Na era de "Gangnam Style", nova geração coreana quer moda profissional
O figurino caricato do cantor Psy e suas dançarinas passou longe da passarela montada no hotel Renaissance em São Paulo, onde foi realizado no sábado (20) o Korea Fashion Plus, que apresentou as novidades de confecções e jovens estilistas de origem coreana. O evento faz parte das comemorações de 50 anos da chegada dos imigrantes da Coreia do Sul ao Brasil e contou com presença da banda Super Junior, maior nome do k-pop.
Entre as sugestões que serão vendidas no Bom Retiro – bairro paulistano conhecido pela moda popular – nos próximos meses, estão as principais tendências apresentadas nas semanas de moda brasileiras: combinação em preto e branco, referências tropicais, recortes geométricos, toque étnico entre outras.
A indústria de confecções foi a que melhor absorveu os imigrantes há meio século, e hoje são seus filhos e netos que tocam os negócios da família. “A primeira geração começou a trabalhar com confecção por uma questão de sobrevivência. Os filhos continuaram porque gostam, estudaram e se profissionalizaram”, disse a jornalista Yoo Na Kim, autora do livro “Na Moda”, durante breve palestra sobre a relação da comunidade coreana com a moda em São Paulo.
Este foi justamente o caso da família de Nuri Choo, uma das jovens estilistas que desfilou no evento. Seu pai fora atleta olímpico e trabalhava como professor de judô em uma universidade na Coreia do Sul quando veio para o Brasil e encontrou na confecção um meio de sustento que não necessitasse do português. Na década de 1960, o mercado era dominado por imigrantes judeus que contrataram os recém-chegados coreanos como mão-de-obra. “Agora mudou. Os coreanos viraram os donos das confecções e passaram a empregar os bolivianos”, explicou a estilista. Esta nova dinâmica tem rendido denúncias e flagras sobre condições precárias de trabalho, amplamentente divulgadas pela imprensa. O cerco fechado tem dado retorno. “Agora estão sendo mais rigorosos com as confecções”, disse Nuri.
Estilo das ruas
A moda coreana não possui características tão marcantes como a japonesa, famosa por suas modelagens arquitetônicas. No entanto, o estilo das ruas – principalmente o masculino – é tido como ultramoderno (para os padrões brasileiros) assim como o dos seus colegas nipônicos. “Estamos impressionados que os fãs brasileiros achem que os homens coreanos se vestem melhor do que os homens ocidentais”, disse ao UOL o cantor Eunhyuk, o rapper do Super Junior,que vestia look preto total com calça e paletó ajustados, camiseta com gola levemente mais baixa, óculos escuros e sapato tipo “creeper”. O cabelo, curto com franja meticulosamente penteada para a frente, mantém um fundo rosado.
Conhecido com o rapper da banda, Eunhyuk conversou sobre estilo com o UOL. O Super Junior é referência para os meninos que querem se vestir de maneira moderna
Para os integrantes do Super Junior e os jovens na Coreia do Sul contemporâneos de Psy, vestir casacos de pele, jaquetas com tachas, sapatos com plataforma e pintar o cabelo de cores variadas é tão natural como a combinação de calça jeans com camisa polo e sapatênis.
A estilista Nuri, que passou sua infância na Coreia, acredita que a moda ocidental seja mais careta. “Aqui, tem esse preconceito em relação à sexualidade. Lá, o estilo é que vem primeiro. Usam o que é bonito. Não pensam em sexualidade”, disse. Ela conta que meninos coreanos estilosos que vêm para o Brasil acabam mudando suas roupas para se adequar aos padrões brasileiros e não sofrerem preconceito. “A relação entre os homens lá também é outra, eles são mais liberais. Aqui, são chamados de gays”, completou.
Um exemplo da relação saudável e lúdica que os homens podem ter com a moda está nos clipes da "boy band" coreana e na relação entre seus integrantes. “ Na hora de vestir, um ajuda o outro, dá opinões”, disse Eunhyuk, que contou que é comum o troca-troca de roupas entre os amigos de banda.
A participação do Super Junior no Korea Fashion Plus fez parte de uma ação social do grupo, que doou mil camisetas para o governo do Estado distribuir a entidades carentes. Os oito integrantes foram recebidos em meio a gritos histéricos das fãs que os aguardavam no evento. A banda está em turnê pela América Latina com show no Credicard Hall, na capital paulista.
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