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'Tenho 30 dias de férias; eles, 90': a conta que nunca fecha para os pais

Ana Maria de Araújo com os filhos, Pedro Henrique e Luís Otávio; férias são "um drama" - Arquivo pessoal
Ana Maria de Araújo com os filhos, Pedro Henrique e Luís Otávio; férias são 'um drama' Imagem: Arquivo pessoal

Glau Gasparetto e Thaís Lopes Aidar

Colaboração para Universa

16/12/2022 04h00Atualizada em 19/12/2022 17h41

Se, para a criançada, as férias escolares significam descanso, mil brincadeiras e tempo livre para fazer o que bem entender, para pais e mães, esse período pode ser caótico.

Afinal, quem trabalha e não consegue folga no emprego no mesmo período precisa se virar para entreter os filhos enquanto as aulas não retornam.

Mãe de dois meninos — Pedro Henrique, de 15 anos, e Luís Otávio, 4 — a bancária Ana Maria de Araújo Cavalcante diz que o período das festas de fim de ano é "sempre um drama".

No ano passado, ela só conseguiu duas semanas de folga para ficar com eles e teve de contar com vizinhas que se revezavam.

A conta da folga não fecha e acaba caindo no colo das mães. "Tenho 30 dias de férias por ano e eles, 90 dias, no total. Dificilmente tiro férias no mesmo período, ainda por cima", diz.

Os filhos estudam em escola particular de São Paulo e, segundo a mãe, costumam ter um mês de férias em julho e outros 60 dias, em média, em dezembro e janeiro — às vezes um pouco menos, dependendo do ano.

Nem todas as crianças têm férias tão longas — o calendário escolar na rede estadual paulista, por exemplo, prevê 70 dias entre férias e recessos. Há a obrigatoriedade de cumprir 200 dias letivos.

Apesar de a situação de Ana Maria ser menos comum em relação ao tempo prolongado com as crianças em casa, a "ginástica" das férias faz parte da rotina das mães.

Para o mais novo, Ana Maria conta com um curso de férias. Além dessa opção, famílias também recorrem a outras estratégias para entreter as crianças — os arranjos incluem pausas no home office e até levar o filho para o trabalho.

'Dividimos os cuidados'

Natália e Reginaldo - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
A servidora pública Natália Pádua e o marido Reginaldo dividem as férias
Imagem: Arquivo pessoal

A servidora pública Natália Pádua, 37 anos, de Sorocaba (SP), e o marido Reginaldo decidiram dividir as férias de cada um para cuidar de Davi, de 6 anos, durante o recesso.

"O papai tira 20 dias de férias em julho e eu, 30 dias entre dezembro e janeiro, para dividir os cuidados com ele e dar o descanso necessário", conta a mãe.

Se a divisão entre os pais não é possível, outro recurso é contar com os avós. É o que faz a jornalista e pedagoga Flávia Girardia. Alice, de 7 anos, deixa Indaiatuba, onde mora no interior paulista, e passa quase todo o tempo de férias em Campinas.

Flávia Girardia - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
A pedagoga Flávia Girardia deixa Alice, de 7 anos, com avós
Imagem: Arquivo pessoal

"Parte das férias, ela fica com os avós, tios e primos durante a semana. Nos finais de semana, vamos até Campinas ficar com ela ou a trazemos de volta para a casa", explica.

No home office, pausas valiosas

Quando o trabalho é em regime de home office, a situação fica um pouco mais fácil. A criadora de conteúdo Gabriela Pinazo, 29 anos, faz pequenas pausas durante o dia para dar atenção a Ben, de 2 anos.

"Participo das brincadeiras, elogio alguma atividade que esteja fazendo. Sinto que ele se sente acolhido desta forma", afirma.

Renata Guastelli, com o filho Thomas - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Renata Guastelli, com o filho Thomas
Imagem: Arquivo pessoal

Já a paisagista Renata Guastelli Yamashita, 40 anos, de Vinhedo (SP), costuma levar o filho Thomas, de 5, como companhia em suas atividades profissionais.

"Ele vai comigo aos jardins que estamos implantando ou ao escritório, quando tenho reuniões", afirma. Quando precisa conversar com clientes e fornecedores, não tem muito jeito a não ser liberar o celular por alguns minutos.

Veja dicas de atividades com crianças

Para aqueles que têm um tempinho em casa com as crianças e querem aproveitar o momento livre, mães dão dicas de atividades divertidas.

  • Mão na massa

Férias é quase um sinônimo de lanchinhos gostosos e a oficial de escola Karla Silva, 32 anos, de São Bernardo, sabe bem disso. Durante os momentos de lazer, ela e as filhas Milena, 6 anos, e Luara, 4, apostam nas receitas doces. "Sempre fazemos bolos, biscoitos e receitas fáceis. O queridinho é o bolo de caneca com sorvete", revela.

  • Continue a história

Além da clássica hora da leitura, Karla Silva tem um truque extra: estimular a imaginação das meninas pedindo para que elas inventem parte do conto. "Uma de cada vez conta uma história inventada, que nunca vimos em livro nenhum", ensina.

  • Spa em casa

A hora da beleza também pode ser divertida. "Fazemos um spa em casa, usando máscara para pele e cremes de hidratação no cabelo. Ela pinta minhas unhas, faz maquiagem em mim, arruma meu cabelo e, depois, fazemos um show", conta.

  • Passeios gratuitos

Flávia também programa alguns passeios fora. Entre as opções, visitar os parques da cidade é uma das preferidas. "Costumamos levá-la para passear em áreas livres, porque onde moramos tem muitas opções de passeios gratuitos e bonitos."

  • Pescaria, quebra-cabeça
Anna Macedo - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
A comissária de voo Anna Macedo, mãe de Aurora, 2 anos, e Augusto, 8 meses
Imagem: Arquivo pessoal

Atividades simples em casa, que reúnem toda a família, também são uma boa pedida. "Nosso tempo é dividido entre passeios de carrinho pelo condomínio e brincadeiras com todo mundo junto, como pescaria, quebra-cabeças e atividades para colorir", conta a comissária de voo Anna Macedo, 32 anos, de Indaiatuba, mãe de Aurora, 2 anos, e Augusto, 8 meses.

  • Acampamento na sala

Outra opção é incentivar a imaginação. "Fazemos acampamento na sala, vendo filme com pipoca ou organizamos o acampamento das bonecas, em que criamos cenários de viagem e brincamos que elas foram viajar", conta Flávia.

  • Se não tem jeito, tela sem culpa

Tela não é o ideal para crianças, mas também pode ser uma aliada para distraí-las. "Não quero que meu filho perca a infância imerso em telas, mas tem momentos que elas acabam, sim, sendo boas aliadas para uma mãe conseguir manter o foco no trabalho", diz Gabriela.