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Mulher acusa motorista de app de dopá-la com pano: 'Sente o cheirinho'

O caso ocorreu no Rio Grande do Sul e foi compartilhado nas redes sociais; polícia investiga o ocorrido - Reprodução/Instagram
O caso ocorreu no Rio Grande do Sul e foi compartilhado nas redes sociais; polícia investiga o ocorrido Imagem: Reprodução/Instagram

De Universa, em São Paulo

08/10/2021 11h04Atualizada em 08/10/2021 13h35

Uma moradora de Canoas (RS) relatou em suas redes sociais que um motorista colaborador da Uber tentou dopá-la. Em vídeo publicado ontem, Duda Bassani, que se apresenta como gestora de turismo, conta que estava saindo do trabalho em direção à sua casa quando o motorista do veículo ofereceu-lhe um produto que, supostamente, servia para desengordurar telas de celulares e óculos. No entanto, ela começou a passar mal ao inalá-lo.

De repente ele me falou que tinha um produto, que era um desengordurante para tela de celular e para óculos. Perguntou se ficava muito marcada a minha tela e pediu para que eu experimentasse no celular. Eu não dei muita bola, ele pingou um negocinho no pano e eu passei no celular. Depois ele falou: 'Sente o cheirinho, é um cheirinho muito bom'. Eu falei que não tinha sentido e ele pegou o pano de volta, pingou bem mais líquido e passou para trás, pedindo para eu cheirar.

Duda conta que não chegou a levar o pano diretamente até o nariz e que, na ocasião, ainda estava utilizando máscara facial.

Quando o pano se aproximou eu comecei a tontear e a ficar tudo preto. Aí ele falou: 'Tira a máscara e sente o cheirinho de perto'. E nisso eu já botei a mão na porta e ele as trancou bem nessa hora.

A gestora de turismo ainda relata que o automóvel possuía uma ferramenta para destrancar a porta por dentro e que, por isso, conseguiu saiu sair do veículo.

Eu já tinha percebido isso e, meio que tonteando, eu puxei o dedo e consegui destrancar a porta. E me atirei do carro em movimento.

Ela ainda relata que o motorista pediu o pano novamente e, antes de correr, ela o atirou de volta.

Saí correndo desesperada e encontrei uns caras de caminhão e pedi pelo amor de Deus para eles me levarem em casa. Subi no caminhão e eles me levaram. Foi aterrorizante, desesperador.

Duda diz que, em seguida, fez um boletim de ocorrência sobre o caso. Ela ainda relata que, no momento, a Uber se negou fornecer o nome completo do colaborador. "Como a empresa levanta a bandeira de proteger, de segurança à mulher, mas quando têm oportunidade de fazer alguma coisa por isso que aconteceu, não fazem nada?", contestou.

Segundo a atual delegada responsável pelo caso, Clarissa Demartini, da DEAM (Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher) de Canoas, a averiguação do caso está em curso. "Estou mantendo os dados em sigilo para não atrapalhar a investigação", disse ela, a Universa.

Em nota enviada a Universa, a Uber informou que a conta do motorista já foi desativada da plataforma e que está em contato com as autoridades para colaborar com a investigação. "A Uber repudia qualquer tipo de comportamento abusivo contra mulheres", diz comunicado.

A empresa ainda afirmou que está à disposição das autoridades e que participa "ativamente do enfrentamento da violência contra a mulher" com projetos voltados para a questão, incluindo campanhas contra assédio, podcast educativo para parceiros e canal de suporte psicológico para vítimas de violência de gênero na plataforma.

"Segurança é uma prioridade para a Uber e inúmeras ferramentas atuam antes, durante e depois das viagens para torná-las mais tranquilas, como, por exemplo: o compartilhamento de localização, gravação de áudio, detecção de linguagem imprópria no chat, botão de ligar para a polícia, entre outros", finaliza o comunicado.

Em caso de violência, denuncie

Ao presenciar um episódio de agressão contra mulheres, ligue para 190 e denuncie.

Casos de violência doméstica são, na maior parte das vezes, cometidos por parceiros ou ex-companheiros das mulheres, mas a Lei Maria da Penha também pode ser aplicada em agressões cometidas por familiares.

Também é possível realizar denúncias pelo número 180 — Central de Atendimento à Mulher — e do Disque 100, que apura violações aos direitos humanos.

Há ainda o aplicativo Direitos Humanos Brasil e através da página da Ouvidoria Nacional de Diretos Humanos (ONDH) do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH). Vítimas de violência doméstica podem fazer a denúncia em até seis meses.