Diferenças no momento profissional de um casal podem atrapalhar a relação
A competição é algo inerente à maioria dos ambientes profissionais, para o bem e para o mal: da mesma forma que estimula, pode destruir. O problema é que, para alguns casais, essa disputa costuma sair do escritório e invadir o relacionamento.
De modo sutil ou escancarado, fatores como salário, cargo, prestígio e visibilidade são comparados. Quem está um passo atrás, pode se sentir inferiorizado. E para aquele que está adiante, há o risco de achar que o outro é acomodado. "E se ambos forem ligadíssimos nas suas carreiras, há o perigo de passarem a competir para ver quem tem mais sucesso, quando o ideal é a troca de experiências, o respeito e a admiração", diz a psicóloga Heloisa Schauff.
A diferença entre as trajetórias profissionais de um casal se transforma em motivo de discórdia quando não é devidamente discutida, tanto no planejamento quanto nos problemas que vão surgindo pelo caminho. Segundo a especialista, ocorre estresse também quando um dos dois dedica mais atenção à carreira em detrimento de casa, família, filhos ou parceiro.
Machismo ainda prevalece
De acordo com Sônia Marques, professora do curso de Psicologia da Universidade Metodista de São Paulo, a competição profissional entre os casais surgiu em função dos novos papéis desempenhados pelas mulheres e sua ascensão pessoal, social, profissional e acadêmica.
"A imagem da mãe e dona de casa, que fica sempre cuidando do seu lar, ainda existe com muita força, até mesmo entre os jovens”, explica.
Do mesmo modo, ainda prevalece a imagem do homem como provedor, caçador e com sua masculinidade ligada à capacidade de sustentar a fêmea e a prole.
Assim, a disputa é ainda mais acirrada e complicada se é a parte feminina do casal que ocupa uma melhor colocação profissional.
"Quando uma mulher alcança um nível elevado na hierarquia empresarial ou tem uma remuneração ou status desejados pela maioria, a sensação de estranheza é muito grande e geradora de conflitos”, diz Sônia Marques.
O que dá briga
"Um pode ter exigências de viagens constantes e o outro sentir-se sobrecarregado com as demandas de casa e da família. Se não houver uma negociação prévia, surgem cobranças, ataques e até boicotes", conta Heloisa. Outro exemplo é quando um dos cônjuges é transferido para outra cidade ou país. Seu par, então, é obrigado a enfrentar o fato de que nem sempre irá para o novo lugar com uma posição tão boa –às vezes, fará a mudança mesmo sem trabalho, inicialmente.
Para a psicóloga Regiane Machado, a desigualdade da formação educacional de um casal também pode ser motivo de discórdia, mesmo que em longo prazo. "Isso acontece principalmente se houver um clima de grande disputa, inveja e baixa autoestima entre os dois”, diz. Por essas mesmas características, a carreira que tende a evoluir com o passar do tempo costuma gerar um grande incômodo naquele que não está vivenciando a mesma experiência.
Evite a competição
Para não deixar que as diferenças contaminem a relação, ambos precisam tomar determinadas atitudes: o parceiro de maior sucesso pode ajudar o outro motivando-o, sem arrogância. "Ajudar o par a valorizar seus pontos fortes e a trabalhar os fracos é uma boa ideia, além de incentivar o parceiro a traçar metas”, explica Regiane Machado.
Quem se sente inferiorizado precisa aprender a transformar o despeito –e muitas vezes até a inveja– em admiração, se espelhando nas qualidades e nas conquistas do companheiro para percorrer um trajeto igualmente brilhante.
"Quem se sente aborrecido com o sucesso alheio deve aproveitar esse sentimento e rever sua vida profissional. Pode ser que descubra que, intimamente, deseja mudar de área ou de profissão”, afirma a psicóloga. Se você está em dúvida se escolheu a carreira certa, leia mais sobre o assunto aqui.
Na opinião de Heloisa Schauff, saber e querer lidar com as diferenças é o caminho para o entendimento. "Quando existe amor, a aceitação do outro e o respeito ocorrem naturalmente. Não é porque um ganha mais que isso será atirado na cara do outro, com a intenção de diminuí-lo. Não é porque um tem mais destaque que será menos sensível, menos presente, que não se mostrará um bom pai ou uma boa mãe", declara.
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