Com jogo de cintura, pais solteiros podem 'cair na balada' sem culpa
Por mais difícil que seja uma separação, com o tempo as coisas vão se acertando –o que inclui a nova dinâmica do ex-casal em relação aos filhos. Homens e mulheres, aos poucos, também voltam a sentir vontade de se divertir com os amigos, o que é saudável e perfeitamente normal.
Antes de "cair na balada", no entanto, devem ter em mente que não é possível tentar recuperar a vida que tinham antes de se tornarem pais. Ou, como muitos recém-separados gostam de dizer: "recuperar o tempo perdido".
"Eles devem, sim, investir no lazer, mas sem abrir mão das responsabilidades que os filhos demandam, o que significa ter uma vida social mais madura, e não mais a de um adolescente", diz a psicóloga e psicanalista Margareth Neves Montenegro, que explica que a ânsia por diversão é mais comum entre pessoas que se casaram e tiveram filhos muito novas.
"Quando se é jovem, as decisões estão mais sujeitas à intensidade das emoções e à impulsividade, mas essas condições não invalidam a responsabilidade das escolhas feitas. É natural procurar lazer após o divórcio, mas priorizá-lo em detrimento dos filhos com certeza irá se refletir em algum tipo de negligência", conta.
Para Elisa Villela, psicóloga e doutora em desenvolvimento humano pela USP (Universidade de São Paulo), muitas vezes, logo após uma separação, os pais regridem e passam a se comportar como adolescentes, para provar a si mesmos que ainda podem ter prazer e que a vida vale a pena. O processo de negação da dor (pelo relacionamento frustrado) pode provocar consequências desastrosas para adultos e crianças.
"É claro que a mãe ou o pai têm direito de buscar motivações para sua vida e refazer seus vínculos afetivos após uma separação, mas não podem abdicar de suas funções como pais. ‘Aproveitar a vida’ não significa abandonar o que foi construído até então", afirma. Os pais que agem assim costumam transmitir, sem perceber, mensagens muito danosas aos filhos. "Eles podem achar que são a causa do tal 'tempo perdido' e desenvolver culpa e baixa autoestima", conta Margareth, que diz que uma criança não pode se sentir responsável pela felicidade ou infelicidade dos adultos.
Equilíbrio
"A rede de apoio deve ser acionada para o lazer, mas não substitui o tempo todo a presença dos pais", afirma a psicóloga Heloisa Schauff. E investir em uma rotina saudável de cuidados para a criança ou o adolescente, com tempo suficiente para atendê-los em suas necessidades, é primordial.
Jogo aberto
"Os pais não devem temer as queixas dos filhos, que são naturais. Se os adultos estão seguros de que cumpriram suas funções, devem mostrar claramente às crianças que eles precisam e merecem ter lazer", diz Heloisa. "Dê exemplos, seja responsável e cumpra os combinados. Assim, e ao exercer a paternidade ou a maternidade de um modo consciente, crianças e jovens terão um desenvolvimento sadio, com referências consistentes", explica ela.
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