Tabata Amaral conta perrengue pra se formar em Harvard: 'Não falava inglês'

Convidada do "Desculpa Alguma Coisa", videocast de Universa com Tati Bernardi, a deputada Tabata Amaral (PSB) lembrou os 'perrengues' que passou ao se graduar em Harvard.

Ele é graduada em bacharelado em Ciências Políticas e curso secundário em Astrofísica pela faculdade norte-americana.

A deputada contou ter tido muitos problemas com o idioma no começo. "Meu inglês era péssimo, comecei a estudar no segundo ano do ensino médio. Na primeira reunião, eu não entendi nada. Fui pro quarto, comecei a chorar, pensando que não tinha a menor condição. Eu era muito diferente dos brasileiros que estavam lá. Eu ouvia que era uma freira, que era muita séria, que não ia pra festa. Comecei a trabalhar como babá pra mandar dinheiro. As pessoas olhavam e ninguém sabia dessa história. Só viam uma pessoa extremamente séria e que não sabia inglês", completou.

Ela detalhou como se sentiu. "O primeiro ano foi bem horrível pra mim, tinha uma coisa que não encaixava. Foi um momento de muita desesperança, que é a coisa que mais me assusta. A gente tem que acreditar que vale a pena acordar. Eu lembro de acordar e chorar e dizer que não vai dar".

Tabata Amaral diz por que incomoda esquerda: 'Não bato continência'

A deputada falou sobre 'apanhar' da esquerda e apontou que o julgamento para as mulheres é maior. "A barra pra gente mulher é muito alta. 'Muito mansinha, muito agressiva, usa batom, mas não vermelho...' Eu incomodo. É disputa de voto. Eu falo muito da questão do machismo, recebo ameaça de morte e estupro, e acho que ele tem a ver com a dosagem do que as pessoas batem. Eu incomodo porque sou diferente, porque eu atuo. Não interessa pra muita gente. Quando você chega e mostra uma incoerência, discorda, você tá querendo demais. As pessoas esperavam que eu fosse bater continência pra algum homem, e quando eu começo a discordar, isso incomoda. 'Que ousadia'. E aí que digo que a reação é mais violenta porque sou mulher, mas o primeiro incômodo não é esse, é porque eu sou independente. Por que a esquerda bate mais em mim do que a direita? Disputa de voto. Disputa de espaço. Agora não dá pra alguém com a minha história vir aqui pra bater continência pra alguém".

Tabata Amaral desabafa sobre perda do pai para o crack

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Tabata conversou com Tati Bernardi a respeito da perda do pai e sobre educação. "Meu pai morreu com 39 anos por causa do crack. Um homem brilhante, que escrevia o que ele via na rua, no ônibus, organizava torneio de xadrez pra mim e pra meu irmão, mas que não teve nenhuma oportunidade, nenhum acolhimento pra tratar de sua saúde mental. Não dá pra separar o tanto de morte, desesperança que você tem na sua ausência [da educação]. (...) Não se separa desigualdade de educação. Eu só estou aqui e fiz ensino médio, fiz faculdade e pude escolher um futuro, por causa da educação. Educação é vida e sua ausência é morte. Falo assim porque odeio quando colocam essa educação na caixinha bonitinha de discurso. O mundo estava aberto pra mim por causa da educação".

Tabata Amaral fala de críticas por voto pela reforma da previdência: 'Ciro defendeu também'

A deputada falou sobre as críticas por seu voto a favor da reforma da previdência. "A gente é a nossa história. Eu gosto de números, tenho uma responsabilidade com eles porque quem nasce pobre aprende a não brincar com dinheiro. E os números deixavam muito claro que estava indo muito dinheiro pra previdência, não dos mais pobre, mas de uma classe média alta que se aposentava 10, 15 anos antes dos mais pobres. A outra coisa é não baixar a cabeça pra homem. O Ciro passou a campanha inteira defendendo a reforma da previdência. Quando ele perdeu a eleição, o PDT ia relatar a reforma da previdência e abriu mão disso. Com muito respeito e paciência, quando ele (Ciro) diz 'militância dupla', ele diz: 'Você não está obedecendo a mim'. Alguns homens não conseguem entender que a gente tem a cabeça própria? Eu fui muito criticada nas redes sociais por isso, perdi muitos seguidores. Eu sei quem eu quero representar, as pessoas que eu quero representar não foram afetadas pela reforma porque sempre se aposentaram por idade".

Tabata Amaral critica atuação de Boulos: 'Não é atitude de quem tem mandato'

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Tabata também comentou sobre as críticas que já fez a Guilherme Boulos. "Homens são muito sensíveis, vou começar por aí. Eu sou xingada de p*ta pra baixo todos os dias e eu ergo a cabeça porque sei que ser mulher sempre vai ser uma coisa no meu trabalho. Uma vez chamei Eduardo Bolsonaro de frouxo e fui processada. O que eu disse na entrevista é que vejo muita imaturidade nas ações do Boulos. Gente, por que isso agride e fere tanto? Talvez porque homens não estejam acostumados a serem criticados. E eu não vi nenhuma fala dele disso, eu vi de quem estava no entorno. Eu venho de um lugar muito real, muito concreto, em que você não tem tempo pra brincar com dinheiro. Todo esse debate de taxa de juros, de reforma tributária. O Boulos foi lá, por uma decisão dele, fez um protesto e botou fogo no Campos Neto. Eu não acho que isso é a postura de quem tem mandato. Eu queria muito debater, meu partido não me indicou. Eu discordo do modus operandi dele, porque eu acho que o papel de parlamentar, quando você tem a caneta na mão, não é fazer abaixo assinado, fazer protesto, botar fogo. Me dou o direito de dizer que não concordo e acho que isso é irresponsável. E aí a pessoa pode falar: 'Não concordo'. E show. Fica em paz.".

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