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Anestesista preso por estupro sedou 7 vezes paciente grávida, diz inquérito

O anestesista Giovanni Quintella Bezerra - Divulgação/ Redes Sociais
O anestesista Giovanni Quintella Bezerra Imagem: Divulgação/ Redes Sociais

Marcela Lemos

Colaboração para Universa, do Rio de Janeiro

20/07/2022 13h22

Preso em flagrante no dia 11 de julho e indiciado pelo crime de estupro de vulnerável, o anestesista Giovanni Quintella Bezerra, de 32 anos, realizou sete aplicações de medicamentos (uso provável sedativos) na paciente que foi submetida a uma cesariana no Hospital da Mulher Heloneida Studart, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, e foi vítima de estupro.

Segundo informações do inquérito da Polícia Civil remetido ontem à Justiça, as substâncias usadas foram cetamina e propofol. As ampolas dos medicamentos estavam quebradas, indicando o uso.

Giovanni foi gravado, no último dia 10, com auxílio de um celular escondido no centro cirúrgico pela equipe de enfermagem, introduzindo o pênis na boca da paciente.

O vídeo tem 1 hora, 36 minutos e 20 segundos e de acordo com laudo da polícia, não sofreu edições.

O documento aponta que da entrada da paciente na sala de cirurgia até o parto correm 43 minutos e 21 segundos; o estupro começa 50 segundos após a saída do marido da paciente do local e o ato tem duração de 9 minutos e 5 segundos.

Nas imagens gravadas, no final da ação, o médico aparece usando gaze para limpar o próprio pênis e a boca da paciente. O material descartado foi recolhido para perícia. No entanto, não foram encontrados vestígios de sêmen -o que significa que não foi possível garantir a integridade do material colhido devido à mudança de diversos recipientes.

A Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) de São João de Meriti concluiu nesta terça (19) o inquérito sobre o caso. Bezerra foi indiciado por estupro de vulnerável, mas antes mesmo da conclusão das investigações, o Ministério Público já havia denunciado o médico que se tornou réu no processo.

Relembre o caso

Bezerra foi preso no último dia 11 no Hospital da Mulher Heloneida Studart, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense. Ele foi gravado com auxílio de um celular escondido no centro cirúrgico. Nas imagens, ele aparece introduzindo o pênis na boca de uma mulher que deu entrada na unidade para uma cesariana.

No dia em que foi preso, o médico participou ao todo de três cirurgias no local. Foi o comportamento incomum dele no centro cirúrgico que chamou a atenção da equipe de enfermagem.

De acordo com os depoimentos, o anestesista utilizava capotes de modo a formar uma cabana e impedir a visão do rosto da paciente e foi flagrado com movimentos suspeitos para frente e para trás. Os procedimentos atípicos fizeram com que a equipe de enfermagem trocasse a sala da terceira cirurgia prevista no hospital. No novo centro cirúrgico, foi possível gravar a atuação do médico.

Na filmagem, ele aparece introduzindo o pênis na boca da paciente.

Após a repercussão do caso, outras mulheres se apresentaram na Deam de São João de Meriti, responsável pela investigação, para relatar sedação total durante os partos —procedimento que não é considerado necessário.

Polícia investiga outros 30 procedimentos

A Deam informou que investiga ainda mais de 30 possíveis casos de estupro de pacientes que foram atendidas por Bezerra.

A delegada Bárbara Lomba, explicou que a delegacia vai analisar caso a caso. "São mais de 30 pacientes identificadas [também] em outros hospitais e nós vamos continuar identificando. Não são relatos ainda. Nós precisamos investigar. Primeiro fazer uma triagem, saber o tipo de procedimento, o que aconteceu e aí vamos aprofundando."

De acordo com as investigações, Bezerra atuava há pouco tempo como anestesista. Segundo a delegada, ele estava há dois meses no Hospital da Mulher Heloneida Studart, em São João de Meriti, onde ocorreu o estupro, mas segundo a Secretaria de Estado de Saúde (SES), o médico prestava serviço há seis meses como Pessoa Jurídica também em outras duas unidades —o Hospital da Mãe, em Mesquita, também na Baixada Fluminense, e no Hospital Getúlio Vargas, na Penha, zona norte da capital.

A delegacia já solicitou às unidades os prontuários de todas as pacientes atendidas por ele. A delegada chegou a classificar o médico como criminoso em série.

"Pela repetição das ações criminosas que nós observamos e pela característica compulsiva das ações do indiciado, podemos dizer que é um criminoso em série. Com todas as informações que coletamos até agora, tudo indica que a sedação era feita para a prática do estupro."