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"Moda não é só para jovem", diz modelo de 47 anos que desfilou na SPFW

Os modelos Marcos Luko e Paulo Carotini  - Andressa Zanandrea/UOL
Os modelos Marcos Luko e Paulo Carotini Imagem: Andressa Zanandrea/UOL

Andressa Zanandrea

Do UOL, em São Paulo

17/03/2017 19h03

Esta temporada de desfiles da São Paulo Fashion Week abriu espaço para a diversidade, uma tendência mundial na moda. Além de diferentes tipos de beleza, modelos seniores estiveram presentes nas apresentações de três grifes: UMA, Ellus e Reserva. Esta última contou com dois veteranos, de 47 anos, na passarela, nesta sexta-feira (17).

Os paulistas Marcos Luko e Paulo Carotini trilharam caminhos de sucesso no mundo da moda. Marcos, que também desfilou para Ellus, era metalúrgico e tinha o sonho de estudar engenharia. Para pagar os estudos da faculdade, que era diurna, precisava de um trabalho noturno -- foi parar em uma loja da Rua Oscar Freire, em 1992, quando foi descoberto.
 
"Não tinha o menor interesse por moda, mas a profissão de modelo rolou. Logo fui morar fora, em lugares como França, Alemanha e México", conta ele, que entrou três vezes na faculdade, mas não conseguiu engatar o curso por causa das viagens e mudanças constantes. "Comecei a gostar de moda e a mecânica ficou como hobby: hoje tenho uma oficina na minha casa", diz ele, que também tem uma confecção, a Korogrosso.
 
Após voltar de uma temporada de dois anos na Europa, Paulo faz sua estreia na SPFW -- ele chegou a participar do evento no fim dos anos 1990, quando ainda se chamava Morumbi Fashion. "Vários amigos das antigas estão trabalhando bastante. Moda não é só para jovem. Tem muito cara mais velho que consome muito. Minha avó, de 90 anos, fala que não tem homem com cara de homem nas passarelas. Agora tem, estamos aproveitando a modinha dos grisalhos", afirma.
 
JOGADOR DE POLO FOI DESFILAR NA EUROPA
 
Descoberto aos 18 anos, Paulo era jogador de polo aquático e treinava para a seleção. Até que foi descoberto num shopping, pelo fotógrafo Miro, que o convidou para estrelar a campanha de uma grande marca nacional. "Apareci no Brasil inteiro e logo fui para Paris, com uma leva de modelos brasileiros. Chegávamos em castings, como de Jean Paul Gaultier, direto do futebol no parque. Nossa energia diferenciava", lembra.
 
Há três anos, ele teve câncer. Os cabelos nasceram mais grisalhos e os trabalhos como modelo voltaram -- nesse meio tempo, ele desenvolveu carreira como fotógrafo. "Para mim, é uma superação estar aqui hoje. Voltei à adolescência. Gosto da energia, de encontrar amigos das antigas e comemorar o momento de estar na passarela. É legal pra caramba", afirma.