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Jovem tem foto editada e vazada como nude em grupo com 9 mil pessoas

Grupo do telegram intitulado "vazados" compartilhou "deep nude" de jovem - Reprodução
Grupo do telegram intitulado 'vazados' compartilhou 'deep nude' de jovem Imagem: Reprodução

De Universa, em São Paulo

22/11/2022 19h04Atualizada em 22/11/2022 19h04

Uma jovem de 21 anos de Cubatão (SP) teve uma foto alterada de forma indevida e compartilhada em um grupo com mais de 9 mil pessoas no Telegram. A imagem fraudulenta partiu de uma captura de tela de uma fotografia que ela havia compartilhado no Instagram. Na publicação original, ela está com vestimentas de banho, mas os criminosos utilizaram ferramentas de edição para remover a roupa e parecer que ela estava nua.

A edição foi compartilhada em um grupo intitulado "Vazados", onde outras imagens de mulheres supostamente despidas eram compartilhadas. A defesa da jovem, que não terá sua identidade divulgada, entrou como uma liminar pedindo a exclusão do grupo. Acredita-se que mais mulheres possam ter sido vítimas do mesmo crime virtual.

Segundo Murillo Marques, advogado da defesa, o caso veio à tona em setembro, quando a jovem recebeu uma série de mensagens no Instagram de homens questionando se a foto em que aparecia nua era ela mesmo.

"Ela começou a receber algumas mensagens de pessoas anônimas, solicitações de amizades, em um número considerável. Isso acionou o gatilho de alerta para o que estava acontecendo. Ela começou a desconfiar e, em uma das mensagens, um rapaz perguntou se ela era na foto", explica Marques. No grupo, o perfil do Instagram dela também foi compartilhado.

Ao ver a imagem, a jovem percebeu que a foto que ela havia publicado tinha sido alterada. "Ela se desesperou porque, para todos os efeitos, mesmo que estivesse modificada, é uma foto em que ela está nua. Está o rosto dela na imagem, mesmo que não corresponda à realidade."

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Jovem começou a receber mensagens no Instagram com homens perguntando sobre foto nua
Imagem: Reprodução

A jovem procurou a ONG GirlUp Caiçara, que tem como objetivo lutar pelos direitos de meninas e mulheres. Por meio da instituição, a jovem registrou um boletim de ocorrência sobre o caso e encontrou o advogado Marques, que é especializado em crimes virtuais e que assumiu a representação legal dela.

O advogado entrou com uma liminar pedindo a exclusão do grupo do Telegram com urgência e a solicitação foi acatada pelo juiz Gustavo Henrichs Favero da 4ª Vara da Comarca de Cubatão. Na decisão, o magistrado ainda pediu para que a empresa disponibilizasse os dados do grupo para a identificação dos responsáveis. O grupo foi excluído.

"A gente tenta chegar na autoria dos responsáveis. Não foi apenas ela uma vítima, mas outras pessoas também. Talvez estas pessoas nem saibam que foram vítimas. Essa é uma modalidade do deep fake que é chamada de deep nude", explica o advogado.

A deep fake utiliza ferramentas de inteligência artificial para alterar vídeos e imagens com o intuito de aproximar-se da realidade. O deep nude é resultado da prática, mas com o objetivo de apagar as roupas das vítimas simulando uma foto ou vídeo íntimo. A ação atinge especialmente as mulheres.

Agora, a defesa da jovem está aguardando o fornecimento dos dados conforme determinado pela Justiça para prosseguir com uma ação contra os responsáveis. "Na esfera cível é cabível uma indenização por danos morais da violação da imagem, da honra e da privacidade dela", explica o advogado.

Universa entrou em contato com o Telegram, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem. O espaço será atualizado assim que houver manifestação.