Conheça as diferenças culturais entre a moda no Brasil e em outros países
Ao falarmos de moda brasileira autoral é comum pensarmos em estampas de papagaios e bananeiras. Mas não é bem assim. O que os gringos procuram em um produto daqui vai além dos motivos tropicais. Marcas exportam suas coleções fugindo do clichê, mas cheias de identidade e brasilidade.
Diferenças culturais podem atrapalhar a exportação, principalmente para países com costumes muito distantes dos nossos. Afinal, um vestidinho carioca pode ser considerado ousado demais para culturas em que as mulheres não podem mostrar os braços, por exemplo.
"Nenhuma marca brasileira se enquadra no perfil de todos os países do mundo. Quem consegue ganhar mercado é quem tem criatividade", conta Alba Ferrari, diretora comercial da Facex Trade e consultora de comércio exterior e internacionalização. Por isso, para as roupas viajarem o mundo, adaptações são necessárias.
Não podemos generalizar o perfil de cada mercado, "afinal, em qualquer grande capital mundial se vê de tudo", diz Evilásio Miranda, consultor de internacionalização de moda e gerente de moda e design da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT). Mas existem históricos do que é mais aceito em cada região. Conheça as principais diferenças da moda em outros cantos do mundo e quais alterações as roupas nacionais precisam sofrer para alcançar diferentes territórios:
Principais diferenças da moda pelo mundo
-
Europa
A Europa não costuma comprar tecidos de poliéster. "Eles preferem pagar mais caro para ter uma peça em tecido natural", comenta Alba. Mas se eles gostam de uma peça brasileira, pedem alterações para que o produto se adeque. "Já participei de um showroom com compradores italianos, em que eles adoraram um produto, mas o mudaram completamente. Pediram para substituir o tecido de acrílico por lã natural e pediram que a peça tivesse abertura frontal", destaca Evilásio. Além disso, nossos biquínis são considerados muito pequenos e as calcinhas precisam ter um corte com "bumbum europeu", ou seja, um pouco maior que o brasileiro.
-
Japão
No Japão, a procura é mais por criações diferentes, não pelo tipo de tecido utilizado. Então, diferentemente da Europa, o poliéster é bem aceito por lá. Mas grandes hits da moda brasileira não costumam agradar as japonesas. "Vestidos colados, decotes profundos e recortes que mostram o corpo não vendem bem", explica Alan Nishigasako, diretor do showroom de moda brasileira Bring, localizado em Tóquio, no Japão. "Elas sempre tentam disfarçar o bumbum e evitam tudo que é muito sexy. Atualmente até tentam usar top cropped, mas mostrando só uma pequena parte da barriga".
-
Oriente Médio
O Oriente Médio é uma das regiões que mais pedem alterações ao comprar moda brasileira. Constantemente pedem ampliação de mangas, aumento no comprimento das saias e adaptação de decotes, tudo para cobrir mais o corpo. Por lá, fibras sintéticas têm pouco espaço e os mercados árabes normalmente consomem trabalhos mais elaborados, com tecidos, acabamentos e acessórios rebuscados.
-
Estados Unidos
Para um biquíni entrar nos Estados Unidos ele precisa ser adaptado para o "bumbum americano", que é ainda maior que o europeu. A modelagem brasileira até tem espaço, mas em volume reduzido. Por ser um país muito grande, "diferentes grupos sociais apresentam gostos distintos, mas sempre é o preço que fala mais alto", comenta Evilásio
-
América do Sul
As novelas brasileiras, que são exibidas na Colômbia, Equador e Bolívia, por exemplo, ajudam a alavancar as vendas. "Eles têm costumes muito próximos dos nossos. Também conseguimos entrar no mesmo período de vendas do Brasil, por se tratar do mesmo clima e estação do ano, sem alterações", comenta Alba. Nos países latinos a diversidade é grande, mas "em geral, a mulher latina (com exceção do Chile e da Argentina) tem gosto forte por estampas e modelagens sensuais", completa Evilásio. A moda praia é um dos nichos que ainda precisam de adaptação. Nossos países vizinhos usam o "bumbum americano".
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.