Índia mapeará trabalho doméstico feminino não remunerado
A Índia está tentando melhorar as estatísticas de emprego com pesquisas sobre o uso do tempo para estimar o valor do trabalho não remunerado, especialmente das tarefas domésticas executadas por mulheres.
O governo planeja iniciar um exercício de um ano em janeiro fazendo pesquisas com as famílias a respeito de como gastam seu tempo, disse Debi Prasad Mondal, diretor-geral do Escritório Nacional de Pesquisa por Amostragem, em entrevista, em Nova Déli.
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Os resultados serão divulgados aproximadamente em junho de 2020 e o plano é repetir a pesquisa a cada três anos.
"Poderemos entender quanto tempo é gasto cozinhando e limpando", disse Mondal em 26 de julho. Os resultados dariam às autoridades mais informações a respeito do emprego na economia e sobre como direcionar os programas de assistência social.
Devido à enorme escassez de dados na Índia, que tem o crescimento mais rápido do mundo entre as grandes economias, é difícil ter uma boa leitura da situação de setores importantes, como o mercado de trabalho, o varejo e a habitação.
Cerca de 700 milhões de indianos, mais que o dobro da população dos EUA, estão fora da força de trabalho e a contribuição deles em casa não é registrada na renda nacional.
Mulheres trabalhando
Globalmente, as mulheres trabalham mais que os homens. Elas executam cerca de 75 por cento dos trabalhos não remunerados domésticos e de cuidado de crianças e idosos, que correspondem a 13 por cento do produto interno bruto global.
Se fosse incluída nos orçamentos nacionais, a economia do cuidado não remunerado representaria entre 15 por cento e mais de 50 por cento do produto interno bruto, segundo relatório da Organização das Nações Unidas.
Esse contraste é maior na Índia, onde um grande número de mulheres nunca ingressa na força de trabalho ou deixa o emprego para cuidar de crianças e idosos em casa. As mulheres representam 49 por cento da população de 1,3 bilhão de habitantes e passaram cerca de 352 minutos por dia em trabalhos não remunerados, contra 51,8 minutos no caso dos homens.
O PIB da Índia pode crescer 27 por cento se a participação feminina na economia for elevada ao mesmo nível que a dos homens, segundo pesquisa do Fundo Monetário Internacional (FMI).
O índice de presença de mulheres na força de trabalho está diminuindo apesar de quase 43 por cento delas ganharem mais ou o mesmo que seus cônjuges, mostrou pesquisa econômica do Ministério das Finanças.
"As pesquisas sobre emprego e mão de obra da Índia capturam, em grande parte, o trabalho realizado pelos homens. Muitas mulheres não estão empregadas, por isso não conseguimos muitas informações a respeito delas", disse Mondal.
O detalhamento de como as mulheres gastam seu tempo pode ajudar na elaboração de políticas que facilitem a vida delas e tragam ganhos eleitorais para os governos.
Um exemplo é o programa de Modi para fornecer gás de cozinha na Índia rural para ajudar as mulheres a economizar o tempo gasto na coleta de lenha. A pesquisa sobre o uso do tempo mostrará como as mulheres estão usando esse tempo livre.
Os dados podem ajudar as autoridades a tirar conclusões a respeito dos programas de emprego e assistência social, especialmente para mulheres e crianças, e a gerar estimativas mais confiáveis sobre a força de trabalho e a renda nacional.
A pesquisa pode ser usada para avaliar os motivos de mudanças nas taxas de participação no mercado de trabalho e os efeitos das mudanças políticas no padrão das atividades, segundo o think tank governamental NITI Aayog, em relatório do ano passado.
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