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Os apps 'fantasma' em que adolescentes escondem fotos sexuais

Dezenas de alunos do Colorado, nos EUA, compartilharam fotos nas quais aparecem nus - Thinkstock
Dezenas de alunos do Colorado, nos EUA, compartilharam fotos nas quais aparecem nus Imagem: Thinkstock

Da BBC Mundo

20/11/2015 11h48


Há algumas semanas, na escola secundária de Canon City, no Estado americano do Colorado, foi revelado um escândalo de "sexting" - o envio de mensagens e imagens explícitas pelo celular - que surpreendeu pais de alunos e professores.

Pelo menos cem alunos, alguns de apenas 12 anos de idade, estavam compartilhando centenas de fotografias nas quais apareciam nus.

Estas imagens íntimas, feitas pelos próprios adolescentes e enviadas a amigos, estavam armazenadas em chamados "aplicativos fantasmas"; os adultos demoraram meses para perceber o que estava ocorrendo.

Os "apps fantasma" têm a aparência de aplicativos normais, como um aplicativo de música ou uma calculadora.

Mas, ao digitar uma senha, o usuário ganha acesso a pastas secretas nas quais pode armazenar fotografias e vídeos.

Segundo especialistas, estes apps ganharam popularidade nos últimos anos entre os adolescentes. Eles usam os apps para que seus pais não tenham acesso a conteúdos como imagens explícitas.

Investigação

Autoridades da escola de Canon City explicaram que descobriram entre 300 e 400 fotos de adolescentes nus escondidas neste tipo de aplicativo nos celulares dos alunos.

No centro do escândalo estavam jogadores da equipe de futebol americano do colégio.

De acordo com o jornal "The New York Times", alguns dos estudantes poderão ser processados - é crime possuir ou distribuir pornografia infantil.

Mas, como a maioria dos envolvidos tem menos de 18 anos, as autoridades ainda não sabem exatamente como proceder.

Os estudantes aparentemente faziam uma espécie de jogo com essas imagens, que envolvia um sistema de pontos. Os que conseguiam as fotos dos alunos mais desejados da escola, ganhavam mais pontos.

As autoridades vão investigar se há algum adulto envolvido ou se alguns dos estudantes foram coagidos para compartilhar as fotos.

Calculadoras

Os "apps fantasma" existem no mercado há menos de três anos e muitos deles são gratuitos.

Entre os mais populares estão "Secret Calculator Folder Free" e "Calculator%", que têm a aparência de e até funcionam como uma calculadora.

Com a senha, estes aplicativos abrem os arquivos secretos. Existem alguns apps que até colocam arquivos secretos dentro de outros arquivos secretos, para dificultar ainda mais o acesso.

"Estes apps são o que chamamos de cavalos de troia, porque aparentam ser algo que não são", disse Steven Beaty, especialista em segurança e professor de computação na Universidade Metropolitana de Denver, no Colorado.


Beaty disse à BBC Mundo que "é muito difícil diferenciar estes apps de aplicativos normais".

"Os pais deveriam se concentrar nos aplicativos que os telefones normalmente já têm incluídos, como calculadoras, e procurar aqueles que estão duplicados nos telefones de seus filhos", recomendou.

"Os aplicativos redundantes são os mais suspeitos", acrescentou.

Controle

Beaty acredita que os adultos deveriam controlar os novos aplicativos que os filhos compram ou baixam entrando nas lojas de aplicativos da Apple ou Google e descobrindo quais são as verdadeiras funções destes apps.

Ele também afirma que não adianta conectar o celular a um computador, "já que os arquivos permanecem ocultos."

O especialista em cibersegurança afirmou que existem "ferramentas sofisticadas utilizadas pela polícia para ter acesso ao conteúdo oculto dos telefones, mas não estão disponíveis para o público".

"Os pais precisam explicar aos filhos quais são as ramificações ao utilizar estes aplicativos para armazenar certo tipo de conteúdo e as consequências que terão de enfrentar."

As autoridades do Colorado dizem que o caso da escola de Canon City não é isolado e que os "aplicativos fantasma" são usados por jovens de todos os Estados Unidos.

Um argumento a mais mais para que autoridades alertem pais a aumentar a vigilância das atividades de seus filhos em seus celulares e computadores.