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Paulo Chaccur

10 metas para ajudar a preservar a saúde do seu coração em 2020

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Imagem: iStock

Colunista do UOL

19/01/2020 04h00

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Janeiro chegou e para muita gente esta é a época de traçar metas, fazer planos, definir e começar a colocar objetivos em prática. Só que a saúde nem sempre é lembrada nessas horas. Seu coração está pronto para 2020?

Todo início de ano é um período propício para analisarmos o que estamos fazendo e, principalmente, o que deixamos de fazer, em especial em relação à nossa saúde. E quando falamos do coração, a atenção deve ser redobrada. As doenças cardiovasculares e as crônicas não transmissíveis (que afetam a saúde do órgão), como hipertensão e diabetes, ainda são umas das principais causas de mortalidade no mundo, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde).

Por isso, na hora de fazer sua lista de metas para os próximos meses, reflita se o seu coração não deveria fazer parte dela e estar entre as suas prioridades. Que tal começar um ano de forma mais saudável?

1. Pensar positivo
Iniciar um ciclo novo com uma mente positiva pode fazer toda diferença quando o assunto é a saúde. Estudos apontam que as emoções e pensamentos interferem diretamente na química, produção e liberação de hormônios e no funcionamento do organismo como um todo. Os sentimentos podem influenciar, por exemplo, no colesterol, na hipertensão, na evolução de doenças coronárias e no sistema imunológico.

Pessoas otimistas tendem a lidar melhor com o estresse, ter hábitos mais saudáveis, além de apresentar melhor adesão aos tratamentos de doenças crônicas e a necessidade de cirurgias, entendendo a necessidade da intervenção e direcionando seu foco em ficar bem e não nos riscos que possam existir.

Nesses casos, as dificuldades no pós-operatório são consideradas como pequenos obstáculos e a endorfina liberada diminui o potencial de dor e a necessidade de analgésicos, ajudando na recuperação do paciente.
O otimismo reduz em 35% o risco de sofrer um evento cardiovascular, como infarto ou AVC (acidente vascular cerebral), de acordo com um estudo realizado pela Universidade de Harvard e o Hospital Monte Sinai (Estados Unidos).

2. Dormir bem
A qualidade do sono influencia diretamente em nosso dia a dia. Pessoas com problemas para dormir ou tempo limitado de descanso estão na lista dos que têm mais chances de desenvolver problemas no coração.

A razão disso é que durante o sono o ritmo cardíaco e a pressão arterial diminuem e fazem com que o organismo fique num estado de compensação de energia. O corpo de quem dorme pouco ou mal não consegue fazer essa pausa. Assim, gera cansaço, mau humor, estresse e irritabilidade, além da elevação da pressão arterial e até estímulo a obesidade, aumentando o trabalho do coração e a possibilidade de aparecimento de doenças cardíacas.

Por isso, se você sofre com insônia, apneia do sono ou está com frequente dificuldade de relaxar quando vai para cama, busque ajuda para resolver o problema. O ideal para um adulto é dormir entre 7 e 9 horas por dia para obter os benefícios que uma boa noite de sono pode oferecer.

3. Ter bons relacionamentos e cuidar das emoções
Família, amigos, companheiros... as relações e o ambiente em que vivemos interferem - e muito! - na manutenção da nossa saúde, não apenas física, mas também mental. Emoções relacionadas ao amor, alegria, felicidade e bom humor levam ao relaxamento muscular, a vasodilatação, relaxamento intestinal, secreção glandular, salivação, calor sem sudorese, ou seja, manifestações que ajudam a prevenir as doenças cardiovasculares.

Nesse sentido, é importante prestar atenção no seu círculo de convivência, naquilo que você anda lendo e assistindo. Avalie seus relacionamentos, faça uma pesquisa para levantar sites interessantes, filmes e livros construtivos que vão acrescentar coisas positivas na sua vida. Alguns estudos já revelaram que o cérebro registra e é influenciado quando focamos apenas em notícias ruins, programas e filmes de violência ou que estimulam nossos sentimentos e emoções negativas.

Situações de estresse emocional agudo podem desencadear o que chamamos de Síndrome do coração partido, cardiomiopatia de Takotsubo ou cardiomiopatia induzida por estresse. Trata-se de um descompasso temporário no funcionamento do músculo cardíaco em situações que despertam forte emoção e provocam aumento na produção de adrenalina e de outros hormônios do estresse pelas glândulas adrenais. Essa descarga na corrente sanguínea estimula um estreitamento temporário nas artérias e interfere no funcionamento do coração.

4. Prestar atenção e avaliar seu nível de estresse, principalmente, quando o assunto é o trabalho
Parece uma meta impossível para quem vive em uma cidade grande com a pressão do trabalho e excesso de informações e cobranças que enfrentamos, mas o fato é que precisamos monitorar e interferir quando o estresse se torna rotina.

Viver, por exemplo, uma situação de assédio moral constante no ambiente corporativo é um dos fatores que eleva os riscos de problemas cardiovasculares, segundo pesquisa publicada no European Heart Journal. Isso porque esse cenário aumenta os níveis de estresse crônico, de colesterol ruim (LDL), da proteína C reativa e da pressão sanguínea.

Quem trabalha em um ambiente no qual o assédio moral de chefes e colegas é constante tem 40% mais chance de ter um AVC e 59% mais risco de sofrer doenças cardíacas em comparação aos que não são expostos a nenhum tipo de bullying ou assédio.

