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Vitamina, antibiótico e mais: o que corta efeito de pílula anticoncepcional

É possível engravidar usando pílula? Sim, outros medicamentos podem contrar o efeito do anticoncepcional - Getty Images/iStockphoto
É possível engravidar usando pílula? Sim, outros medicamentos podem contrar o efeito do anticoncepcional Imagem: Getty Images/iStockphoto

De Universa, de São Paulo

19/05/2022 04h00

Um vídeo com mais de 2 milhões de visualizações chamou a atenção no TikTok de quem toma pílula anticoncepcional. Nele, uma mulher diz que engravidou dois meses antes de seu casamento porque precisou tomar antibiótico, o que cortou o efeito do contraceptivo - o que foi um choque.

Não é comum e nem todos os remédios impedem o funcionamento correto da pílula, mas é sempre importante ficar atenta. "Alguns remédios podem cortar o efeito, sim. Sempre que tomar antifúngico e antibiótico, mesmo que estudos indiquem que eles não afetam a pílula, minha orientação é usar outro método contraceptivo pelos próximos 14 dias", diz a ginecologista e especialista em reprodução Alessandra Daud.

A ginecologista especialista em Sexualidade Feminina e Uroginecologia pela USP Lilian Fiorelli vai além e pede atenção pelo próximo mês. Segundo ela, o efeito no seu ciclo dependerá da fase da cartela que você está.

"Se começou a tomar antibiótico no começo da cartela, o corpo entende que você nem iniciou o uso de anticoncepcional naquele mês, então tem chances de ovular e engravidar. Se for no final, pode ter um sangramento antes do esperado e ter seu próximo ciclo comprometido", explica. Na dúvida, a indicação é sempre usar preservativo.

Ciclo no corpo

Segundo Stephani Caser, endocrinologista com pós-graduação em ginecologia e obstetrícia há apenas um antibiótico na biografia médica que, oficialmente é capaz de impactar o anticoncepcional: o Rifampicina, usado para tratar tuberculose. Mas isso não quer dizer que outros não mereçam atenção.

"Quando tomamos um remédio, ele tem um tempo de absorção no organismo antes de fazer efeito. No caso da pílula de via oral, isso pode levar de quatro a seis horas", diz Stephani. O nosso organismo absorve esse medicamento no intestino. Logo, todo remédio que também é absorvido nesse local pode impactar em seu efeito.

"Os antibióticos são absorvidos no intestino também. Isso pode alterar a flora do órgão, o que afeta a absorção da pílula", afirma a médica.

Se a consequência dessa alteração é diarreia ou vômito, por exemplo, a pílula também pode perder o efeito. "A diarreia aumenta o trânsito intestinal e a pílula não é absorvida corretamente", diz Alessandra.

Para Lilian, essa interrupção de função do remédio também pode acontecer com antibióticos mais comuns, como amoxicilina e azitromicina, que são amplamente utilizados. Segundo ela, isso ocorre porque ambos, antibióticos e anticoncepcionais, são metabolizados no fígado. "Quando chega o antibiótico, ele é metabolizado primeiro. E a pílula não é absorvida pelo corpo", explica.

Vitaminas e doenças pré-existentes

Prepare-se para o susto: até vitaminas podem afetar a eficácia de sua pílula anticoncepcional.

"Algumas vitaminas estimulam os receptores de estrogênio, que é um dos hormônios presentes na maioria dos anticoncepcionais usados pelas brasileiras. Esse estímulo aumenta o uso do hormônio no corpo", diz Stephani.

Se você usa mais, a quantidade ingerida pode não ser o suficiente para bloquear a ovulação. Na dúvida se pode tomar algum remédio natural, consulte seu ginecologista.

Fora isso, antivirais usados contra o HIV, os remédios para pacientes com epilepsia e enxaqueca também podem alterar a pílula de uso oral. Para essas pessoas, a indicação é fazer uso de um outro método indicado pelo médico.