Streaming mapeia cenas de violência contra mulher em filmes e novelas
Exibida originalmente em 2003, a novela global "Mulheres Apaixonadas" levou à TV a representação de uma experiência que, infelizmente, faz muitas vítimas na vida real: a da violência contra mulher. Quem assistiu ao folhetim, ou vê agora na reprise no Canal Viva, não se esquece da cena de agressão protagonizada pelos atores Helena Ranaldi, como Raquel, e Dan Stulbach, no papel de Marcos. Ele fazia o marido que usava uma raquete de tênis para bater na companheira.
Não há dúvidas de que a sequência, em que Marcos dá "raquetadas" em Raquel, é de violência física. Mas, para incentivar a denúncia quando esse tipo de situação acontecer em casa ou em qualquer ambiente e ensinar sobre outras formas de violência que as vítimas podem sofrer, o Instituto Maria da Penha (IMP), com a agência de comunicação Fbiz e apoio da ONU Mulheres, criou uma plataforma de streaming, a 180Play. Nela, são analisados filmes, séries e novelas conhecidos pelo público.
180Play mapeia cenas de violência contra mulher
Com um catálogo gratuito feito de trechos de filmes, séries e novelas, o 180Play é uma ferramenta de informação e apoio às mulheres que sofrem/podem sofrer violência. Ao entrar no site, o usuário ou usuária seleciona um título de conteúdo audiovisual (como "Mulheres Apaixonadas", "Titanic" ou "Pulp Fiction") e assiste a uma parte selecionada do material.
No final, a plataforma explica que tipo de violência fez parte da cena. Em Titanic, por exemplo, é mostrado um trecho em que o noivo de Rose (Kate Winslet), Cal (Billy Zane), diz que ela deve "o respeitar como marido", reclama de ela não ter o encontrado na noite anterior, e saí do recinto jogando uma mesa no chão. É violência psicológica.
"Trata-se de qualquer conduta que cause dano emocional e diminuição da autoestima da mulher, prejudique e perturbe o seu desenvolvimento ou vise degradar ou controlar as suas ações, comportamentos, crenças e decisões", avisa a plataforma.
O 180Play ainda elenca que a violência psicológica de gênero pode incluir vigilância constante, insultos, humilhação, constrangimento, limitação do direito de ir e vir, entre outras ações do agressor.
São categorizadas também as violências sexual, moral e patrimonial, que pode ser identificada quando a vítima sofre com a subtração financeira, de documentos ou de bens pelo outro ou quando ele causa danos propositais a bens da vítima, entre outras situações.
Para a cofundadora e superintendente geral do IMP Conceição de Maria, a ideia é desnaturalizar as atitudes violentas e difundir os preceitos da lei Maria da Penha.
"É fundamental ampliar o acesso à lei, sobretudo nesse contexto de isolamento social, em que o número de casos aumentou de maneira significativa. Reconhecer que está em uma situação de violência é um passo importante para a mulher buscar ajuda e quebrar o ciclo da violência", disse, em comunicado.
Vale dizer que o material do streaming tem classificação indicativa dos conteúdos e que os trechos são fictícios e não se associam à apologia à violência.
Ciclo da violência, como denunciar
Vale dizer que a Lei Maria da Penha define como violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial.
A fim de conscientizar quem estiver passando por qualquer momento assim em um relacionamento, o 180Play também explica o que é o ciclo da violência — que vai do aumento da tensão ao ato de violência e ao arrependimento do agressor, continuadamente — e incentiva que mulheres denunciem o que estão vivendo. Para isso, é possível ligar para o 180 ou procurar um Centro de Referência de Atendimento à Mulher de sua cidade. Durante a pandemia, há outras estratégias virtuais para denunciar o caso.
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