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Em 20 anos, número de adolescentes grávidas no estado de SP caiu 56%

Os números são resultado do Programa da Saúde do Adolescente, coordenado pela ginecologista Albertina Duarte Takiuti - Divulgação
Os números são resultado do Programa da Saúde do Adolescente, coordenado pela ginecologista Albertina Duarte Takiuti Imagem: Divulgação

Camila Brandalise

De Universa, em São Paulo

03/03/2020 12h34

A cada hora, 55 jovens entre 10 e 19 anos dão à luz no Brasil. No estado de São Paulo, a média é bem menor: são sete partos nessa faixa etária por hora.

O estado está, inclusive, abaixo da média mundial, que é de 44 a cada 1.000 nascimentos. Em São Paulo, são 22 a cada 1.000.

Dados divulgados hoje mostram que os índices de gravidez entre jovens de 10 a 19 anos caíram drasticamente no estado mais populoso do país entre 1998 e 2018. Foram de 148 mil nascimentos para 68 mil. No total, a queda foi de 55,6% em relação à primeira gestação.

Os números são resultado do Programa da Saúde do Adolescente, coordenado pela ginecologista Albertina Duarte Takiuti.

"Foram criadas casas, centros de acolhimento para adolescentes, em regiões que tinham mais casos" explica Albertina. Nesses locais, eram feitas rodas de conversa, consultas e passadas orientações referentes à sexualidade.

"Essas casas eram vitrines e mobilizaram outras entidades. Escolas e unidades básicas de saúde também se envolveram", afirma.

Uma campanha lançada também nesta terça-feira pretende avançar nessa área. Intitulada "Gravidez na adolescência é para a vida toda", contará com a veiculação de peças publicitárias nas redes sociais, além de ações presenciais em escolas e unidades básicas de saúde. Também foi lançado um concurso de YouTubers para estudantes da rede pública estadual que falarem sobre o tema.

Albertina diz que também pretende instituir rodas de conversa em escolas e unidades básicas de saúde em todo o estado, para que adolescentes falem sobre questões relacionadas à sexualidade.

A campanha envolve as secretarias de Justiça, Saúde e Educação.

"Falar sobre sexo não aumenta a atividade sexual, aumenta a autoestima e a prevenção", diz Albertina.

A médica ressalta as dificuldades na gravidez na adolescência, principalmente, para as garotas. Em 60% dos casos, o pai some. Em 80%, elas abandoma a escola.

"Também tem o risco físico, parto prematuro, morte, problemas de crescimento do bebê. Até 15 anos, há alto risco. Até 17, médio", diz.

"Com pânico ou silêncio, o jovem não vai aprender. A informação liberta. Falar sobre estimula a prevenção", ressalta a ginecologista.