Creche para cães existe e pode ser útil para donos que trabalham o dia todo
Se, por um lado, donos de bichos de estimação precisam trabalhar o dia inteiro, por outro, os animais necessitam de companhia, exercício e socialização. Para solucionar este descompasso, em várias cidades brasileiras, empresas criaram o serviço de creche que recebem cães, gatos e até coelhos. O trabalho pode ser de apenas um dia, mas há planos para o cuidado diário e permanente. O recurso, todavia, deve ser previamente avaliado e pode custar caro.
Creche para quê?
Para que a bicharada viva com saúde, fazem parte da lista: alimentação, higiene, proteção e carinho. Mas cães, em especial, também demandam exercício físico. O ideal é que o tutor possa levar o animal para passear, além de, rotineiramente, brincar com o cachorro. Isso porque gastar energia e socializar com outros animais ajuda a melhorar as condições comportamentais do bicho. Mas, se essas atividades não podem ser realizadas pelo criador, as creches são alternativas, assim como os passeadores profissionais.
A cadela África, da maquiadora Siva Rama Terra, passa um fim de semana completo na creche a cada 15 dias. "Nos feriados, quando emendamos o final de semana, ela também fica lá", conta a criadora. África não fica em casa sozinha e Siva vê outros benefícios ao deixar sua 'filha canina' com os cuidadores: além da rotina de exercícios e brincadeiras completamente livres de coleiras, a cachorrinha convive com outros cães. "Tudo isso a acalma muito. Ela volta para casa satisfeita e embalada pelo ritmo natural, canino".
A professora Valéria Nobre Leal de Souza Oliva, do Departamento de Clínica, Cirurgia e Reprodução Animal da Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (Unesp – campus Araçatuba), informa que matricular o cachorro em uma creche é indicado quando há alterações de comportamento do pet ao ficar sozinho em casa, por vezes incomodando vizinhos. "Mas também serve para distrair, brincar e exercitar os animais", completa.
No entanto, a especialista alerta: "O comportamento do bicho, ao retornar da creche, precisa ser acompanhado com atenção. Assim, o tutor verifica se o animal está confortável com a estadia”. Qualquer sinal de alteração nas atitudes ou na saúde dos cachorros após o 'dia na creche' deve ser investigado, inclusive por um veterinário.
A jornalista Andrea Giusti faz uso de uma creche diariamente, desde que adotou um vira-lata de cinco meses, o Zeca. Cheio de energia, o cão era bem medroso e a 'escolinha' foi uma forma de Zeca socializar com outros bichos. Com o tempo, o recurso se tornou uma necessidade. Andrea se mudou para um apartamento pequeno e os passeios diários de 20 minutos não foram suficientes para acalmá-lo. Zeca vai à creche todos os dias pela manhã, corre meia hora na esteira, brinca de bola com os outros cães e "volta um pouco cansado", como conta a dona.
Primeiramente
Antes de colocar seu bicho em uma creche, vá conhecer o espaço. Os estabelecimentos geralmente funcionam das 8h às 20h para o dia de cuidado, mas há empresas especializadas em hotelaria animal. Os principais serviços prestados são as atividades com bola e natação, além de passeios nas ruas, hospedagem, adestramento e banho, mas alguns itens podem ser cobrados à parte.
As creches costumam fornecer alimentação, pois o cão deverá receber comida durante a estadia. Mas o proprietário deve providenciar a merenda se a alimentação for natural ou a ração, específica. A creche tem a obrigação de oferecer um local adequado para o armazenamento dos alimentos que serão ingeridos ao longo do dia. Se a opção for por consumir a ração oferecida pela instituição, procure saber qual é o produto.
Os preços variam de acordo com serviços adicionais disponíveis – como o monitoramento por câmeras e o acesso online, em tempo real, pelo tutor -, além de facilidades como leva-e-traz, o período (meia-diária ou integral) e a frequência de estadia. O valor médio diário é de R$ 80, enquanto os planos mensais (para cinco dias por semana) giram entorno de R$ 600, na capital paulista.
De olho na creche
- O local deve ser calmo e limpo;
- Atente-se ao manejo dos bichos: há locais em que os cachorros menores ficam separados dos maiores, mas essa não é uma regra. Se seu cão for medroso ou você preferir que o bicho só socialize com animais do mesmo porte, informe-se com antecedência;
- Os animais não devem permanecer sozinhos, sem supervisão humana;
- Os funcionários (treinados e qualificados) precisam estar uniformizados, ser tranquilos no manejo dos animais e conscientes de sua função. Note se o cuidador gosta do que faz;
- Segurança é fundamental: da rua até o local onde o cão vai passar o dia é preciso haver barreiras físicas (como muros, portões e grades) para evitar fugas;
- Confira se há um controle quanto ao acesso de pessoas;
- Cheque se existem cercas ou barreiras protetoras nas piscinas e fontes;
- Veja se há disponibilidade de brinquedos nas áreas de convivência e canis individuais;
- Pergunte sobre o tipo de desinfetante utilizado na limpeza: os comuns podem provocar alergias ou intoxicação;
- Certifique-se de que são empregados métodos de controle de parasitas como carrapatos e pulgas, para o controle ambiental.
Todo bicho pode?
- A maioria das empresas exige que os cães sejam castrados, a fim de evitar concepções indesejadas e reduzir a agressividade dos machos;
- Pode ser necessária uma pré-consulta com o veterinário indicado pela administração, para a avaliação da boa saúde do bicho. O procedimento dá segurança para donos (que podem cobrar legalmente qualquer tipo de dano) e prestadores de serviço (que se salvaguardam em caso de enfermidades prévias);
- O animal precisa ser sociável e não oferecer resistência ao convívio com outros bichos.
Outras exigências
- Vacinas múltipla (V8 ou V10 - que protegem os cães contra sete doenças, com destaque para cinomose, parvovirose, hepatite e leptospirose) e antirrábica em dia.
- Vacina contra giardíase e gripe canina (apenas em algumas creches).
- Vermifugação completa.
- Exame de fezes livre de parasitas.
Fontes: Michel Faingezicht, médico veterinário; Valéria Nobre Leal de Souza Oliva, do Departamento de Clínica, Cirurgia e Reprodução Animal da Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (Unesp – campus Araçatuba). Creches do Rio de Janeiro e São Paulo.
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