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Selênio: veja quais alimentos são ricos neste elemento e para que serve

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Imagem: iStock

Daniel Navas

Colaboração para VivaBem

29/04/2022 04h00

Encontrado principalmente em carnes, frutos do mar e em grandes quantidades na castanha-do-pará, o selênio é um mineral que pode ter sua concentração diferente de um local para o outro, ainda que seja o mesmo alimento.

Isto porque este elemento precisa ser absorvido do solo por plantas e animais herbívoros, e assim, passar por toda a cadeia até chegar a nossa dieta. E a quantidade de selênio de uma terra com certeza não será igual à outra. Por este motivo, fica até difícil de identificar o nível deste mineral nos alimentos.

Para entender melhor, VivaBem pediu a ajuda de especialistas para responder as principais perguntas sobre este elemento tão importante para o nosso sistema imunológico. Então, confira a seguir para que serve o selênio, quais alimentos são ricos no nutriente e outros questionamentos.

Selênio: o que é e para que serve

O que é o selênio?

É um elemento químico que faz parte dos micronutrientes que são essenciais para o organismo (minerais), encontrado nos solos e absorvido pelas plantas. A descoberta da importância deste elemento aconteceu em 1957, quando estudos identificaram o quão essencial o mineral é para mamíferos. Tanto que, naquela época, o selênio passou a ser utilizado inicialmente como substituto da vitamina E em dietas para animais.

Então, somente em 1973 se verificou que esse elemento fazia parte de uma enzima essencial, a glutationa peroxidase (GPX), importante para o sistema antioxidante. Em 1979, se reconheceu sua importância para a nutrição humana, por meio da descoberta da doença de Keshan, na China, que ocorria pela deficiência de selênio.

Para que serve o selênio?

O mineral funciona como um importante antioxidante, ajudando a combater os radicais livres, e por consequência, a prevenir doenças como cânceres, distúrbios cardiovasculares, até mesmo Alzheimer, Parkinson e esclerose múltipla, além de fortalecer o sistema imunológico.

O selênio é importante ainda para preservar a integridade das articulações e ossos, no funcionamento preciso do sistema reprodutivo, da tireoide (ao equilibrar os níveis de hormônio da glândula no corpo) e do cérebro, pois ajuda a proteger contra doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer já mencionado.

O elemento também contribui no combate ao desenvolvimento de duas enfermidades: doença de Keshan e doença de Kashin-Beck. A primeira é uma infecção viral que afeta principalmente crianças e mulheres jovens e causa danos às paredes do coração, dando origem à miocardiopatia, doença do músculo cardíaco que dificulta o bombeamento de sangue para outras partes do corpo.

Já a doença de Kashin-Beck, que afeta crianças em fase de crescimento, é caracterizada como um problema incapacitante e de progressão lenta das articulações e dos ossos.

Quais são os alimentos ricos em selênio?

Carnes e frutos do mar são ótimas fontes do mineral, assim como a castanha-do-pará. Vale ressaltar que nós, seres humanos, ingerimos o selênio por meio de alimentos vegetais e animais. A concentração deste mineral nos nutrimentos depende da presença de formas disponíveis de selênio nos solos e sua absorção e acúmulo por plantas e animais herbívoros. Por esse motivo, o conteúdo do elemento, presente em vários alimentos, pode variar de um local para outro de cultivo.

Ainda assim, algumas comidas já foram identificadas com a quantidade de selênio, como estas listadas abaixo:

  • Castanha-do-pará: até 400 mcg por unidade
  • Sardinha enlatada: 80,9 mcg em cada 100 g
  • Farinha de trigo integral: 13,6 mcg em cada 100 g
  • Feijão preto: 11,9 mcg em cada 100 g
  • Atum sólido em lata: 52,5 mcg em cada 100g
  • Gema de ovo: 34 mcg em cada 100g

Qual a quantidade ideal de consumo de selênio por dia?

  • Bebês de 0 a 6 meses: 15 mcg/dia
  • 7 a 12 meses: 20 mcg/dia
  • Crianças de 1 a 3 anos: 20 mcg/dia
  • 4 a 8 anos: 30 mcg/dia
  • 9 a 13 anos: 40 mcg/dia
  • 14 anos até terceira idade: 55 mcg/dia
  • Gestantes e lactantes: 60 e 70 mcg/dia

Quais são os sinais de falta de selênio no organismo?

Perda de memória, desânimo e baixa imunidade. Por outro lado, a deficiência de selênio é considerada rara e pode ocorrer em decorrência de alguns fatores. Entre eles estão: baixa quantidade do mineral no solo cultivado, hábitos alimentares inadequados, como em dietas restritivas, pouca ingestão de proteína e elevado consumo de alimentos processados e ultraprocessados, alguma causa fisiológica associadas à má absorção da substância, diarreia prolongada e aumento da excreção urinária, entre outros fatores.

A longo prazo, o que a falta de selênio pode causar no organismo?

A deficiência do mineral poderá predispor o desenvolvimento de algumas patologias, como doença de Keshan, doença de Kashin-Beck, hipotireoidismo e o desenvolvimento de outras enfermidades por conta da redução no fortalecimento do sistema imunológico.

Quais são os sinais de excesso de selênio no organismo?

Perda e fragilidade do cabelo e unhas, náuseas, diarreia, fadiga, irritabilidade, tremores, tontura, dores de cabeça, problemas respiratórios, gosto amargo na boca e dermatite.

A longo prazo, o que o excesso de selênio pode causar no organismo?

Depressão, hemorragia hepática, erupções cutâneas, dentes manchados, rigidez muscular, infarto do miocárdio, insuficiência renal, insuficiência cardíaca e, em casos raros, morte.

Para que serve o exame de selênio?

Para estimar qual a quantidade do mineral no organismo, e assim, direcionar condutas clínicas e dietéticas em caso de deficiência ou excesso nutricional. O teste é feito pelo sangue e urina, utilizando o método chamado de espectrofotometria de absorção atômica. A faixa referencial de selênio sanguíneo é de 46 a 143 mcg/l.

Em que situações é indicada a suplementação de selênio?

Um estudo brasileiro, publicado no Brazilian Journal of Natural Sciences, fez uma revisão da literatura dos últimos 10 anos e apontou que o mineral pode ajudar no tratamento da tireoidite de Hashimoto. A única ressalva é que esta indicação deve ser individualizada, levando em consideração a rotina alimentar do paciente.

Já outra pesquisa, publicada no The Journal of Urology, afimou que a suplementação com selênio leva à melhora da qualidade do sêmen, o que pode contribuir na fertilidade masculina.

Mas é importante ressaltar que o consumo destes suplementos deve ser prescrito por um médico a fim de evitar o uso exagerado deste produto, o que pode levar à toxicidade.

Fontes e referências

Fontes: Ana Lina de Carvalho, nutricionista clínica do HU-UFPI (Hospital Universitário da Universidade Federal do Piauí), que faz parte da Rede Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares); Isabela Zago, nutricionista da Clínica Corporeum, de Brasília e Silvia M. Franciscato Cozzolino, nutricionista e professora do Departamento de Alimentos e Nutrição Experimental da FCF-USP (Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo).

Referências: Biodisponibilidade de Nutrientes, Editora Manole, Janaina Lombello Santos Donadio, Graziela Biude Silva Duarte e Silvia M. Franciscato Cozzolino.