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Acrobata e bambolista, ela fala da vida em circo: 'Estudei em 300 colégios'

A jovem paulistana Mariana Robattini, 16, conhecida como "A Menina dos Bambolês". - arquivo pessoal
A jovem paulistana Mariana Robattini, 16, conhecida como "A Menina dos Bambolês". Imagem: arquivo pessoal

Lorena Pelanda

Colaboração para Universa, em Curitiba

29/06/2022 04h00

Estudar em mais de 300 escolas diferentes, morar em um trailer e percorrer todo o Brasil para se apresentar em um circo. Essa é um pouco da rotina da jovem paulistana Mariana Robattini, 16, conhecida como "A Menina dos Bambolês" e integrante do Bellagio Circus. A trupe conta com 40 integrantes, muitos deles familiares.

O bambolê deixou de ser o único instrumento de trabalho da jovem nos últimos dois anos. Foi durante a pandemia, com a paralisação das atividades no circo, que ela resolveu entrar no TikTok. Com o próprio celular, a adolescente começou a gravar vídeos mostrando o cotidiano da vida circense. "Quando fui para internet resolvi mostrar o mundo que a gente vive e deu certo.Minha rotina é bem doida e desperta a curiosidade de muita gente", conta, em entrevista a Universa. São mais de 3,5 milhões de seguidores somente no TikTok.

Nos vídeos, ela traz as curiosidades de como se prepara para as apresentações, como montar o próprio camarim improvisado, escolhe o figurino e faz a sua maquiagem.

@marirobattini E TEM BANDIDO COM O BAMBOLÊ SIMM! vou seguir quem mais marcar o @zefelipe e a @Virginia #bambole #circo #maridocirco #bandidozf ? Bandido - Zé Felipe & MC Mari

Família tradicional circense

Mariana faz sucesso no TikTok  mostrando o cotidiano no Bellagio Circus. A trupe conta com 40 integrantes, muitos deles familiares. - arquivo pessoal - arquivo pessoal
Mariana faz sucesso no TikTok mostrando o cotidiano no Bellagio Circus. A trupe conta com 40 integrantes, muitos deles familiares.
Imagem: arquivo pessoal

Mariana começou nas atividades circense bem cedo, aos 6 anos. "Como a família é muito grande e muito tradicional no circo, cada um faz uma coisa. Somos descendentes de italianos e foi a nossa família que trouxe as lonas de circo para o Brasil em 1892, porque antes não tinha ainda aqui, então a tradição está no sangue", conta. "Meus avós, por exemplo, eram trapezistas e aprendemos muito com eles também", conta.

Além do bambolê, Mari também é trapezista e acrobata. Seus pais, Liliani e Mário Robattini são os proprietários do circo e também fazem parte do espetáculo. O pai é palhaço, conhecido como Palhação. A mãe é a coreógrafa e mágica. O irmão mais velho, Erikson, é sonoplasta e faz apresentações como arqueiro e o irmão do meio, Leonardo, é trapezista. Além disso, o pai e os irmãos também trabalham como glopistas - fazem o espetáculo do "Globo da Morte".

O trabalho continua fora dos palcos e das câmeras. Para complementar a renda da família, a artista faz bambolê e balões para serem vendidos após o espetáculo. A rotina, mostrada em um vídeo recente, teve mais de 5 milhões de visualizações no TikTok @Mari do Circo.

"Cada um é responsável pela sua 'venda', como pipoca e refrigerante. Eu faço bambolês e balões para serem vendidos depois dos espetáculos. Em média, faço 30 bambolês e 40 balões todos os dias. A saída dos bambolês é muito grande e todas as crianças querem um".

Rotina única

"Como me mudo toda hora de cidade, teve escola em que estudei apenas dois dias. Foram mais de 300 colégios que passei em várias partes do país até agora". Mariana conta que a trupe fica, em média, de uma semana a um mês em cada cidade.

"O trailer é uma casa por dentro, o que muda é a questão do espaço que é mais reduzido e adaptado. Lá, tem todo o conforto que tem em uma mansão. Eu gosto de montar meu camarim do lado de fora porque não dá tempo de voltar e se trocar para a próxima apresentação. Temos a nossa casa em Praia Grande, em São Paulo, e vamos para lá só para passarmos férias".

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Com mais exposição, a Menina dos Bambolês diz que o público circense cresceu. Só no circo em que trabalha, toda sessão atinge a capacidade máxima, com 600 pessoas.

"A nossa dificuldade é com a aceitação, já que é uma arte muito desvalorizada. Conseguir uma cidade para trabalhar é a parte mais difícil. Muitos não levam nosso trabalho como uma arte, como algo cultural, muitos acham que levamos na brincadeira. O legal é que depois do meu conteúdo, o público do circo aumentou. As pessoas ficam curiosas em saber como são as apresentações e isso me deixa muito lisonjeada".