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Quando o mundo volta?: famosas no exterior fazem bolão e discutem pandemia

De Universa

30/03/2020 15h01Atualizada em 30/03/2020 16h26

Maio, junho, agosto? No UOL Debate desta segunda-feira, brasileiras famosas que moram no exterior mostraram que têm em mente a mesma dúvida que você diante da pandemia de coronavírus: "Vamos fazer um bolão? Quando o mundo volta?", pergunta a atriz Luana Piovani, que mora com os filhos em Caiscais, em Portugal.

Universa convidou quatro brasileiras famosas que estão morando nos Estados Unidos e na Europa para conversar sobre como a devastação provocada pela covid-19 está sendo encarada por elas, em suas famílias, e como os países em que moram estão tratando do tema. Mediadas pela colunista de Universa que mora em Berlim, Nina Lemos, participaram, além de Luana, a modelo e ex-BBB Tessália Serighelli (em Londres), Tania Khalill (em Nova York) e Patricia Maldonado (em Orlando).

Luana se disse otimista e espera que em maio ela já possa pegar um avião para encontrar o namorado, que mora em Israel. Patricia concordou, e previu para início de junho a volta à normalidade. De olho nos gráficos, Tessália avalia que, para respirarmos aliviados, é melhor apostar em agosto.

Seja quando for, até que a pandemia nos devolva à vida cotidiana, elas -assim como todos nós- precisam administrar trabalho, filhos e casa, cuidar para que o medo não tome conta da mente e alimentar a fé de que vamos sair melhores dessa crise mundial. E já fazem planos para quando tudo isso passar.

As debatedoras também fizeram críticas à postura do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e contam como as iniciativas nos países onde moram diferem ou se aproximam do que vivemos hoje no Brasil. A seguir, o debate dividido por temas.

"Nível de besteira de Bolsonaro é assassino"

As medidas anunciadas até aqui pelo Brasil — em especial pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, no combate à pandemia do novo coronavírus foram alvo de críticas. As alfinetadas que Luana Piovani deu no presidente espetaram até seu ex-marido, o surfista Pedro Scooby, pai de seus três filhos.

"O presidente está falando besteira desde que entrou. Agora é um nível de besteira assassino, irresponsável, inconsequente, imprudente. E não me venha com xurumelas de economia, pelo amor de Deus; não sei nem que palavra dizer. São tantos equívocos do nosso presidente que não é surpresa. É tão inacreditável o que ele está fazendo. Irresponsável é pouco. Uso isso pra falar do meu ex-marido", desabafou a artista.

Tessália se diz temerosa com o rumo político do país. "O que a gente está vendo agora, a gente fica meio engasgado de pensar essas situações. Somos mulheres bravas e sentindo esse medo. Pessoas que normalmente não têm medo e se sentindo nesse momento com medo", relatou.

"Realmente acho que é uma questão de repensar nosso relacionamento com o governo, com a política, com as pessoas responsáveis por esse tipo de questão. Aqui em Londres me sinto mais cuidada que a minha família no Brasil", acrescentou.

Patricia Maldonado engrossou o coro nas críticas. Como jornalista, lembrou também da relação de Bolsonaro e apoiadores com a imprensa nos tempos de pandemia.

"Fico revoltada de ver a maneira como a classe jornalística está sendo tratada pelo presidente. A gente divulga números oficiais. Ninguém está criando [informação]", reforçou. "Não saio de casa para fazer minhas entradas todo dia de manhã porque acho cool. É meu trabalho."

"Raiz quadrada? Nem sei por onde começar"

Administrar a rotina das crianças, e suas aulas à distância, foi alvo de discussão entre as brasileiras no exterior. Luana Piovani, que tem três filhos, disse que está aproveitando o tempo em casa para observá-los e diz que é uma rotina cansativa. "Eu digo que não pari três crianças, mas três sacis. É uma loucura, uma Timbalada em cima da minha cabeça 24 horas", desabafou. "Mas está sendo muito gostoso."

Já Patricia Maldonado contou que sente dificuldades em manter a rotina de estudos dos filhos em meio ao caos.

"Tenho mais tempo para aproveitar com elas agora, mas, ao mesmo tempo, está me afligindo essa questão da aula online. É difícil para caramba manter a rotina." Patricia conta que é difícil assumir o papel de professor, sobretudo em um outro país. "Raiz quadrada? Nem sei por onde começa a ensinar."

Tania Khallil explicou que as crianças não querem sair de casa, em Nova York, que vive hoje o epicentro da doença nos Estados Unidos. "Ontem, minha filha mais nova, que nunca quis ir para o Brasil, pediu para ir para o Brasil, pela liberdade de correr", disse.

Isolamento e abusos pelos países

"Está tudo fechado, mas acho que aqui as pessoas não estão em pânico. Estão reclusas, e não isoladas. As ruas estão vazias", disse Luana Piovani, que conta ainda ver movimento pelas ruas, sobretudo de mães passeando com seus filhos.

"Acho que as pessoas estão conscientes. Teve sumiço de produto no mercado inicialmente, mas houve campanha para as pessoas pararem com isso, e já cessou", explicou.

Na Inglaterra, Tessália vê pouca circulação de pessoas. "As pessoas estão indo ao parque, se exercitando, e não mais que isso. Até as pombinhas sumiram".

Em Nova York, segundo Tania Khalill, as regras também têm sido seguidas. "A única coisa que pode é, obviamente, ir ao mercado. Fui na semana passada e não tinha ninguém. Mas as pessoas têm feito corridas, com distanciamento. Elas estão saindo na rua, e estamos falando de um lugar com apartamentos muito pequenos. A questão do isolamento é muito forte, e uma passeada na rua é importante para a saúde mental", relatou.

Mas nem todo lugar é tão rigoroso quanto à restrição. Em Portugal, Luana Piovani lembrou que há uma construção perto de sua casa. "Tem duas casas sendo construídas perto da minha casa. E eles não pararam. E ninguém está de máscara", citou a atriz e apresentadora.

Em Miami, Patricia Maldonado presenciou situação semelhante. "As pessoas estão abusando em vários lugares. O governador falou que pode ir à rua para se exercitar, ir ao mercado. No fim de semana, fui levar a cachorrinha para passear e um grupo de brasileiros estava fazendo churrasco na rua. Devia ter umas 40 pessoas, jogando futebolzinho no terreno ao lado, e vi que era brasileiro. E pensei: caramba, esse povo vive em Marte", contou.

"Tinha que ser brasileiro", alfinetou Luana.

"Estou no seguro-desemprego", diz Tessália

Tessália trocou há poucas semanas o Brasil pelo Reino Unido. "Eu estava em um trabalho 'normal', em um hotel, na Irlanda. Mas agora eles não estão demitindo, mas deixando os funcionários irem para casa. O governo lá entrou com um sistema em que ajuda com 350 euros [quase R$ 2.000] por semana ou 70% do salário do funcionário. Isso ajuda bastante", conta ela, que tem previsão de manter esse cenário por mais 12 semanas. "Eu ainda estou empregada, mas em casa, estou no salário desemprego."

Tania diz que a situação em Nova York é delicada: "No geral, as pessoas são trabalhadoras sem contrato. E é um dos aluguéis mais caros [do mundo]. Então, é uma situação fragilizada".