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Corrimento amarelo é sinal de perigo; veja quais doenças pode indicar

Corrimento amarelo pode ser sinal de perigo - iStock
Corrimento amarelo pode ser sinal de perigo Imagem: iStock

Samantha Cerquetani

Colaboração para VivaBem

26/12/2022 04h00

Uma das principais queixas nos consultórios dos ginecologistas é a presença do corrimento vaginal. Geralmente, a vagina apresenta algum tipo de secreção durante a fase reprodutiva, que varia tanto na consistência quanto na cor. O corrimento é considerado normal quando é claro, espesso e sem cheiro, mas e quando o corrimento está amarelo?

Quando há alteração na coloração, quantidade ou cheiro do corrimento, a situação costuma indicar um problema de saúde que merece atenção. É o caso do citado corrimento amarelo.

De acordo com as especialistas consultadas por VivaBem, na maioria das vezes a mudança na coloração pode significar uma IST (infecção sexualmente transmissível) ou infecção bacteriana.

"Um corrimento amarelo indica alguma infecção. Portanto, o sintoma demonstra que a mulher necessita realizar um exame ginecológico e coletar material para identificar o que provoca o corrimento. Podem ser infecções de todos os tipos, bactérias diversas, fungos, protozoários e vírus", explica Ana Katherine Gonçalves, ginecologista e professora da UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte).

Entre as principais causas de corrimento amarelo, estão:

  • Clamídia
  • Doença inflamatória pélvica
  • Infecções bacterianas
  • Gonorreia
  • Tricomoníase
  • Menstruação próxima
  • Inflamação no útero

A seguir, veja detalhes das causas do corrimento amarelo, formas de tratamento e como prevenir.

Corrimento amarelo: o que pode ser e como tratar

Clamídia

Trata-se de uma infecção sexualmente transmissível causada pela bactéria Chlamydia trachomatis. Na maioria das vezes, as pessoas não apresentam sintomas nos estágios iniciais da doença. Porém, as mulheres podem ter um corrimento amarelado, dor no ventre durante a relação sexual, sensação de queimação ao urinar e inflamação no colo do útero.

Assim como ocorre com outras ISTs, a doença é transmitida pelo sexo sem proteção (oral, vaginal e anal). O tratamento é realizado com antibióticos.

Doença inflamatória pélvica

É uma infecção que atinge órgãos reprodutores femininos. "Na maioria das vezes, acontece quando as bactérias sexualmente transmissíveis se espalham da vagina para o útero, trompas de falópio e/ou ovários", destaca Michelle Rodrigues, ginecologista e chefe da Unidade de Saúde da Mulher do Hospital Universitário da UFPI (Universidade Federal de Piauí).

Algumas mulheres não apresentam quaisquer sinais ou sintomas. Mas, em alguns casos, elas têm um corrimento vaginal incomum, que pode ainda ter um odor desagradável. Além disso, há sangramentos vaginais durante ou após o sexo, dor, febre e micção desconfortável.

Vale destacar que diversas bactérias geram a doença inflamatória pélvica. No entanto, as infecções por gonorreia ou clamídia são os motivos mais comuns. O tratamento é realizado com antibióticos. Se não for tratada, a condição leva a complicações a longo prazo, como a infertilidade.

Infecções bacterianas

A vagina possui diferentes tipos de bactérias. Normalmente, o corpo consegue manter o equilíbrio, mas em algumas situações elas crescem de forma descontrolada. Surgem assim problemas de saúde como a vaginose bacteriana.

Entre os sintomas, destaca-se um corrimento que pode ser amarelado, cinza ou branco, cheiro forte (que se exacerba no período menstrual e após relações sexuais), coceira e dor na vulva e sensação de queimação ao urinar.

Algumas vezes, os sintomas desaparecem sem tratamento. Mas, como esse corrimento é causado pela bactéria Gardnerella vaginalis, precisa ser tratado com antibióticos.

Vale destacar que durante a gestação há uma alteração na microbiota vaginal da mulher. Portanto, elas ficam mais suscetíveis a infecções bacterianas. Nesses casos, o tratamento é fundamental para evitar que o problema atinja o feto e assim desencadear um trabalho de parto prematuro ou uma infecção da bolsa amniótica.

