa substância é fundamental para a formação do DNA e RNA das células do nosso corpo.
Quanto tomar de ácido fólico
A dieta habitual, com alimentos ricos em folato (mostramos os principais no fim do texto), fornece em torno de 0,25 mg da vitamina ao dia. Para a prevenção dos defeitos do tubo neural, é necessária a suplementação na dose de 0,4 a 0,8 mg ao dia.
De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), a suplementação deve começar até mesmo de dois a três meses antes de engravidar (para todas as mulheres que planejam ter filhos e também as que correm risco de engravidar —por não utilizarem quaisquer métodos contraceptivos e terem vida sexual ativa, por exemplo—, devido ao grande número de gestações não planejadas). Porém, especialistas alertam que essa decisão deve ser tomada em conjunto com médico e paciente.
Algumas situações como desnutrição ou utilização de medicamentos anticonvulsivantes (que reduzem a quantidade de ácido fólico) requerem a necessidade de suplementação em doses que podem chegar a 4 mg ao dia. Por isso, é necessário que haja o acompanhamento médico.
O que acontece se não tomar o ácido fólico
A falta de folato nas quatro primeiras semanas de gravidez compromete o fechamento do tubo neural, ocasionando consequências seríssimas ao bebê, como:
- Espinha bífida
- Paralisias
- Lesão de nervos
- Anencefalia
Nas gestantes, o ácido fólico atua diretamente no metabolismo e sua falta pode acentuar quadros de anemia e formação de tecidos novos entre 18 e 20 semanas. Por isso, o suplemento é fundamental no primeiro trimestre da gestação.
Alimentos ricos em folato
O folato está presente em verduras, legumes e frutas. Seu consumo é importante para qualquer pessoa e deve reforçado durante a gravidez. A seguir, veja alguns alimentos que são fontes dessa vitamina:
- Couve-flor
- Brócolis
- Beterraba
- Mamão-papaia
- Laranja
- Folhas verde-escuras (couve, rúcula, espinafre)
- Quiabo
- Cogumelos
- Abacate
- Aspargos
- Castanhas
- Gema de ovo
- Fígado
- Lentilha
- Edamame
- Espinafre
- Manga
- Alface
É importante lembrar que, apesar de a lista de alimentos ser extensa, ainda assim, a mulher precisa da suplementação com ácido fólico no primeiro trimestre da gestação.
Fontes: Carla Chiaramelli, ginecologista do Hospital Nove de Julho; Rogério Felizi, ginecologista da unidade Vergueiro do Hospital Alemão Oswaldo Cruz; Carolina Resende, ginecologista do Hospital Moriah; Victor Bunduki, médico obstetra especialista em medicina fetal e membro do núcleo de ginecologia do Hospital Sírio-Libanês e professor da FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo); Elias Melo, obstetra do Hospital das Clínicas da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco).
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