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Cortar x regenerar: como fazer com que seu cabelo cresça saudável e forte

Getty Images
Imagem: Getty Images

Colaboração para Universa

22/12/2020 04h00

Brasileira ama um cabelão e tem fama de fugir da tesoura. Vamos combinar: a gente ama cabelo lindo, brilhante, sedoso, cheio de balanço. Mas a gente também ama mudar a cor e a textura dele, tomar sol, mergulhar no mar, na piscina... E isso vai danificando os fios - principalmente as pontas, que se abrem.

Mas quando realmente é necessário cortar e quando bons produtos dão conta de regenerar os fios? E em casos extremos, será que só a tesoura salva? Resolvemos investigar.

Quando cortar é a única solução?

Quando o cabelo sofre um dano muito grande por químicas, instrumentos térmicos ou radiação ultravioleta, pode ocorrer um dano irreversível. Há mesmo uma série de fatores que exigem o corte como única saída.

"Um procedimento químico mal sucedido, seja uma coloração, um reflexo ou um alisamento, danifica demais o fio do cabelo e, muitas vezes, a tesoura é a única solução", diz o hair stylist Sandro Cassolari, do salão Casa Floráh, em São Paulo.

"É preciso lembrar que muitas vezes é possível fazer um corte 'limpeza dos fios', sem modificar tanto o comprimento", afirma Mariana Corrêa, dermatologista de Brasília, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica, com especialização em tricologia médica.

Cronograma capilar pode salvar seu fio

O cronograma capilar combina produtos de hidratação, nutrição e reconstrução devolvendo ao cabelo danificado e poroso diversos aminoácidos, vitaminas e óleos essenciais. "Estudos científicos demonstram que o óleo de coco tem alto poder de penetração medular e fechamento de cutículas", afirma Lucas Fustinoni, membro da World Trichology Society e da European Hair Research Society.

Porém, se o dano for muito severo ou prolongado o tratamento tópico com cremes e máscaras capilares não consegue resolver. Por isso, o bom diagnóstico precoce da necessidade do fio ajuda a salvá-lo. "As máscaras reconstrutoras devolvem parte da queratina [principal proteína da haste capilar] perdida. Assim, as camadas do fio vão se fechando e os fios conseguem reter mais água e nutrientes por mais tempo, resultando em melhor hidratação e brilho", diz Ana Carina Junqueira, dermatologista especialista em tricologia do Instituto Brasileiro de Estudos e Pesquisa em Medicina Capilar, em São Paulo.

Mas não adianta usar o produto todo dia, acreditando que os benefícios serão maiores. "As máscaras de tratamento atuam basicamente nas primeiras camadas do cabelo -cutícula e córtex. Na cutícula, ajudam no selamento. Já o córtex será atingido por máscaras reconstrutoras que possuem na sua formulação aminoácidos ou proteínas como queratina", diz Mariana.

Elas repõem os componentes proteicos que são perdidos nos fios por danos como químicas e danos térmicos. "Além disso, óleos capilares também podem ajudar muito, pois formam uma película protetora no cabelo, que chamamos de reestruturação lipídica", diz Mariana.

A causa das pontas duplas

O fio capilar é dividido em três partes: medula (parte interna que distribui minerais e nutrientes), córtex (parte do meio e que oferece elasticidade e força) e a cutícula (camada externa e composta por escamas). Quando o cabelo está saudável, as três camadas estão unidas.

"Porém, os fios podem sofrer muitas agressões e desgaste e as suas extremidades se bifurcarem em duas ou mais camadas criando as pontas duplas", fala Mariana. O termo científico é tricoptilose, e ele ocorre devido ao ressecamento da fibra capilar. Falta de corte, de cuidado, excesso de secador, escova, exposição solar e praia também contribuem para a aparição das pontas duplas. "O corte é a melhor forma de eliminá-las", fala Sandro.

Depois de retirada a ponta, a dica é investir em um condicionador adequado ao seu fio para que elas não voltem a aparecer. "Infelizmente, pontas duplas não têm tratamento clínico. Somente o corte pode remover a parte danificada e impedir a progressão do dano", diz o médico Lucas Fustinoni.

Sim, tratamentos químicos também podem acelerar ou piorar o quadro. "O ideal é hidratar o cabelo semanalmente para que não chegue ao ponto de rompimento das camadas medulares", ensina Lucas.

Dicas para evitar as pontas duplas

Use produtos que selam as pontas, como cremes finalizadores e leave-in. "Eles selam temporariamente as pontas por conterem polímeros com cargas positivas e negativas que se ligam ao cabelo, dando a ele uma aparência mais saudável", fala Mariana. Como esses produtos saem com a lavagem, ao parar de usá-los, as pontas duplas podem voltar a ficar visíveis;

Finalizadores com silicone podem ser aliados. O silicone funciona como uma espécie de barreira para os cabelos, unindo as escamas dos fios danificados. "Por isso, utilizar produtos sem enxágue com esse ingrediente ajuda a disfarçar as pontas duplas. O silicone também pode realçar o brilho", diz Mariana.

Use protetores térmicos antes do secador e filtro solar capilar antes da exposição solar.

Reduza ou evite as químicas capilares e opte por produtos menos agressivos.

Use máscaras capilares hidratantes ao menos uma vez por semana. Dependendo do nível do dano capilar, é importante associar máscaras reconstrutoras ao tratamento.

E quando as pontas afinam?

A fase de crescimento do cabelo, chamada anágena, dura em torno de 72 meses. A ponta representa a parte mais antiga do fio. "Portanto, sofreram mais com as agressões naturais ao longo do tempo como escovação, secagem, uso de cosméticos, além da poluição e incidência de luz solar do meio ambiente. Com isso, as 'escamas' que formam a camada da cutícula do fio são perdidas, deixando a haste capilar mais fina", explica Ana Carina.

O problema pode começar logo no bulbo capilar. "Falta de vitaminas, alterações hormonais, distúrbios inflamatórios, entre outros, podem fazer com que o bulbo capilar origine uma ponta mal formada", fala Lucas.

A frequência ideal do corte

Um fio de cabelo saudável deve crescer entre 12 e 15 centímetros ao ano. E o ideal é realizar o corte a cada 3 meses para remover constantemente as fibras danificadas e impedir o avanço das pontas duplas.

"Quem acredita que para deixar o cabelo crescer é preciso deixar de cortar por um ano erra. A cada três meses você vai ajustando o corte", conta Sandro. Seguindo o cronograma normal de crescimento capilar e cortando só as pontas a cada três meses é possível ter um cabelo longo e saudável.