Não sinta culpa por tirar férias; entenda o sentimento e livre-se dele
Por mais que deseje descansar durante as férias, só de pensar em se afastar por um mês você já se sente culpado? Esse sentimento pode ser consequência de vários outros, como insegurança, receio de ficar desatualizado após um período fora da empresa, temor de que suas tarefas não sejam bem executadas por quem vai substitui-lo ou, ao contrário, que sejam realizadas com mais competência.
Segundo Daniela do Lago, mestre em administração e professora de cursos de MBA da FGV (Fundação Getúlio Vargas), a pessoa que sofre com a culpa imagina que, se os colegas não sentirem sua falta, podem pensar que ela não faz nada no trabalho.
Janaina Ferreira, especialista em Gestão de Equipes e Pessoas do Ibmec do Rio de Janeiro, cita outra possibilidade: a de que o funcionário se sinta mal por saber que seus colegas ficarão sobrecarregados durante sua ausência.
Porém, há, ainda, aqueles profissionais que julgam que ninguém será capaz de executar suas funções tão bem quanto ele. "Isso demonstra arrogância. É preciso ter humildade e saber que outros podem fazer nosso trabalho tão bem feito quanto a gente faz", diz Janaina.
Culpa ou medo?
O medo de perder o emprego impede que trabalhadores tirem férias ou as aproveite bem. Por melhores que sejam as qualificações da pessoa, se lhe faltar autoconfiança, ela pode ficar imaginando que sua cadeira estará ocupada quando voltar.
De acordo com Daniela, o medo pode ser consequência do momento de transição da forma de trabalhar que vivemos hoje.
"Antigamente, você se tornava quase insubstituível se soubesse executar determinada tarefa. Hoje, as empresas escolhem os funcionários de acordo com o conhecimento que eles podem agregar", afirma. Ainda assim, muitos receiam que, se os colegas souberem cumprir suas funções, eles poderão se tornar dispensáveis.
Para Janaina, tanto a culpa quanto o medo revelam alguém muito responsável pelo seu trabalho, mas que também pode ser centralizador, controlador e desorganizado. "É o tipo de profissional que não compartilha conhecimento e, por isso, ninguém entenderá as tarefas dele para substituí-lo", afirma.
Livre-se desse sentimento
Se o problema for o medo de ser substituído, não há motivo para adiar suas férias. "O profissional não constrói sua imagem em um período de 30 dias, mas ao longo dos anos", diz Janaina. "Se o gestor tiver decidido que o funcionário será promovido ou demitido, isso não mudará com a ausência dele durante as férias. É uma ilusão achar que você pode controlar a situação por estar na empresa", diz.
Deixar de tirar férias na esperança de que isso resultará em sucesso profissional é um engano. "O profissional poderá ser visto como alguém de pouca maturidade e desorganizado. Do tipo que precisa fazer horas extras e adiar férias para cumprir suas tarefas", afirma.
Para ajudar a reduzir o sentimento de culpa, é importante ter consciência de que recessos são essenciais para a produtividade. "As pessoas voltam de férias com energia para trabalhar e mais calmas para tomar decisões inteligentes", afirma Janaina.
E o se o chefe pedir para adiar as férias?
É necessário fazer concessões, mas isso não pode virar uma regra. Segundo Janaina, se o gestor disser que precisa muito do funcionário naquele momento, mas não é a primeira vez que suas férias são adiadas, ele pode e deve dizer que o atendeu em outras emergências e que será improdutivo se continuar a trabalhar sem descanso. "Cada um precisa enxergar seus limites. Isso demonstra respeito por si mesmo e maturidade profissional", diz.
Dicas para reduzir o sofrimento
Organize-se bem antes de tirar férias e pense em problemas que podem surgir quando você estiver fora. Explique tudo aquilo que deve ser feito com detalhes para quem for substituí-lo. Deixando todas as orientações, você sairá sem receios e as pessoas não precisarão de você;
2. Avalie o mês mais tranquilo para tirar férias
Respeite a sazonalidade do seu negócio. Veja qual o pico do seu trabalho e esteja presente nesse momento. Escolher períodos com menores demandas para se ausentar é uma demonstração de maturidade e responsabilidade;
3. Negocie prazos
Se a empresa permitir, avalie se vale a pena tirar férias de 15 dias a cada seis meses. Pequenos períodos podem ser melhores para o funcionário descansar e para o chefe administrar a ausência dele;
4. Não tenha medo de delegar tarefas
Não se prenda por sua atividade. Não é só você que deve saber como executar determinada função. O que importa não é a tarefa, mas sua competência.
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