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Cigarro eletrônico pode ser liberado pela Anvisa, o que seria um erro

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Imagem: iStock
Carlos Gil Ferreira

Colaboração para VivaBem

14/02/2022 04h00

O cigarro eletrônico foi inventado pelo chinês Hon Lik em 2003 e propagado como uma alternativa para substituir o cigarro convencional. Como não queima tabaco para liberar a nicotina, teoricamente diminuiria a liberação de produtos tóxicos. Mas não é bem assim.

No dispositivo há um depósito onde é colocado um líquido concentrado de nicotina com um solvente e um químico de sabor. Essa mistura é inalada e provoca vários danos à saúde, principalmente no pulmão, podendo até mesmo ser cancerígena.

No Brasil, a comercialização, importação e propaganda de todos os tipos de dispositivos eletrônicos para fumar são proibidas pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) desde 2009. Mas a regra pode mudar em breve, com a disposição da agência de liberar esses dispositivos.

Há um lobby da indústria para que isso ocorra, com afirmações de que o vape (como também é chamado o dispositivo) é mais seguro do que o cigarro convencional e que ajuda a parar de fumar —o que não é verdade. O vício da nicotina permanece.

A OMS (Organização Mundial de Saúde) alerta que os fabricantes desses produtos conseguem atrair crianças e adolescentes com uma enorme variedade de aromas e sabores.

De fato, o uso dos dispositivos eletrônicos tem crescido muito entre esse público, uma vez que são facilmente encontrados na internet. Se liberados pela Anvisa, terão não só o aval de especialistas como também serão ainda mais fáceis de serem encontrados. Isso pode gerar um problema de saúde pública a longo e médio prazo.

A OMS alerta que a nicotina tem efeitos dramáticos no desenvolvimento do cérebro em menores de 20 anos de idade e ainda considera que as crianças que usam esses dispositivos têm mais riscos de se tornarem fumantes na vida adulta.

Segundo relatório divulgado em 2021 pela OMS, 84 países não contam com quaisquer medidas contra a proliferação deste tipo de produto. Outros 32 países proíbem a venda desses vapes e 79 adotaram pelo menos uma medida para limitar seu uso, como a proibição da propaganda.

É importante alertar que o tabagismo mata 8 milhões de pessoas por ano, das quais 1 milhão são fumantes passivos. Não bastasse, é um importante fator de risco para problemas cardiovasculares, doenças respiratórias, diabetes e, o mais grave, câncer de pulmão. A maioria dos pacientes diagnosticados com a doença é ou já foi fumante.

Parar de fumar é uma batalha que pode e deve ser vencida —mas não sem ajuda. A nicotina é considerada droga e pode levar a dependência química.

Quando a pessoa resolve parar, sofre desconfortos físicos e psicológicos que podem trazer sofrimento. Por isso, é importante procurar ajuda profissional e não julgar ou desencorajar quem está passando pelo problema.