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Brasileira proibida de malhar de top na Noruega: 'Norma contra estereótipo'

A influenciadora fitness Luana Mendes - Reprodução/Instagram
A influenciadora fitness Luana Mendes Imagem: Reprodução/Instagram

Anahi Martinho

Colaboração para Universa, em São Paulo

29/09/2022 11h18

Vestindo um conjunto de top e legging na cor verde-água, a influenciadora fitness Luana Mendes, 24 anos, ficou surpresa ao ser abordada pela funcionária de uma academia na Noruega enquanto praticava seu treino de musculação. A mulher pediu a Luana que colocasse uma roupa.

Luana vive no Rio de Janeiro e estava visitando a mãe em Bergen, na Noruega, para onde viaja todo ano. Porém, não imaginou que estaria infringindo uma regra do estabelecimento ao usar sua roupa habitual de treino.

"Estava treinando de legging e top, a roupa que treino sempre, e chegou uma senhora da recepção e perguntou se eu poderia colocar minha roupa. Ela nem falou 'sua blusa', ela falou: 'Você pode colocar sua roupa por favor?'", relatou Luana a Universa.

"Na mesma hora aceitei, não criei caso nem questionei o motivo. Mas fiquei um pouco constrangida porque eu estava de roupa, minha roupa não era vulgar nem sensual, e ela perguntou se eu podia colocar a minha roupa", contou.

Apesar do choque cultural inicial, Luana afirma que entende a regra e que imediatamente vestiu sua camiseta por cima do top e continuou treinando.

"Realmente não havia ninguém ali de regata nem de top, eu era a única, mas achei que era o hábito deles, não sabia que era uma norma da academia", se justificou.

Segundo ela, trata-se de uma regra de convivência adotada por algumas academias do país, criada com o objetivo de estabelecer condutas para uma política do bem-estar. "Não poder treinar mostrando o corpo para não reforçar esteriótipos e pressão estética em outras pessoas", diz.

No site da academia, chamada Treine Sammen ("Treinar Juntos", em português), um aviso que dispõe sobre o "dresscode" diz: "não são permitidas roupas que exponham uma quantidade desnecessária de pele."

Culto ao corpo

Formada em ciências sociais pela FGV e atualmente estudante de educação física, Luana afirma que a regra faz sentido e problematiza a "geração fitness" e o culto ao corpo.

"Trabalho em uma academia para mulheres onde o culto ao corpo é muito forte. Fiz meu TCC em sociologia justamente sobre isso. Eu quis entender o universo fitness, que muitas vezes prega uma saúde que não existe. Acho que fazer atividade física tão focada no culto ao corpo não é tão saudável assim", diz.

A postagem feita por Luana contando a história em seu perfil no Instagram viralizou e dividiu seguidores. Alguns acharam a regra da academia "ridícula", outros elogiaram a iniciativa dos noruegueses e houve quem apenas ficasse admirado com a diferença cultural.

Apesar de acreditar que uma norma assim não "pegaria" no Brasil, Luana acha que a iniciativa da academia pode servir para reflexão.

"Não acho que temos que aplicar essa norma aqui, não creio que daria certo no Brasil. Mas entendo, respeito e acho que pode trazer benefício para muitas pessoas. Confesso que eu, quando comecei a academia, era gordinha e sentia vergonha, acho que teria me sentido protegida, sim, por essa regra."

"No Brasil a gente visa muito a estética. O treinamento do brasileiro é focado em diminuir a gordura corporal, deixar os músculos mais aparentes, buscando atingir um padrão específico. E na Noruega eles treinam mais por saúde, performance, qualidade de vida. Acho que podemos aprender algo com eles", diz.