Topo

Larissa Cassiano

Sexo no pós-parto: nova rotina pode trazer outros olhares e atitudes

Getty Images
Imagem: Getty Images

Colunista do UOL

10/11/2020 04h00

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

O puerpério, conhecido como os 40 dias após o parto, é uma fase emblemática para muitos casais em que ocorrem alterações emocionais, físicas, psicológicas, junto com o bebê recém-chegado, alterações na autoestima da mulher, mamas com leite, sangramento vaginal, sono alterado, muitos mitos e palpites de pessoas próximas.

Quando esse período do puerpério termina, a maior parte dos casais está liberada para ter relações sexuais, mas cadê a libido? Depois de um fim de gestação que pode mudar o ritmo sexual e os 40 dias sem contato sexual, é como se alguns casais não encontrassem meios para retornar a sua vida sexual dentro desta nova rotina da família.

Todas as vezes que abordo esse tema, principalmente quando recebo em forma de queixa da paciente, percebo que essa questão vai além.

Quem já possuía uma vida sexual ruim antes da gestação, na maioria das vezes não terá melhora após o parto e precisa analisar se a vida sexual ficou ruim ou se já estava ruim antes da gestação.

Talvez neste momento o casal também precise pensar sobre o que consideram como sexo, se é o coito ou se vai além do ato sexual, porque algumas mudanças físicas podem interferir na performance sexual inicial.

Quem costumava dar o primeiro passo? O parceiro, a parceira ou ambos? Talvez essa pró atividade precise mudar ou precise de estímulos diferentes, a nova rotina pode trazer novos olhares e atitudes.

Nas duas primeiras relações sexuais subsequentes ao parto a maioria das mulheres não conseguirá chegar ao orgasmo, isso é causado por todas essas alterações, podendo levar até três relações para começarem a ter novos orgasmos.

Lembre-se que ansiedade e sexo não são uma boa combinação e geralmente dificultam o orgasmo, então por um tempo tente desligar o pensamento, deixe seu corpo livre para sentir prazer.

Além de todos esses pontos, outro fator que pode acabar com a libido de muitas mulheres no pós-parto é o medo de uma nova gravidez em seguida do parto, para que isso não ocorra, é muito importante que o retorno a vida sexual seja acompanhado de aconselhamento médico para que a mulher já tenha em mãos um método contraceptivo que traga segurança antes de iniciar as relações sexuais.

A vagina pode estar mais seca ou a lubrificação pode demorar um pouco mais, se o casal não utilizar preservativo poderá utilizar lubrificantes a base de óleo, dentre eles o óleo de coco que é natural e um excelente lubrificante, se utilizarem preservativo podem utilizar lubrificantes a base de água.

Se as mamas estiverem vazando durante o sexo, e isso causar algum incômodo, tente amamentar antes, evite banho quente direto na mama e utilize absorvente de seio, isso pode ajudar. Para quem, mesmo após o puerpério, ainda tem um pouco de sangramento vaginal e considera isso um obstáculo, agora os fabricantes de coletores menstruais criaram um modelo para relação sexual que pode ajudar neste período, mas lembre-se que não pode ser utilizado no puerpério.

E a dificuldade para se desligar do bebê?

O bem-estar dele está intimamente ligado ao seu bem-estar e a sexualidade é parte da saúde, isso pode influenciar na vida de todos próximos a você.

Pode doer? Para algumas pessoas pode sim, nas primeiras tentativas podem ocorrer pequenos desconfortos, para reduzi-los, troque de posição, geralmente quando a mulher controla a entrada do pênis ela consegue limitar essa entrada até algum ponto em que ainda não gere desconforto.

Para quem se sente avessa à penetração no primeiro momento, é sempre bom lembrar que masturbação também pode ser utilizada, o casal pode se excitar junto sem que isso termine com penetração.

Minha dica é: converse muito com seu parceiro, alguns homens se sentem inseguros quando sua parceira tem redução do desejo sexual, mesmo quando isso ocorre no pós-parto, fale sobre isso, explique como você se sente, pode ser libertador para ambos, além de ser uma forma de aproximação muito especial.

Não existem prescrições mágicas e muitos casais talvez levem um tempo até se adaptar, o mais importante é observar se essa alteração é por essa nova rotina ou se existe algo físico, emocional ou psicológico que precise ser tratado para que tudo se estabeleça da melhor maneira possível.