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Larissa Cassiano

Você, mulher, fez exames de rotina em 2020? Entenda as recomendações

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Imagem: Getty Images

Colunista do UOL

19/01/2021 04h00

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O histórico ano de 2020 terminou e a sensação para algumas mulheres é de que o cuidado com a saúde ano passado ficou um pouco de lado. Por reflexo da pandemia muitas deixaram de lado os exames e consultas, seja por medo de acessar consultórios médicos e laboratórios ou por alterações na vida financeira e rotina.

Desejo que em 2021 todas as pessoas que ficaram sem realizar os exames de rotina possam retornar e cuidar da saúde da melhor maneira possível.

A prevenção é sempre o melhor remédio, mas como deve ser a rotina preventiva das mulheres? Quando ela deve começar?

Ela começa ao nascimento, quando ainda na maternidade o bebê faz seus primeiros exames, ali começa e não deve mais parar.

A ideia de que a rotina ginecológica só começa no início da vida sexual e que precisa incluir vários exames não é verdade, todas as mulheres, independente da vida sexual, devem realizar acompanhamento médico e a prevenção inclui tanto exame de sangue e imagem quanto exame físico, feito no próprio consultório, e o autoexame das mamas.

Na adolescência, o ginecologista pode ser um parceiro para ajudar a esclarecer as dúvidas sobre as mudanças no corpo feminino, como na menarca (primeira menstruação), ou ao realizar o autoexame das mamas, anticoncepção, para que essas transições e informações cheguem da maneira mais natural possível.

Depois da adolescência, quais exames devem ser feitos e com qual frequência?

Os exames de sangue mais comuns são para investigar anemia, colesterol, triglicérides, diabetes, tireoide e funcionamento dos rins, e podem ser solicitados tanto por ginecologistas quanto por outros profissionais de saúde. A periodicidade vai depender do estado de saúde atual e casos de alterações na família.

Os exames para investigar infecções sexualmente transmissíveis não possuem restrição de idade e devem fazer parte da rotina de todas as pessoas com vida sexual ativa e que não utilizaram preservativo.

A mamografia possui duas recomendações diferentes no Brasil, a Sociedade Brasileira de Mastologia, o Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem e a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia recomendam a mamografia anual para todas as mulheres acima de 40 anos de idade.

Já o Ministério da Saúde recomenda a realização a cada dois anos, a partir dos 50 anos, e deve seguir sendo realizada até os 70 anos, depois deste período a manutenção do exame deve ser avaliada caso a caso, pensando na expectativa de vida de cada um.

Pessoas com familiares próximos que tenham histórico de câncer de mama devem conversar com o ginecologista para avaliar o melhor momento para iniciar a realização do exame.

O autoexame deve ser iniciado na adolescência após orientação para que se conheça a mama e adquira rotina de realizá-lo mensalmente após a menstruação. Essa não é uma forma para diagnóstico do câncer de mama, mas é importante para conhecimento da mama e auxílio na observação de alteração que possa sinalizar ao médico algum tipo de suspeita.

O papanicolau se baseia na coleta de material do colo do útero para análise por microscópio, com essa análise é possível avaliar se existe alguma alteração suspeita para câncer de colo do útero. O exame deve ser feito a partir dos 25 anos de idade até os 64 anos, segundo recomendação da Febrasgo e Inca (Instituto Nacional de Câncer). A periodicidade deve ser a cada três anos, após dois exames consecutivos com resultados normais, no intervalo de um ano, sendo que os dois primeiros exames devem ser anuais e, se o resultados forem negativos, o intervalo poderá ser ampliado.

Para pessoas com mais de 64 anos que nunca realizaram o exame, é importante realizar dois exames no período de um a três anos e se todos forem negativos, a rotina poderá ser suspensa.

A densitometria óssea é um exame importante para identificar alterações nos ossos que podem aumentar o risco de fraturas. Está indicada para mulheres acima de 65 anos ou homens acima de 70 anos; mulheres após a menopausa abaixo de 65 anos de idade e homens (50 a 70 anos) com fatores de risco, além de condições que aumentem o risco para fratura que poderão ser avaliadas pelo profissional de saúde.

O pedido do ultrassom de mamas deve ser individualizado, podendo ajudar a diagnosticar alterações em mulheres jovens que não entram no grupo de quem deve fazer mamografia e como forma de complemento para a mamografia.

O mesmo acontece com o ultrassom transvaginal, ele não possui uma recomendação específica de periodicidade, mas pode ajudar a diagnosticar mioma, pólipo, endometriose e cistos.

Dentro da rotina, a vacina contra HPV também deve ser lembrada. Essa vacina possui a capacidade de reduzir o risco de câncer de colo do útero. Na adolescência deve ser feita em meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos pelo SUS, e após essa idade nas clínicas particulares.

Todas as orientações contidas aqui estão baseadas em protocolos e orientações citados nas referências, mas é importante sempre avaliar caso a caso, por isso converse com seu médico.

Gostou deste texto? Dúvidas, comentários, críticas e sugestões podem ser enviadas para: dralarissacassiano@uol.com.br.

Referências:

Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA). Diretrizes para detecção de câncer de mama no Brasil. Rio de Janeiro: INCA; 2015;

Diretrizes brasileiras para o rastreamento do câncer do colo do útero / Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Coordenação de Prevenção e Vigilância. Divisão de Detecção Precoce e Apoio à Organização de Rede. - 2. ed. rev. atual. - Rio de Janeiro: INCA, 2016;

Rastreio, diagnóstico e tratamento do câncer de colo de útero — São Paulo: Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), 2017;

Protocolos FEBRASGO, Rastreamento e propedêutica do câncer de mama. Nº 79; 2018;

Protocolos FEBRASGO, Colpocitologia oncológica no rastreamento do câncer de colo uterino, Nº 12; 2018;

Protocolos FEBRASGO, Osteoporose pós-menopausíca, Nº 58; 2018;

Informe técnico da ampliação da oferta das vacinas papilomavírus humano 6, 11, 16 e 18 (recombinante) - vacina HPV quadrivalente e meningocócica C (conjugada), Ministério da Saúde; 2018.