BDSM: de gelo a vela acesa, 5 'jogos de temperatura' que apimentam o sexo

Se você curte ou tem curiosidade sobre práticas e jogos dos adeptos do BDSM (sigla para Bondage, Disciplina, Dominação, Submissão, Sadismo e Masoquismo), precisa conhecer os chamados temperature plays (jogos de temperatura, em tradução livre). Eles envolvem experiências com fogo e gelo, entre outros recursos, com o objetivo de causar dor e, ao mesmo tempo, tesão.

Num relacionamento BDSM, existe a submissão associada à possibilidade de o dominador produzir dor, demonstrando o poder sobre o outro. Mas, se não houver isso, será apenas uma prática comum de busca de sensações que podem ser mais intensas e erotizadas.

Como brincar

As práticas de temperature plays envolvem o uso de substâncias como água, óleo, cera derretida, gelo, caldas quentes, manteiga derretida, sorvete, cremes gelados, entre outras.

Objetos pré-aquecidos em água quente ou resfriados em água gelada também são adotados, a exemplo de talheres, correntes, colares, algemas, frutas, vegetais, etc.

O prazer surge a partir da expectativa de sentir algo novo, seja pela mudança brusca de temperatura da pele, seja pela diversidade de sensações táteis. A pele fica mais sensível, o que potencializa a reação aos toques.

O efeito de contraste de temperatura intensifica os sentidos e o cérebro é desafiado a interpretar essas sensações, ficando mais ativo. Como o cérebro é o maior responsável pela nossa percepção de dor e prazer, aciona a injeção de adrenalina e endorfina em nosso sangue, levando os praticantes a prazeres mais elevados.

Veja as práticas mais quentes - sem trocadilho

Jogo de fogo - envolve o uso de chamas na pele ou muito perto dela. A chama é ligada ou aplicada com uma pequena tocha e frequentemente utiliza 70% de álcool isopropílico como combustível. O jogo de fogo é geralmente considerado uma forma de sentir fortes emoções. Raramente deixa marcas na pele, embora algumas pessoas deliberadamente a queimem para deixá-la vermelha e irritada.

Escavação de fogo - o ar de dentro de uma xícara (quase sempre de vidro) é aquecido e depois colocado sobre a pele. O ar de resfriamento cria uma bolsa de baixa pressão que puxa a pele para dentro da xícara como uma ventosa.

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Jogo de cera - a mais conhecida entre quem prefere o sexo "baunilha" (sem componentes do BDSM), consiste em pingar a vela acesa no corpo do parceiro. É uma prática que ficou famosa por conta da personagem da cantora Madonna no filme "Corpo em Evidência" (1993). As velas indicadas para essa prática são as que derretem a no máximo 65 °C, feitas à base de soja, parafina ou cera de abelha.

Jogo de gelo - pedaços de gelo são dispostos na pele nua de uma pessoa. Essa forma de brincar com a temperatura baixa é frequentemente usada nas preliminares. Parte ou todo o corpo pode ser imerso em gelo ou água gelada por curtos períodos de tempo.

Jogo do quente e frio - nessa modalidade são experimentados extremos de qualquer um deles. Um tipo comum e facilmente empregado de tortura a frio é fazer com que os sujeitos fiquem deitados nus na neve ou em ambiente refrigerado. Isso pode ser livremente ou amarrado. Uma variante da exposição ao frio é borrifar água gelada no corpo quente ou água quente estando em um ambiente com temperatura baixa. Outro método comum de provocação térmica consiste em envolver a pessoa em filme plástico, cobertores ou roupas de couro, geralmente com as pernas juntas e os braços próximos ao corpo. A exposição geral ao calor e ao frio pode ser usada como preliminares, durante os quais a relação sexual ocorre ou o orgasmo é induzido.

Para facilitar a concentração de atenção às sensações táteis de calor e frio, é muito comum o uso de vendas, assim como imobilização por cordas ou correias.

Cuidados necessários

O fato de a dor excitar não impede que as pessoas tomem os devidos cuidados para evitar ferimentos, alguns com consequências graves. É importante lembrar que todo relacionamento BDSM é, antes de mais nada, uma relação de confiança. Toda prática exige consentimento e combinados sobre limites.

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É comum, nessas práticas, combinar uma senha ou palavra de segurança que o submisso (aquele que está entregue ao comando do outro) pode proferir para sinalizar que está sentindo desconforto e não deseja mais continuar.

Nos jogos de cera, por exemplo, é fundamental evitar pingar o líquido em áreas como as mucosas: lábios, olhos e genitálias.

Inserir o gelo na vagina, no ânus e, ocasionalmente, na uretra masculina também é uma ação extremamente arriscada, pois o gelo pode danificar tecidos sensíveis.

Temperaturas acima de 70 graus produzem queimaduras rapidamente, assim como as abaixo de zero.

Outro fator aqui é o tempo de exposição, já que basta uma fração de para produzir queimaduras.

Também são perigosas as substâncias altamente inflamáveis como o álcool.

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Um fato interessante é que os envolvidos nesses jogos e que buscam sensações mais extremas também pensam em formas protetivas, como ter à disposição material para primeiros socorro se emergências, reconhecendo os limites que podem ser ultrapassados e produzir lesões e queimaduras. Testes de sensibilidade costumam ser feitos previamente por algumas pessoas.

Fontes: Marcos Santos, psicólogo especialista em sexualidade humana, Oswaldo Martins Rodrigues Jr., terapeuta sexual diretor do Instituto Paulista de Sexualidade (Inpasex) e autor do livro "Parafilias - Das Perversões às Variações Sexuais" (Zagodoni Editora), Saulo Vito Ciasca, psiquiatra em Sexualidade e Saúde LGBTQIA+.

*Com informações texto publicado em 20/06/2020

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