Gonorreia

Causada pela bactéria Neisseria gonorrhoeae, a IST atinge o sistema reprodutivo feminino (trompas de falópio, colo do útero e útero) e também vagina, uretra e ânus.

Muitas mulheres não desenvolvem sintomas de gonorreia ou eles são bastante leves. No entanto, aparece um corrimento vaginal esverdeado ou amarelado, dor ao urinar, vontade de ir ao banheiro com mais frequência, coceiras e sangramentos anais. Na maioria das vezes, o tratamento envolve antibióticos.

Tricomoníase

É uma infecção sexualmente transmissível provocada por um parasita chamado Trichomonas vaginalis. Os sintomas são semelhantes a outras ISTs, o que dificulta o diagnóstico.

A tricomoníase em mulheres acarreta um corrimento vaginal que costuma ser espesso, fino ou espumoso com a cor amarelo-esverdeado, com cheiro bastante forte, além de dor (ao urinar e durante o sexo), coceiras e inchaços na vagina. O tratamento também envolve o uso de antibióticos.

Menstruação está próxima

Algumas mulheres apresentam um corrimento amarelo quando a menstruação está próxima. Isso ocorre porque a vagina está produzindo mais muco. Há casos de mulheres na menopausa que também notam um corrimento amarelo acastanhado por conta das alterações hormonais.

Inflamação no útero

Chamada também de cervicite, a inflamação no útero ocasiona um corrimento amarelado, semelhante ao pus, com odor desagradável. A secreção também pode mudar a tonalidade para esverdeada ou marrom.

Geralmente, ocorre após uma IST, crescimento bacteriano descontrolado ou alergia ao látex, por exemplo. Também acontece devido a um trauma ou uso produtos químicos e cremes.

Sem o tratamento adequado, acarreta infecção de todo o trato genital, do útero e doença inflamatória pélvica. E também complicações como infertilidade, risco de gravidez ectópica (quando a gestação se desenvolve fora do útero) e dor pélvica crônica.

Quando procurar ajuda médica?

É importante se consultar com um ginecologista regularmente, uma vez por ano, para realizar exames de rotina. No entanto, quando a mulher notar um corrimento que for diferente do padrão, com cheiro desagradável e forte (semelhante a peixe, por exemplo), coloração e texturas estranhas é necessária a avaliação para um diagnóstico preciso.

Durante a consulta, o especialista ouvirá as queixas da paciente, fará um exame ginecológico específico e solicitará testes laboratoriais complementares.

"O ginecologista vai olhar o colo do útero e avaliar o tipo de corrimento. Existem também técnicas de análise dessa secreção, onde é feita uma cultura para verificar que tipos de bactérias e assim fechar o diagnóstico. Vale destacar que se for uma IST, o parceiro também precisa ser tratado", complementa Fernanda Schier de Fraga, ginecologista e professora de Medicina da PUC-PR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná).

É necessário buscar ajuda médica assim que perceber o sintoma para começar o tratamento adequado e evitar complicações. Após o diagnóstico, a mulher precisa seguir a orientação do médico sobre a duração do tratamento e as doses dos medicamentos.

Como evitar o corrimento amarelo?

A melhor forma de prevenir o corrimento amarelo é usar preservativos durante as relações sexuais. Isso evita infecções sexualmente transmissíveis e todas as suas complicações para a saúde.

Além disso, é fundamental manter a higiene da região íntima para evitar a propagação de bactérias e outros agentes patogênicos causadores de doenças. Entre as medidas recomendadas, estão:

  • Evitar o uso de duchas vaginais e de sabonetes bactericidas. Isso elimina microrganismos que ajudam na manutenção da acidez do pH da vulva;
  • Ao urinar, a mulher deve realizar a limpeza de frente para trás com o papel higiênico. Essa atitude simples evita que microrganismos presentes no ânus sejam carregados para a vagina;
  • Sempre que possível opte por calcinhas de algodão e evite roupas apertadas que abafam a região íntima e favorecem a proliferação de fungos e bactérias;
  • Realizar consulta com ginecologista anualmente para check-up da saúde.

Revisão técnica

Michelle Rodrigues, ginecologista e chefe da Unidade de Saúde da Mulher do Hospital Universitário da UFPI (Universidade Federal de Piauí).