Topo

'Presença estranha' está bloqueando raios cósmicos no centro da galáxia

No início de 2020 a Nasa divulgou foto do centro da Via Láctea feita pelo telescópio infravermelho Sofia - NASA/SOFIA/ JPL-Caltech/ ESA/ Herschel
No início de 2020 a Nasa divulgou foto do centro da Via Láctea feita pelo telescópio infravermelho Sofia Imagem: NASA/SOFIA/ JPL-Caltech/ ESA/ Herschel

Colaboração para Tilt, em São Paulo

17/11/2021 18h36Atualizada em 18/11/2021 14h19

Uma "presença estranha", ainda não identificada pelos cientistas, no centro da Via Láctea está impedindo que raios cósmicos, partículas cheias de energia que viajam no espaço a velocidades próximas à da Luz, cheguem ao centro da nossa galáxia.

Segundo pesquisadores da Academia Chinesa de Ciências, o bloqueio ocorre na Zona Molecular Central (CMZ), que circunda o centro da Via Láctea. Esse processo pode indicar a presença no local de um grande acelerador de partículas potente o suficiente para "repelir" a chegada dos raios cósmicos vindos do espaço.

O estudo, assinado pelos cientistas Xiaoyuan Huang, Qiang Yuan e Yi-Zhong Fan, foi publicado em um artigo na revista científica Nature Communications.

O poder dos raios cósmicos

Os raios cósmicos são constituídos de prótons e nêutrons, e a sua origem é de fora do sistema solar. Com sua energia, eles atingem a Terra a todo o momento.

Pesquisas científicas apontam que uma das fontes desses raios podem ser os misteriosos buracos negros e/ou supernovas, corpos celestes originados da explosão de uma estrela maciça gerando outras estrelas e planetas.

O fato de algo impedir que eles se movimentem na Via Láctea intriga os pesquisadores exatamente porque eles possuem partículas altamente energéticas e velozes.

Como foi a pesquisa e o que pode ter acontecido?

O estudo dos pesquisadores chineses analisou dados do Telescópio de Grande Área Fermi, operado pela Nasa, a agência espacial dos Estados Unidos.

A Zona Molecular Central da nossa galáxia é conhecida por ser o lar de nuvens moleculares gigantes complexas, um tipo de nuvem interestelar que permite a formação de partículas, geralmente o hidrogênio.

De acordo com o NewsWeek, a CMZ está localizada a 27.000 anos-luz de distância da Terra e é importante para o estudo do nascimento de estrelas. Ela tem massa 60 milhões de vezes maior que a do Sol.

foto 1 - NASA/ SOFIA/ JPL-Caltech/ ESA/ Herschel - NASA/ SOFIA/ JPL-Caltech/ ESA/ Herschel
Em janeiro de 2020 a Nasa divulgou foto do centro da Via Láctea feita pelo telescópio infravermelho Sofia
Imagem: NASA/ SOFIA/ JPL-Caltech/ ESA/ Herschel

Aliada a esses dados científicos, os astrônomos sabem que há um buraco negro supermassivo no meio da Via Láctea, chamado de Sagitário A*, mesmo que nunca tenham sido capazes de vê-lo.

Uma das hipóteses, de acordo com os pesquisadores, é que esse buraco negro esteja de alguma forma desempenhando algum papel no bloqueio dos raios cósmicos na CMZ.

Os campos magnéticos na região associados às nuvens moleculares também podem contribuir com esse bloqueio.

"Vários mecanismos podem impedir a penetração dos raios cósmicos nas nuvens moleculares, como o efeito da compressão do campo magnético", destacou o artigo.

A pesquisa realizada pelos cientistas chineses ainda é limitada, segundo eles. Contudo, investigações profundas poderão ser realizadas a partir dos resultados.

*Com informações dos sites NewsWeek e DailyMail