Medo de palhaço: mais do que aversão, pode ser uma doença psiquiátrica
É bem possível que você conheça uma criança que não goste de palhaços. Chore ou saia correndo quando vê um. A aversão é mais difícil de ser escancarada por um adulto, mas saiba que ela existe e não é frescura. Quando acompanhado por reações físicas –como taquicardia, falta de ar e até desmaio--, o medo de palhaços é, na verdade, uma fobia e por isso é classificada como doença psiquiátrica.
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Pode parecer estranho que um personagem ligado ao universo infantil e ao humor provoque efeitos tão negativos, mas, segundo o psiquiatra e pesquisador da USP (Universidade de São Paulo) Diego Tavares, a fobia pode se desenvolver a partir de estímulos considerados incongruentes pelo cérebro.
"A maquiagem do palhaço remete a uma expressão que não é humana, é artificial. O cérebro entende que ele oferece perigo e dispara reações de defesa", explica Tavares.
Coulrofobia: nome científico da doença
Essa percepção negativa pode se desenvolver em qualquer fase da vida, mas, em geral, ocorre na infância. "Que é quando o cérebro está aprendendo o que é perigoso e o que não é", fala Tavares.
Por isso, pais, atenção! Levou o filho pequeno para ver um palhaço e a criança começou a se esgoelar? Não a afaste bruscamente do personagem, porque isso tem tudo para criar uma percepção ruim e duradoura nela. O melhor é tirá-la de perto com calma, mas falando que o palhaço é do bem, é engraçado e coisas do gênero.
Segundo o psicólogo André Assunção, da rede de saúde privada Hapvida, é possível aprender a conviver com a coulrofobia –nome científico do medo de palhaço. "O medo é um sentimento ligado a autopreservação e sempre vai existir, mas, com tratamento, a pessoa deixa de ter os sintomas físicos associados ao temor."
Tratamento é na terapia
O tratamento da fobia pode ser só com terapia ou em associação com uso de remédios, daí precisando de acompanhamento com um psiquiatra.
De acordo com o psiquiatra Diego Tavares, a terapia de exposição é um caminho para controlar as fobias específicas, caso do medo de palhaço. Ela, no entanto, não significa colocar o paciente, logo de cara, em contato com aquilo que teme. "É algo que se faz progressivamente. Primeiro se fala sobre o objeto de temor. Em um segundo momento, mostram-se fotos daquilo que se tem medo e por aí vai."
O psicólogo André Assunção fala que, ao se submeter ao tratamento, a pessoa tem de saber que se trata de um processo demorado e individual, não sendo possível estabelecer prazos. “Às vezes, no meio do caminho, o paciente descobre outros medos mais importantes, deixando de lado aquele que o levou a buscar ajuda.”
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