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Como lidar com a procrastinação?

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Imagem: Thinkstock

Larissa Warneck

28/08/2018 13h06

Comportamento afeta cada um a sua maneira. Alguns, inclusive, podem até usar o hábito a seu favor. Saiba quando tais pausas durante o trabalho são um problema ou uma ferramenta para alcançar maior produtividade.

É sábado, e você se sente extremamente frustrado. Aquele projeto está previsto para segunda-feira e o que você está fazendo? Está em pé diante da geladeira aberta e olhando para suas profundezas, perdido em pensamentos. E você sequer procura algo em particular. Está simplesmente procrastinando.

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A procrastinação ocorre quando alguém não consegue realizar uma tarefa pretendida e a adia continuamente. Em vez de terminar um projeto, é mais fácil ficar olhando para o interior da geladeira vazia na esperança de que uma ideia se arremesse contra a gente.

"Procrastinação é quando perdemos de vista metas de longo prazo e nos concentramos em projetos mais atraentes e de curto prazo", afirma Jana Kühnel, psicóloga da Universidade de Ulm, na Alemanha.

Kühnel explica que algumas pessoas são mais propensas à procrastinação do que outras. O autocontrole é necessário para escapar das tentações da procrastinação, diz ela. "Um ato deve ser constantemente protegido de alternativas atraentes", afirma. E como alternativa atraente, neste caso, pode-se entender até mesmo uma curta caminhada até a geladeira.

"É importante distinguir entre os diferentes tipos de procrastinação", enfatiza Kühnel. "Às vezes, atrasar o trabalho ou as tarefas pode representar um grande sofrimento às pessoas afetadas. Isso é chamado de procrastinação disfuncional."

Procrastinação funcional, por outro lado, é bem diferente. Aqui, adiar o trabalho pode até ser visto como "pequenas pausas". "Por exemplo, uma caminhada até a geladeira é um microintervalo, desde que isso não aconteça de maneira descontrolada", explica a psicóloga. Para aqueles que temem que suas excursões à geladeira já estejam completamente fora de controle, Kühnel tranquiliza:

"Em casa, micropausas como uma caminhada até a geladeira são muito mais óbvias. Mas mesmo no trabalho fazemos pausas curtas conversando com nossos colegas ou olhando para o telefone. Até nesses casos estamos adiamos nosso trabalho por um breve momento ? o que, aliás, também pode ser útil".

Algumas pessoas nem percebem que procrastinam até o momento em que o cérebro delas atinge um desempenho ótimo. "Cada um tem um período próprio em que funciona melhor", diz Kühnel. "Adiar um trabalho até este momento pode ser usado de forma intencional para lidar com um trabalho difícil".

Fatores ambientais também desempenham um papel na procrastinação. Pessoas que têm que trabalhar em um ambiente de distração terão mais dificuldade em concluir suas tarefas. Para alguns, isso pode ser uma simples geladeira.

E se as tarefas ou o trabalho em questão são entediantes, o desejo subconsciente de adiá-los pode ser ainda maior.

Tendo em mente que a procrastinação não é tão ruim e pode inclusive ser benéfica, existem alguns truques para quem quer escapar dela. Kühnel cita as chamadas "intenções de implementação", ou seja, os planos de uma pessoa devem ser formulados com a maior precisão possível e algumas regras básicas obrigatórias devem ser estabelecidas.

"Por exemplo, você poderia dizer a si mesmo: quando eu chegar em casa, colocarei imediatamente meu tênis de corrida e sairei para correr", comenta Kühnel. "As regras básicas devem ser especificadas da forma mais concreta possível."

Aqueles que têm maior liberdade para organizar o dia como quiserem devem tentar agendar suas tarefas mais importantes para o momento de melhor desempenho diário, ou seja, dentro do período em que funcionam melhor. Algumas pessoas são mais ativas de manhã e podem lidar com mais coisas neste horário do que outras, as quais podem ser mais ativas à tarde.

"Também ajuda se blindar contra alternativas atraentes. Ou seja, em vez de trabalhar de casa e caminhar até a geladeira de vez em quando, você pode se sentar em um café ou outro lugar que não tenha tais características perturbadoras", completa Kühnel. "Também se pode aumentar o obstáculo, por exemplo, deixando um telefone potencialmente distrativo em outra sala, fazendo com que você tenha que se levantar para acessá-lo."