Conheça o pessário, novo recurso para evitar o parto prematuro
Muito usado para controlar a incontinência urinária, o pessário, dispositivo redondo feito de borracha ou de silicone, tem sido utilizado para outro fim: prevenir o parto prematuro. Apesar de poucas pesquisas feitas sobre o tema, o objeto tem alcançado bons índices de eficácia e seu uso tem aumentando nos consultórios brasileiros, de acordo com especialistas.
O pessário tem a função de fechar o colo do útero, quando este diminui, para aguentar o peso da criança e não causar um nascimento precoce. “É um anel cônico que é introduzido quando o colo do útero está com tamanho menor do que dois centímetros”, diz David Pares, obstetra da Sogesp (Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo).
Esse encurtamento pode ser diagnosticado com um exame transvaginal, que deve ser feito a partir da 18ª semana de gravidez. Quanto mais curto o colo, maior o risco de parto prematuro.
Uma pesquisa espanhola, feita com 385 mulheres com colo do útero curto, mostrou que 6% das que usaram o pessário deram à luz antes da hora contra 27% das que não usaram o produto.
“As pesquisas começaram na Espanha, mas aqui ainda não temos esse levantamento. O que a gente observa é que é um recurso que tem sido cada vez mais utilizado”, afirma Julio Elito, professor de obstetrícia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
Antes do dispositivo, utilizava-se mais a cerclagem, procedimento cirúrgico que costura o colo do útero e tem a mesma finalidade, evitar o parto prematuro. A cerclagem ainda é usada quando a mulher já apresentou um parto prematuro por causa de colo de útero curto. Nesse caso, a cirurgia costuma acontecer a partir da 12ª semana de gestação.
Ultimamente, os médicos têm indicado o pessário, em vez da cerclagem, por ele ser menos invasivo. O objeto pode ser colocado entre a 18ª e 22ª semana e retirado a partir da 37ª para que a mulher possa entrar em trabalho de parto.
“O que é observado é que o pessário tem eficácia igual à da cerclagem. Mas como essa exige um processo cirúrgico, o dispositivo tem sido preferido porque pode ser colocado no ambulatório, sem necessidade de anestesia”, diz David Pares, da Sogesp.
Recomendações e incômodos
Após colocar o pessário, é recomendado que a grávida faça repouso e se submeta a um ultrassom, para verificar se ele está no local correto. “É preciso observar se diminuiu o encurtamento do colo de útero, fazer acompanhamento”, afirma Fúlvio Basso Filho, ginecologista e obstetra do Hospital e Maternidade São Luiz Itaim, em São Paulo.
Entre os incômodos de usar o dispositivo está o aumento de secreção vaginal e um certo desconforto no início da utilização, até que o corpo se adapte. “Se mudar o aspecto da secreção ou acontecer algum sangramento, a mulher deve procurar o médico, pois pode haver uma infecção ou contração, o que impedirá a eficácia do pessário”, diz Julio Elito, da Unifesp. Só não é recomendado colocar o dispositivo quando a mulher tem alguma infecção, síndrome ou anomalia genética, segundo os médicos.
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