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Berlim celebra primeiro feriado no Dia da Mulher

Mulheres das Forças Armadas da Alemanha distribuem flores no Dia Internacional das Mulheres - Reuters
Mulheres das Forças Armadas da Alemanha distribuem flores no Dia Internacional das Mulheres Imagem: Reuters

Kate Brady (as)

08/03/2019 08h55

Foi em 1910, na Conferência Internacional das Mulheres Socialistas, realizada naquele ano em Copenhague, que a ativista alemã Clara Zetkin sugeriu, pela primeira vez, a ideia de uma jornada internacional da mulher.

Um ano depois, ao lado da Áustria, da Suíça e da Dinamarca, a Alemanha celebrou pela primeira vez o Dia da Mulher em 19 de março. A data foi marcada por manifestações em favor do voto feminino, que as mulheres alemães puderam exercer pela primeira vez em 1918.

Um século depois, vestida com o uniforme de cor laranja típico dos lixeiros de Berlim, a ministra alemã da Família, Franziska Giffey, andava por um subúrbio de Berlim na caçamba de um caminhão de lixo nesta quinta-feira (7). O objetivo: desafiar estereótipos de gênero em profissões dominadas por homens.

Ministra alemã (2ª da esquerda à frente) Franziska Giffey participa de ação com garis mulheres - Reuters - Reuters
Ministra alemã (2ª da esquerda à frente) Franziska Giffey participa de ação com garis mulheres
Imagem: Reuters

"Quando se trata de igualdade de gênero, avançamos muito nos últimos anos", afirmou Giffey na véspera do primeiro Dia da Mulher, que agora é também feriado oficial em Berlim. "Estamos no centésimo ano do voto feminino, mas ainda há muito por fazer."

"Temos que garantir que as mulheres possam atuar em qualquer profissão, e não apenas nas de liderança. Temos que garantir mais valor às profissões sociais. Temos que garantir que se faça mais contra a violência doméstica, especialmente contra as mulheres."

Ao longo dos 101 anos desde a iniciativa de Zetkin, a compreensão do que é o Dia da Mulher mudou muito.

A celebração em 8 de março, que se consolidou depois de 1921, foi uma ideia de Alexandra Kollontai, a mulher de Vladimir Lenin. A intenção era comemorar a greve das trabalhadoras de Petrogrado [hoje de novo São Petersburgo], no mesmo dia, em 1917. Aquela manifestação é vista como o prelúdio da Revolução de Outubro na Rússia, oito meses depois.

Na época da República de Weimar, o Partido Social-Democrata da Alemanha, então no poder, rejeitou a data devido a reservas em relação a Lenin e a revolução russa. A data também era descartada pelos fascistas.

Na Alemanha do pós-Guerra, o 8 de março foi amplamente rejeitado na Alemanha Ocidental, com o argumento de que se tratava de um dia de autocelebração na Alemanha Oriental. Nesta, o Dia da Mulher era de grande importância.

O feriado do lado oriental buscava promover a igualdade e a valorização do trabalho das mulheres, que geralmente recebiam rosas vermelhas. A Alemanha Oriental também concedia uma medalha Clara Zetkin para as mulheres e organizações que apoiaram causas feministas e socialistas no país.

No lado ocidental, as mulheres só começaram a fazer ouvir a sua voz no dia 8 de março nos anos 1970. Em 1977, as Nações Unidas declararam o 8 de março o Dia Internacional da Mulher.

Em 2019, pela primeira vez a data será também feriado na Alemanha - mas só na cidade-Estado de Berlim, o primeiro dos 16 estados da federação a adotar essa medida.

Manifestações deverão ocorrer na capital alemã, ao lado do monumento a Clara Zetkin e na praça Alexanderplatz, um dos símbolos da cidade. Sindicatos e organizações de direitos das mulheres e dos refugiados deverão se encontrar no largo e de lá marchar até o bairro de Kreuzberg para um "grito global" ? um grito em uníssono de um minuto para "extravasar a raiva", segundo os organizadores.

Os principais temas da manifestação deste ano são pobreza entre idosos e a desigualdade de salários e condições de trabalho entre homens e mulheres. A diferença de 21% entre os salários de homens e mulheres também é uma das prioridades dos manifestantes.

O ministro alemão do Exterior, Heiko Maas, destacou que igualdade é "sobre representação, participação, oportunidades iguais e direitos iguais." Toda pessoa que "sinceramente acredita na democracia" deve lutar pelos direitos das mulheres e por igualdade "sem qualquer porém ou mas", afirmou.