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Meninas yazidis vendidas como escravas sexuais montam coral

Emma Batha

Londres (Reino Unido)

04/02/2020 17h32

Quando Rainas Elias tinha 14 anos, militantes do Estado Islâmico invadiram sua terra natal yazidi no norte do Iraque, a sequestraram e venderam a um combatente que a estuprou e torturou constantemente antes de vendê-la a um monstro ainda mais brutal.

Dois anos após sua fuga, Elias está visitando o Reino Unido nesta semana com um coral criado por jovens sobreviventes das atrocidades do Estado Islâmico.

As meninas, de idades entre 15 e 22 anos, dizem que o coral lhes proporciona amizade, consolo e uma fuga das lembranças traumáticas que as assombram.

"Sinto-me muito feliz com elas. Isso tem me ajudado muito psicologicamente", disse Elias por meio de um intérprete depois de se apresentar em um conservatório de música de Londres.

O coral cantou na Abadia de Westminster e se apresentará nas Casas do Parlamento e para o príncipe Charles, patrono de longa data da Amar, uma instituição de caridade que ajuda a reabilitação das meninas no Iraque.

Estimada em 400 mil pessoas, a comunidade yazidi iraquiana é uma minoria curda cuja fé combina elementos do cristianismo, do zoroastrismo e do islamismo.

O Estado Islâmico, que os considera adoradores do diabo, matou e raptou milhares de yazidis antes de realizar um ataque à sua terra natal no Monte Sinjar em 2014, o que a Organização das Nações Unidas (ONU) diz ter sido um genocídio.

Embora os militantes tenham sido expulsos três anos atrás, a maioria dos yazidis ainda mora em campos, assustados demais para voltar.