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Para mostrar serviço, fominhas atropelam colegas; saiba como lidar

O fominha causa antipatia entre os colegas, que não conseguem se sobressair ou se sentem pisados - Lumi Mae/UOL
O fominha causa antipatia entre os colegas, que não conseguem se sobressair ou se sentem pisados Imagem: Lumi Mae/UOL

Heloísa Noronha

Do UOL, em São Paulo

17/06/2013 07h10

Ser pró-ativo é pré-requisito essencial para conquistar uma carreira de sucesso nos dias de hoje, seja qual for a área escolhida. Algumas pessoas, porém, na ânsia de mostrar serviço e provar que são competentes, acabam atropelando os outros --às vezes, até o próprio chefe--, provocando situações incômodas na equipe e na empresa. Alguns exemplos? Se intrometer nas funções alheias, querer avidamente se destacar em uma reunião, comandar um projeto sem ser solicitado, assumir alguma tarefa do superior.  

Até certo ponto, esse modo de agir pode ajudar na profissão, pois mostra um lado empreendedor, vontade de crescer e até oferece resultados à corporação. No entanto, o funcionário fominha costuma gerar antipatia entre os colegas, que não conseguem se sobressair ou, na pior das hipóteses, se sentem pisados.

Como não há carreira que sobreviva sem que a pessoa saiba conduzir seus relacionamentos interpessoais, esse comportamento precisa ser atenuado. Além disso, há uma linha tênue que separa a pró-atividade exacerbada da ganância, da falta de profissionalismo e, muitas vezes, até da falta de ética.

Tipos de fominhas

De acordo com a psicóloga Fernanda Marques, diretora da Clínica Ability – Intervenção Comportamental, há diferentes tipos de fominhas.

Há aqueles que se acham muito competentes e querem sair na frente. "Para atingir seus objetivos, eles nem sempre são leais aos colegas. É aquele que tenta ficar de olho no que está acontecendo e, às vezes, se apropria das ideias alheias", diz Fernanda.

Há também os autossuficientes, que pensam que se bastam e, por isso, não trocam ideias com os outros, impedindo o companheirismo na equipe. Já os ansiosos podem até ser eficientes, mas ignoram hierarquia. 

Segundo a psicóloga Triana Portal, os fominhas costumam ter problemas emocionais relacionados à insegurança e autoestima e apresentam dificuldade de lidar com frustrações.

"O que demonstra ser super seguro pode, no fundo, usar de um mecanismo de defesa contra sua própria fragilidade. O autossuficiente costuma ter uma arrogância inerente, acha que ninguém é tão bom quanto ele. E o ansioso sofre por querer agradar o tempo todo, é carente, precisa de aplausos, reconhecimento”, afirma.

 

Sem ingenuidade

Os fominhas não são ingênuos. Eles sabem que, com suas ações desenfreadas, acabam passando por cima dos demais, mas vêem essa estratégia como uma qualidade, algo que lhes trará benefício.

De acordo com Mauricio Libreti de Almeida, professor do curso de Gestão de Recursos Humanos da Umesp (Universidade Metodista de São Paulo), é comum que eles justifiquem seus atos colocando defeitos nos outros. "Eles costumam achar que os colegas são ultrapassados, lentos e burocráticos", diz.

De fato, há pessoas que podem simplesmente ter maior facilidade para desempenhar suas funções de modo mais ágil que os demais, e a tarefa é sempre concluída com sucesso. Segundo Cristiane Moraes Pertusi, doutora em Psicologia do Desenvolvimento Humano pela USP (Universidade de São Paulo), esses são os trabalhadores que acabam ganhando visibilidade e reconhecimento, mas que, equivocadamente, podem parecer que querem se destacar propositadamente diante de chefes e colegas.

 

Como driblar os fominhas

Quando o fominha passa a invadir demais o espaço alheio, é essencial fazê-lo enxergar que a maneira como ele age não é de todo incorreta, mas não beneficia o grupo. "Ele deve saber que você tem consciência de tudo e que está ali para se defender”, afirma Triana.

Cabe ao chefe direto definir e impor limites claros para caracterizar a hierarquia dentro da empresa, salientando o que é permitido e o que não é permitido. “A hierarquia que envolve responsabilidades e funções deve ser respeitada e seguida, garantindo sempre o bom relacionamento entre as pessoas no ambiente de trabalho”, diz a psicóloga Fernanda Marques. 

E os superiores precisam ficar atentos para não reforçar ainda mais a sede de sucesso de um funcionário, tomando o cuidado de não estimular excessivamente a competitividade.

"Entender o trabalho de quem está abaixo e acima de você é extremamente importante para poder ter atitude sem parecer fominha e com muito mais propriedade. O modelo pró-ativo ideal junta tudo isso a uma excelente capacidade de ter bons relacionamentos interpessoais dentro da empresa", diz Maurício Almeida, da Umesp.