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Tatiane Spitzner: "Finalmente ela vai descansar", diz prima após sentença

Tatiane (à esq.) com a prima Bruna Spitzner: "Tenho certeza que ela está orgulhosa da família" - Arquivo pessoal
Tatiane (à esq.) com a prima Bruna Spitzner: "Tenho certeza que ela está orgulhosa da família" Imagem: Arquivo pessoal

Camila Brandalise

De Universa

10/05/2021 20h52

A família de Tatiane Spitzner afirma estar aliviada após o julgamento de Luís Felipe Manvailer, condenado a 31 anos pelo feminicídio da advogada, morta em julho de 2018.

"É um alívio pela Tati. Finalmente ela vai poder descansar", disse Bruna Spitzner, prima de Tatiane, a Universa. "Tenho certeza que ela está orgulhosa da família, aguentamos tudo o que aconteceu, uma exposição muito grande. Agora estamos aliviados." Bruna, que encampou uma forte campanha pedindo justiça para Tatiane, diz que continuará lutando pelos direitos das mulheres.

Em fevereiro, Bruna falou sobre a dor de perder a prima, que considerava sua melhor amiga. "A gente era praticamente irmã. Falávamos da vida, pedíamos conselhos, ríamos juntas. Tati sempre nos chamava para fazer caminhadas com ela. A gente tenta preencher o vazio com as boas lembranças, mas é muito difícil. Continuamos nos encontrando, agora em quatro primas, mas o lugar dela está sempre ali. É uma dor que nunca sara."

Advogado da família de Tatiane desde que o crime ocorreu, Gustavo Scandelari afirmou a Universa que o alívio da família se deu também pelo fim do julgamento, que durou sete dias. "Tínhamos a expectativa da condenação, mas a confirmação de forma oficial é muito satisfatória. Quando finalmente saiu o resultado, ficamos com a sensação de que as coisas podem dar certo", afirmou ele, que também foi assistente de acusação.

A família nunca vai ter ela de volta, mas a sentença é uma satisfação espiritual, emocional. Para a sociedade, pode se reverter na prevenção de novos casos e, inclusive, salvando vidas

Sete dias de julgamento e depoimento de 11 horas

O julgamento de Manvailer começou na terça-feira (4), em Guarapuava. O primeiro passo foi a composição do júri. Foram escolhidas sete pessoas, todos homens, para julgar o réu. Durante os sete dias seguintes, foram ouvidas testemunhas e apresentadas provas de defesa e de acusação.

Entre as pessoas que deram depoimentos estiveram moradores do mesmo prédio em que o casal morava, policiais que foram ao local, peritos e especialistas que acompanharam o caso, entre outros convocados para dar informações sobre o que haviam presenciado. Após dois dias de plenário, a defesa de Manvailer mudou a argumentação sobre o que haveria acontecido.

No tribunal, o advogado Claudio Dalledone Junior afirmou que a vítima se acidentou quando utilizava uma "estratégia emocional" para conseguir acessar o telefone do marido, o que teria causado sua queda. Em declarações e entrevistas anteriores, porém, Dalledone afirmara que Tatiane tinha depressão e havia se suicidado.

O réu foi interrogado por onze horas durante o domingo (9). Em sua fala, pediu perdão aos familiares de Tatiane, aos próprios parentes e às mulheres vítimas de violência no Brasil. Ele assumiu que agrediu — as cenas foram registradas por câmeras de segurança e chamaram a atenção para o caso logo após a morte de Tatiane, ainda em julho de 2018 —, mas reafirmou que não matou.