Vale destacar ainda que o excesso de trabalho também faz mal. Trabalhar demais pode aumentar os riscos de doenças no coração. De acordo com um estudo da Universidade do Texas (EUA), ultrapassar 45 horas semanais trabalhando durante 10 anos significa 16% mais chances de desenvolver problemas cardíacos.

5. Ter um pet em casa
Você sabia que os animais de estimação podem contribuir com a saúde do seu coração? Já é cientificamente comprovado que os pets estão fortemente associados com o controle de fatores de risco para doenças cardíacas, como obesidade, hipertensão arterial, níveis elevados de triglicérides e colesterol.
O contato com os animais estimula a produção de diversos hormônios do bem, como endorfina, prolactina e oxitocina, substâncias que atuam na regulação de taxas de cortisol (hormônio relacionado ao estado de alerta), o que contribui no combate ao estresse. Também liberada no organismo por conta dessa interação homem-animal, a acetilcolina atua na redução da pressão arterial, da frequência cardíaca e respiratória. Já a sensação de bem-estar, felicidade e conforto gerada nesse convívio resulta na diminuição dos níveis de adrenalina - substância ligada ao aumento da pressão arterial.

Ter um pet em casa ainda inibe a sensação de isolamento social. Solidão, ansiedade e depressão são outros fatores desencadeantes de problemas no sistema cardiovascular que a convivência com os bichos de estimação minimiza.

6. Deixar a preguiça de lado
Aqui entra aquela velha recomendação: praticar atividades físicas! Pode até soar clichê, mas nem todos seguem essa ideia, por isso, é preciso sempre reforçar. A prática regular de exercícios contribui para o bem-estar físico e mental, auxilia no controle da obesidade, pressão e diabetes, redução do estresse, entre outros benefícios.

Se não tem tempo ou ainda não criou coragem para entrar numa academia ou praticar um esporte regularmente, inclua mais movimento no seu dia a dia: prefira as escadas ao invés do elevador; saia para dançar; aproveite a energia das crianças que estão presentes na sua vida diária para brincar; faça trajetos a pé - mesmo que sejam curtos; lembre-se de fazer intervalos durante o expediente de trabalho e aproveite para esticar-se e caminhar pelo escritório; antes de sair da cama, espreguice o corpo e dedique alguns minutos a exercícios de alongamento e flexibilidade. As possibilidades são infinitas. Use sua criatividade e afaste a preguiça!

7. Cuidar da alimentação
Outra sugestão que com certeza você já ouviu por aí - mas que não deixamos de lado porque muitos ainda ignoram: procure manter uma alimentação equilibrada! Dê preferência a carnes magras (em especial grelhadas, assadas ou cozidas), legumes, verduras, saladas, frutas e cereais integrais. Busque uma alimentação balanceada, ou seja, aquela que tem muitas cores. Um prato de comida precisa ser o mais colorido possível.

Para contribuir com um coração mais saudável, diminua ainda a quantidade de sal na comida, além de reduzir o consumo de gorduras saturadas e trans, açúcares simples, alimentos industrializados e processados. E não esqueça a hidratação. Beba bastante água no seu dia a dia!

8. Seguir as recomendações médicas
Pessoas que são portadoras de hipertensão arterial, diabetes, dislipidemia (presença de níveis elevados de lipídios - gorduras - no sangue) e problemas cardiovasculares são as que devem dar atenção especial à saúde ao longo de todo o ano. Quem tem essas doenças precisa estar atento e fazer o controle adequado, não podendo se dar ao luxo de suspender temporariamente ou tomar irregularmente as medicações, uma vez que qualquer descuido pode ser muito prejudicial e ter consequências graves.

Há certas doenças em que não basta tomar um medicamento por certo período e simplesmente parar que o corpo reagirá bem. É preciso seguir o tratamento, com adaptações no estilo de vida, alimentação, ambiente em que se vive e o uso de remédios. Para dimensionar o problema, a falta de controle da pressão arterial ou colesterol por períodos longos podem acarretar em riscos de acidente vascular cerebral e da degeneração de artérias coronárias ou de outros sistemas vasculares.

No caso do tratamento de diabetes, não dar a devida atenção às recomendações médicas em relação à dieta, medicamentos e atividade física e permanecer com níveis elevados da hemoglobina glicada pode não apresentar problemas imediatos, mas em longo prazo há riscos do desenvolvimento de isquemia, insuficiência renal, retinopatia diabética, doença arterial coronária, entre outras consequências.

9. Dar atenção aos fatores de risco
Se por um lado há quem tenha o diagnóstico e negligencie as recomendações, por outro existem aqueles que ignoram fatores de risco e preferem manter hábitos que podem futuramente ser prejudiciais ao coração. Por isso, é importante ressaltar: tabagismo, obesidade, sedentarismo, uso abusivo de álcool, dietas pouco saudáveis podem desencadear problemas cardíacos. E quanto maior o número de fatores de risco combinados, maiores são as chances de desenvolver uma doença cardíaca.

10. Manter o check-up em dia
Cuidar da saúde não tem idade! Uma avaliação cardiológica é importante em qualquer fase da vida. Nos dias de hoje, em função da qualidade e ritmo que vivemos, do estresse e problemas do dia a dia, a prevenção deve ser iniciada cedo. Se você tem 20, 30 anos e nunca notou nenhum sintoma, mantenha assim mesmo seu check-up sempre em dia. Não deixe para procurar um médico apenas quando sentir algo muito errado. Algumas doenças são descobertas sem querer, mas em fase inicial, o que aumenta a chance de tratamento e de recuperação mais rápida. Aproveite este início de ano para ver se está tudo certo com sua saúde, especialmente a do seu coração!