Câncer de colo do útero e a importância da realização do papanicolau
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Quem nunca ouviu falar que alguém está com câncer e pensou nos desafios que a doença traz?
Hoje, diversas formas de câncer possuem tratamentos que muitas vezes não geram alterações tão marcantes como anteriormente, mostrando o quanto evoluímos nos cuidados de saúde.
Essa semana a notícia do câncer de útero da Fátima Bernardes trouxe algumas dúvidas, como é essa doença?
Dividimos o câncer uterino entre o colo parte mais inferior, que liga a vagina ao útero; corpo do útero (parte do fundo do útero) e endométrio (parte interna), mas pensando na frequência, vou trazer algumas informações sobre o câncer de colo do útero.
O câncer de colo do útero no Brasil é a terceira neoplasia maligna entre as mulheres e o quarto que mais mata. Ele pode ocorrer por infeção pelo HPV, que recentemente foi tema aqui na coluna, pelo tabagismo, início precoce da vida sexual e múltiplos parceiros sexuais. É um dos tipos de câncer que temos mais facilidade para realizar a prevenção antes que se instale uma doença mais grave, graças ao papanicolau e, mais recentemente, graças a vacina conta o HPV, além de possuir alta taxa de cura.
A OMS (Organização Mundial de Saúde) recomenda que todas as mulheres que já tiveram relação sexual realizem o papanicolau anualmente. No Brasil, a recomendação é que mulheres entre 25 e 64 anos devem realizar o exame preventivo.
O papanicolau, preventivo ou colpocitologia oncótica, dentre outras formas que utilizamos para chamar o exame, avalia se as células do colo possuem alterações que sugerem as lesões precursoras (lesões que podem anteceder) o câncer de colo uterino, que chamamos de NIC (Neoplasia Intraepitelial Cervical). Este pode ser classificado em três estágios diferentes que auxiliam os ginecologistas a decidir qual tratamento seguir, pois do NIC até o câncer invasivo do colo do útero a evolução pode ser de até 10 anos.
Quais são os sintomas do câncer de colo do útero?
O câncer de colo do útero na sua fase inicial não costuma ter sintomas, outro motivo para reafirmar a importância do papanicolau anualmente. Os sintomas, quando presentes, geralmente só são percebidos na fase mais avançadas com sangramento vaginal, dor durante a relação sexual, dor pélvica, dor abdominal, anemia, alteração intestinal e urinária.
E as alterações no papanicolau?
O tratamento das alterações no papanicolau vai depender do estágio em que elas estão, com um detalhe, para quem muitas vezes olha o resultado do exame e já vai procurar informações na internet, a inflamação no papanicolau não é doença, é uma alteração típica desta região que só deve ser acompanhada na maioria dos casos, sem indicação e cauterização, ou risco de câncer, caso não exista nenhuma alteração a mais.
O resultado do papanicolau pode ser: negativo para câncer, lesão de baixo grau em que um novo exame deve ser repetido em 6 meses e se possível associado a colposcopia, lesão de alto grau que indica colposcopia de imediato para que uma biópsia do local seja feita.
Realizando a biópsia e confirmado o câncer, os estágios podem ser de diversos tipos e com várias formas de tratamento. Sendo divididos de 1 a 4; no estágio 1 apenas o colo do útero possui lesão e a chance de metástase é de 3%, já no 4 a lesão pode se estender a outros órgãos com chance de metástase de 75%.
Qual tratamento para o câncer de colo do útero?
Na fase inicial do câncer é possível realizar a cirurgia de alta frequência (CAF) ou conização (procedimento que retira uma parte pequena do colo uterino), com recuperação rápida e sem necessidade de novos procedimentos na maioria dos casos, ou seja a fase inicial do câncer de colo possui um tratamento que pode ser feito em ambulatório com alta taxa de cura e sucesso.
Nos estágios mais avançados, os tratamentos são feitos com cirurgias maiores como a histerectomia, para retirada do útero, radioterapia, quimioterapia ou imunoterapia, dependendo do tamanho do tumor e se ele afeta outros órgãos.
Espero que este texto reforce a importância de realizar o papanicolau anualmente, mostre que o câncer de colo do útero possui muitas fases com diversas possibilidades de tratamento e cura.
Gostou deste texto? Dúvidas, comentários, críticas e sugestões podem ser enviadas para: dralarissacassiano@uol.com.br.
Referência
- Rastreio, diagnóstico e tratamento do câncer de colo de útero. São Paulo: Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), 2017.
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