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Ação antitruste pode levar America Movil a cortar custos trabalhistas

17/03/2017 16h50

CIDADE DO MÉXICO (Reuters) - As medidas antitruste anunciadas na semana passada para dividir a America Mevil e abrir sua rede de telefonia fixa para a concorrência podem ajudar o principal provedor de telecomunicações do México a reduzir os custos trabalhistas, de acordo com um porta-voz do sindicato.

Um sindicato que representa 60 mil trabalhadores na unidade de telefonia fixa da America Movil, conhecida como Telmex, mostrou oposição às regras.

A reorganização criaria uma nova entidade que poderia contratar novos trabalhadores e pagá-los menos do que no contrato existente, disse Eduardo Torres Arroyo, porta-voz do Sindicato dos Operários Telefônicos do México (STRM). O sindicato ameaçou uma greve se as regras não forem alteradas.

"Essa possibilidade existe", disse Arroyo. "Estamos tentando evitar que isso aconteça."

Paula Garcia, porta-voz da América Móvil, se recusou a comentar se os custos trabalhistas da empresa poderiam ser reduzidos ou não como resultado das novas regras.

O regulador mexicano, o Instituto Federal de Telecomunicações (IFT), está buscando aumentar o acesso à rede de telefonia fixa da America Movil, enquanto tenta atrair capital para a expansão da rede, de acordo com Alexander Elbittar, pesquisador da universidade mexicana CIDE especializada em regulação e concorrência.

As regras poderiam acabar beneficiando a América Móvil, em parte liberando-a de algumas de suas obrigações com seus trabalhadores, segundo Elbittar.

A América Móvil, que tem negócios em toda a América Latina, viu as receitas crescerem em cerca de 9 por cento em 2016. As despesas, no entanto, subiram quase 15 por cento.

Francisco Hernandez Juarez, líder do STRM, disse à Reuters que a América Móvil pediu a regra, mesmo com a oposição pública da empresa.

"Esta ordem vem do regulador", escreveu Garcia via e-mail. O IFT se recusou a comentar.

Elbittar disse que é comum um regulador traçar uma regra em consulta com os negócios que afetará.

"Os reguladores não são empresários, e eles não estão cientes de todas as sutilezas", disse ele.

(Por Dan Freed)