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Baterias de brinquedos representam perigo para bebês; veja como protegê-los

Baterias de lítio de números 2032, 2025 e 2016 são as mais perigosas por serem menores - AlexLMX/Getty Images/iStockphoto
Baterias de lítio de números 2032, 2025 e 2016 são as mais perigosas por serem menores Imagem: AlexLMX/Getty Images/iStockphoto

Colaboração para Tilt

16/02/2022 15h17

A morte de um bebê de 1 ano e 5 meses é investigada na Escócia. A suspeita é de que a criança engoliu a bateria de um brinquedo — e o dispositivo se alojou em seu esôfago. Com a tragédia, os pais, Hugh McMahon e Christine McDonald, lançaram uma petição pedindo que as baterias sejam completamente banidas.

O caso reacendeu o alerta sobre os riscos de morte em caso de ingestão acidental. Nunca é demais lembrar que baterias são tóxicas para humanos e para o meio ambiente.

Bebês e crianças podem facilmente confundi-las com com doces. Até idosos podem acabar engolindo por confundirem com medicamentos, principalmente pilhas no formato "botão" (ou "moeda") — discos achatados usados em controles remotos, brinquedos, cartões musicais, balanças e outros eletrônicos usados em casa.

Esse tipo de bateria tem o lítio como componente principal para geração de energia e foi desenvolvido inicialmente para ser usado dentro de marcapassos por serem leves e seguras.

Casos de ingestão acidental de baterias são comuns. Dados da Academia Americana de Pediatria em 2019 mostram que 2.500 crianças engolem esse tipo de bateria a cada ano nos EUA.

Apesar de mortes serem consideradas raras nesses casos, a reação química deflagrada pelas baterias pode prejudicar para sempre cordas vocais e o trato gastrointestinal.

Quais são as mais perigosas?

Das baterias que tem formato redondo, é bom ficar de olho principalmente nas que começam com o número 20 (20 milímetros), pelo tamanho e formato delas, e por serem mais modernas e fortes que modelos antigos. As que concentram o maior número de acidentes graves geralmente são as de numeração 2032, 2025 e 2016.

Foi justamente em baterias dessas numerações que a Duracell decidiu, em 2021, adicionar um revestimento que em contato com a saliva libera um sabor amargo, que certamente vai desencorajar crianças a engolirem a bateria.

Segundo a empresa, leva apenas duas horas após a ingestão da bateria de lítio para que reações químicas danosas aconteçam no organismo.

Como diminuir os riscos

O aumento da quantidade de aparelhos eletrônicos no nosso dia a dia também fez crescer a exposição dos pequenos a esse tipo de bateria. É bom prestar atenção ao adquirir brinquedos que precisam de pilhas para funcionar, principalmente se essa bateria é do tipo botão.

Uma portaria de 2014 do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia) traz uma série de regras que devem ser seguidas pelos fabricantes de brinquedos elétricos.

Algumas delas são:

  • As pilhas e baterias dos brinquedos elétricos não podem acessadas sem o uso de uma ferramenta;
  • A tampa do compartimento da pilha não pode ser aberta sem a execução simultânea de pelo menos dois movimentos independentes;
  • Não pode ser possível carregar baterias quando elas estiverem dentro do brinquedo, a não ser que ela esteja embutida dentro do objeto -- nesse caso, o carregamento deve inutilizar o uso do brinquedo;
  • É preciso vir nas instruções como retirar e colocar as pilhas e as baterias substituíveis, além de outras informações como tipos de pilhas, baterias novas e usadas.

Por isso, antes de adquirir o brinquedo, é essencial observar se ele tem o selo do Inmetro. Mas muitos aparelhos direcionados a adultos, como fones de ouvido, monitores de atividades físicas, balanças e controles remotos, podem vir com estruturas menos seguras para o armazenamento das baterias. É com esses eletrônicos que você precisa ter uma atenção redobrada.

"As crianças apresentam sintomas que não são específicos, os pais não sabem que a bateria foi engolida —isso torna difícil o diagnóstico por parte dos médicos", disse Toby Litovitz, médico toxicologista, diretor e fundador do National Capital Poison Center, em Washington (EUA), ao jornal The New York Times, em uma entrevista sobre a morte de Aidan Truett, de 13 meses, também nos Estados Unidos.

Em um primeiro momento, os médicos pensaram que ele tinha desenvolvido uma infecção das vias respiratórias. O menino não queria comer e vomitava, e os sintomas fizeram os médicos acreditarem ser uma virose. Só depois de nove dias, com o agravamento dos sintomas, foi feito um raio-x na criança e constatada que ele havia engolido a bateria "botão".

*Com texto de Mirthyani Bezerra, publicado em janeiro de 2021.