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Publicar dados salariais ajuda a reduzir desigualdade de gênero

A discriminação salarial baseada no gênero é ilegal na maioria dos países industrializados - Unsplash
A discriminação salarial baseada no gênero é ilegal na maioria dos países industrializados Imagem: Unsplash

Rebecca Greenfield

05/12/2018 15h45

Quando os trabalhadores têm a possibilidade de comparar seus salários com colegas, a diferença entre as remunerações de homens e mulheres diminui, segundo uma nova pesquisa econômica.

Existe há tempos a suspeita de que a transparência em relação aos salários ajuda a reduzir a insistente desigualdade entre as remunerações médias de homens e mulheres, mas uma legislação relativamente nova da Dinamarca ofereceu a pesquisadores de faculdades de administração de instituições como Insead, Universidade de Columbia e Universidade de Copenhague a chance de comprovar essa teoria.

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Em 2007, a Dinamarca passou a exigir que as empresas com mais de 35 funcionários divulgassem informações sobre salários destrinchadas por gênero. Os pesquisadores analisaram o que ocorreu com os salários de 2003 a 2008 – antes e depois de a lei entrar em vigor. Além disso, estudaram os salários pagos pelas empresas que não foram obrigadas a cumprir a lei.

As mulheres receberam maiores aumentos salariais nas empresas obrigadas a divulgar informações sobre a remuneração. Os homens que trabalhavam para essas empresas também receberam aumentos, mas menores. O efeito geral foi uma redução de 7% na disparidade salarial entre gêneros, concluíram os pesquisadores.

"Pela primeira vez conseguimos documentar que a transparência salarial realmente funciona", escreveu Morten Bennedsen, professor de economia do Insead, em comunicado.

A discriminação salarial baseada no gênero é ilegal na maioria dos países industrializados, mas as mulheres continuam ganhando menos que os homens, em média.

Na tentativa de reduzir a disparidade, países como Reino Unido e Islândia obrigaram as empresas a divulgar informações a respeito dos salários de suas funcionárias em comparação com as remunerações dos empregados do sexo masculino.

Nos EUA, onde o presidente Donald Trump rescindiu uma regra voltada à transparência salarial da era Obama antes que ela entrasse em vigor, as empresas que passaram a praticar voluntariamente uma transparência maior frequentemente afirmam que encontram e corrigem desigualdades salariais.

Os resultados deste estudo, acrescentou Bennedsen, elevam o nível de exigência para autoridades políticas e líderes corporativos. "A partir daqui, a questão passa a ser se os políticos realmente desejam ou não fazer algo a respeito da diferença salarial entre homens e mulheres", escreveu.