Ela criou um robô feminista que luta pelas mulheres; conheça a Beta

Ela ajuda a mobilizar centenas de pessoas contra projetos de lei que ameaçam os direitos das mulheres na Câmara, no Senado e até no judiciário brasileiro. Não, não é garota da foto. Quer dizer, não exatamente...
A responsável pelo movimento é uma robô chamada Betânia, mas pode chamar só de Beta: uma robô feminista que luta via Facebook. Por trás de Betânia está Mariana Ribeiro (essa, sim, a da foto!) líder da equipe de programadores que deu o “tom de voz” à robô --cujas respostas são acompanhadas de emojis e hashtags-- e a "ensinou" sobre os direitos fundamentais das mulheres.
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A robô mantém um perfil na rede social e responde, sozinha, a perguntas sobre o que é feminismo, machismo e revela até mesmo a música preferida (a propósito, é “Brincar de Viver” da Maria Bethânia). Quando uma pauta importante às mulheres está para ser debatida em Brasília, Beta envia mensagens a seus mais de 15 mil seguidores com instruções e estratégias para se posicionar contra. “Passo os dias monitorando”, explica a robô. “Dá um trabalhão”.
Na última quarta-feira (20), Beta ajudou a enviar os mais de 4.500 e-mails para pressionar deputados da comissão especial que vota a PEC 181/2015, apontado por especialistas como capaz de acabar com o aborto legalizado no país. A emenda pede a alteração de um dos trechos da Constituição, exigindo a proteção constitucional ao brasileiro "desde a concepção" --o que pode invalidar o Código Penal que permite interrupção da gravidez em casos de estupro, feto anencéfalo e quando há riscos para a mãe.
Batalha de robôs
Aprendendo a como programar, Mariana disputa espaço com um projeto no universo da programação, ainda tido como majoritariamente masculino.
Mesmo que historiadores apontem que o primeiro computador foi criado por uma mulher inglesa chamada Ada Lovelace no século 19, a histórica falta de incentivo e o apagamento das programadoras no campo da tecnologia reflete até mesmo na equipe de Mariana que, atualmente, conta com apenas duas mulheres.
Robôs influenciam nas redes sociais
Para a coordenadora, a menor quantidade de mulheres no ativismo digital tem reflexos, e que você talvez nem desconfie. É o caso de robôs, escondidos por trás de perfis falsos, que repassaram mensagens de extrema-direita no Twitter e Facebook, que acredita-se terem sido a comando do governo russo.
Analistas observam que as mensagens ajudaram a eleger Donald Trump, simpático ao presidente russo Vladimir Putin, à presidência dos Estados Unidos no ano passado.
Beta opera de forma diferente: ela oferece aos seguidores uma série de atalhos automáticos para enviar e-mails e oferecer informações. Mariana explica que Betânia ajuda a aprimorar as respostas automáticas a partir de perguntas que são enviadas.
A intenção, diz, é instruir de forma cada vez mais didática durante as interações. “É o tipo de tecnologia usada para pautas conservadoras do qual boa parte do campo de direitos das mulheres estava desmunida”, diz.
A emenda que pode barrar o aborto será discutida novamente no dia 4 de outubro, na Câmara Federal, mas Mariana garante: Beta estará na linha de frente.
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