Iogurte, kefir e Yakult na vagina: remédio para equilibrar o pH ou loucura?
![Aderir à ginecologia natural não quer dizer ser contra à tradicional. As duas podem, inclusive, ser complementares - iStock](https://conteudo.imguol.com.br/c/entretenimento/6b/2018/05/18/vagina-1526675661814_v2_450x600.jpg)
Tente buscar pelo casamento das palavras Yakult e vagina no Google. “Aproximadamente 20 mil resultados”, devolve a ferramenta. E que tal: iogurte natural e vagina? “155 mil resultados”. Já kefir - um probiótico caseiro feito a base de água ou leite fermentados - mais vagina renderam 63 mil respostas até o fechamento deste texto.
Pode parecer poção mágica ou mais uma receita meio maluca de vó, mas sim, existe uma vertente da ginecologia, a natural, que recomenda alguns desses ingredientes para o tratamento de infecções vaginais. Candidíase, por exemplo, que é responsável por uma incontrolável coceira e também uma vermelhidão, tanto na vulva quanto no canal vaginal.
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Fato: qualquer mulher que tenha passado pelo problema sabe como ele pode ser desagradável e até mesmo limitar tarefas simples da vida. Quem aqui consegue sequer respirar direito com a genitália queimando de coceira!?
Mas antes que você queira testar as receitas para acabar com o incômodo entre as suas pernas, alguns pontos precisam ser esclarecidos.
Primeiro, explica a ginecologista Bel Saide, “Yakult, não”. E por alguns motivos: "tem açúcar, que alimenta os fungos ruins da candidíase, e é um produto industrializado. Se é para as mulheres recorrerem à ginecologia natural, melhor que os remédios sejam naturais”, ela completa.
Por isso, o iogurte natural (quando de fato natural e sem açúcar) e o kefir são as recomendações de Bel. Os dois “têm o poder de equilibrar o pH da vagina, que com a candidíase, fica extremamente ácido”, explica a ginecologista. Basta passar esses ingredientes na vulva (a parte externa da sua genitália) e introduzi-los no canal vaginal, como se estivesse "banhando a pepeka".
Além do iogurte e do kefir, o alho é um santo remédio, graças a seu efeito antibiótico poderoso. Uma repórter de Universa inclusive testou o método e contou tudo sobre a experiência.
Outra indicação de Bel é fazer banhos de assento. "Com chá de camomila, uma vez ao dia, por exemplo." Basta encher uma bacia de chá em temperatura ambiente e ficar ali, sentada e sem calcinha, por 15 minutos. Própolis também funciona. É só diluir em água e preparar o banho.
Em sua página no Facebook, Ginecologia Natural, Bel fala mais dos tratamentos.
E as evidências científicas?
O alho, especificamente, tem bastante. Existem estudos que comprovam seu efeito antibiótico e até um brasileiro, publicado na Revista Brasileira de Plantas Medicinais, que mostrou a ação do alho em relação à Cândida Albicans (esse é o nome do fungo responsável pela candidíase) é eficiente.
Mas tem muita coisa que ainda não está comprovada dentro da medicina tradicional. Faltam, inclusive, estudos sobre a verdadeira eficácia dos elementos naturais quando introduzidos na vagina. "Cientificamente, a gente sabe que iogurte natural, kefir e alho fazem bem para o corpo humano. Conhecemos as boas propriedades desses alimentos. Agora, a indústria farmacêutica, que produz as pesquisas, não está interessada na ginecologia natural porque não é lucrativa", diz Bel. "Uma cabeça de alho pode ser encontrada por 1 real na feira e trata você, sua mãe, sua irmã, sua tia. A quem isso de fato interessa?", ela questiona.
O negócio não é negar os remédios tradicionais, mas poder escolher
Aderir à ginecologia natural não quer dizer ser contra à tradicional. Elas podem ser encaradas como complementares. Isso quer dizer que cada caso é um caso, se para uma pessoa pode funcionar um fitoterápico, para outra o ideal vai ser um medicamento de farmácia. "Há mulheres que preferem tratar a candidíase com pomada, e tudo bem. É importante que cada uma se sinta segura e confortável com as suas escolhas", diz Bel.
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