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Ana Canosa

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Pesquisa indica 4 formas de ter mais prazer na penetração vaginal

Colunista de Universa

24/04/2021 04h00

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Que o clitóris é o queridinho do prazer sexual feminino, já sabemos. Ou pelo menos, temos feito um esforço para esclarecer que ele tem muitas terminações nervosas e portanto, é extremamente sensível e excitável, favorecendo o orgasmo feminino. Tirar o foco da penetração na relação sexual, para a compreensão da resposta sexual feminina é uma necessidade, já que a maioria das mulheres atingem o clímax através da estimulação clitoriana.

Mas isso não significa que a penetração seja desprazerosa. A anatomia do clitóris é muito maior internamente do que só o que fica visível na genitália externa feminina. De sua estrutura saem terminações nervosas que se interligam a uma rede neural que se estende por toda a pelve até a medula espinal que, por sua vez se conecta com os centros cerebrais responsáveis pelo sistema de recompensa, excitação e prazer.

O consenso científico atual converge para a ideia de que, orgasmos obtidos através da penetração, são na verdade uma resposta da estimulação dessas terminações nervosas advindas do clitóris, e que cada anatomia feminina é única, resultando em maior ou menor facilidade de obtenção de uma excitação suficiente para dispará-lo. Parece que, quanto mais as terminações nervosas estão na superfície do tecido da parede vaginal, mais chances de uma mulher achar a penetração muito interessante.

Algumas regiões como o introito vaginal e o tal ponto G, que não é uma unanimidade acadêmica, mas que muitas mulheres juram de pé junto que os tem, são pontos que normalmente geram bastante excitação. De qualquer modo, o relato feminino é que algumas posições e práticas sexuais fazem a diferença para obter-se prazer da penetração.

Uma nova investigação norte-americana, divulgada recentemente veio lançar luz ao prazer da penetração sexual para a mulher. Com uma amostra significativa de 3.017 mulheres de 18 a 93 anos, Devon J. Hensel, da Universidade de Indiana, e Christiana von Hippel, líder da incrível plataforma OMGYES que produz material sobre masturbação e sexualidade feminina, conduziram um estudo que iniciou em 2018, cuja pergunta era: "Qual descoberta você fez que realmente tornou a penetração vaginal mais prazerosa para você?".

Após uma série de pesquisas online iniciais e também de entrevistas com mulheres a fim identificar, analisar e relatar padrões estratégias, percepções e técnicas específicas que as entrevistadas consideraram essenciais para aumentar seu prazer sexual na penetração, as autoras focaram a pesquisa em 4 técnicas e deram a cada forma um nome descritivo - Angling (angulação), Rocking (balanço), Shallowing (superfície) e Pairing (emparelhamento).

A angulação da pelve e quadris é uma acomodação corporal importante para 87,5% das mulheres, que relataram que elevam ou abaixam a pélvis ou o quadril durante a penetração, ajustando a região da vagina onde será encaixado o pênis ou algum sex toy tentando "pescar" o melhor ângulo.

Um toque penetrativo superficial com a ponta do dedo, brinquedo sexual, pênis, língua ou lábios, na entrada da vagina, ganhou o segundo lugar, com 83,8% das respostas.

Com 76,4% dos votos, o balanço - que consiste em balançar o pênis ou sex toy de maneira que ele esfregue o clitóris constantemente durante a penetração - ao invés de ficar exclusivamente no movimento para dentro e para fora.

Em quarto lugar (69,7%), está o "pairing" - enquanto a vagina está sendo penetrada, a própria mulher - ou sua parceria - se curva para estimular o clitóris com um dedo ou brinquedo sexual. Conhecemos essa técnica, no Brasil, por orgasmo "combinado".

Trazer luz a experiência da mulher na prática sexual, a partir de estudos robustos, é muito importante para finalmente tirar a sexualidade feminina do limbo e ajustar práticas sexuais para que ambas as parcerias negociem o prazer e tenham satisfação sexual. Ah, e sempre bom lembrar: a pesquisa não associa o prazer necessariamente ao orgasmo.